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Lei Ferrari: como a legislação interfere na compra do seu carro novo

Lei de 1979 define as regras de concessão comercial do mercado automotivo. Veja quais são os direitos e deveres de fabricantes e concessionários

Por Daniel Telles, Henrique Rodriguez Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 mar 2020, 09h13 - Publicado em 31 mar 2020, 07h00
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  • Concessionária Hyundai Caoa
    Velhas parceiras, Hyundai e Caoa entraram num impasse contratual (Caoa/Divulgação)

    Nova ela não é. Publicada em 28 de novembro de 1979, a lei número 6.729, apelidada de Lei Ferrari, tem a função de regulamentar a concessão comercial para o mercado automotivo nacional.

    Na prática, essa lei define como deve ser a relação entre fabricantes e concessionários, e moldou o mercado automotivo brasileiro do jeito que ele é hoje.

    QUATRO RODAS destrinchou a lei para esclarecer os detalhes desta relação.

    Concessionários não pagam para usar a marca

    Quando uma concessionária é estabelecida, recebe o direito de usar a marca que representa, mas também o dever de comercializar os veículos dessa marca, prestar assistência técnica e realizar atendimentos e revisões.

    O contrato entre as duas partes pode, ou não, vedar a comercialização e a representação de veículos de outro fabricante.

    O concessionário também pode escolher se participará de ações de venda promovidas pelo fabricante, como sorteios, planos de financiamento e consórcios, e estar resguardado de interferência do fabricante em sua gestão.

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    Deve haver uma distância mínima entre concessionárias

    Ao fazer a concessão dos produtos, a fabricante deve limitar a área de atuação do concessionário, de modo que não haja duas concessionárias atuando na mesma região.

    Abre-se exceção se ficar comprovada a necessidade de expansão do mercado automotivo naquele local, ou quando há extinção de determinada concessão.

    Contudo, o consumidor é livre para comprar um veículo ou realizar serviços em qualquer concessionário, independentemente de onde more.

    Quantos veículos cada concessionária tem direito de vender?

    A quota de produtos que o concessionário terá direito deve ser ajustada entre as partes obedecendo critérios como capacidade empresarial, desempenho de comercialização e capacidade do mercado da área demarcada.

    O ajuste pode ser anual, em função da rotatividade do estoque. 

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    Fabricantes podem fazer vendas diretas?

    Somente em alguns casos. Para administração pública ou corpo diplomático, a venda pode ser realizada sem passar pela rede de concessionárias.

    Já para clientes especiais, como pessoas com deficiência por exemplo e frotistas, a venda deve passar pela rede de distribuição, que lucrará com a margem de comercialização do produto.

    Ou seja: se o fabricante realiza ou participa de um evento, as vendas ali só poderão ser feitas por concessionários.

    Índice de fidelidade

    O artigo 8º da lei determina que todo concessionário fica obrigado a adquirir pelo menos 75% das compras anuais de componentes diretamente de seus concedentes – a fabricante dos automóveis.

    Entretanto, caso o concedente deixe de fornecer os componentes necessários, o concessionário fica livre para adquirir as peças junto a outros fornecedores, sem afetar o índice de fidelidade.

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    A fabricante, por sua vez, pode exigir que o concessionário mantenha estoque proporcional à rotatividade dos produtos novos.

    Mas o concessionário pode limitar seus estoques de componentes ao valor dos comercializados nos últimos três meses. 

    Todas as concessionárias pagam o mesmo por um carro

    A lei estabelece igualdade do preço de venda de veículos e peças aos concessionários, e também das condições de pagamento.

    Mas cabe ao concessionário definir o preço de venda ao cliente, trabalhando suas margens. E isso não vale apenas para bens e peças, como também para serviços.

    Até 1990, porém, o preço de venda era determinado pelo fabricante, que já considerava a margem do concessionário – e era proibido reduzir essa margem.

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    Prazo do contrato de concessão

    O prazo estabelecido para o contrato pode ser indeterminado ou, então, determinado pelo mínimo de cinco anos.

    A lei ainda diz que, em caso de rescisão ou não renovação do contrato, o concedente deve recomprar todo o estoque e materiais do concessionário.

    Por outro lado, se for o concessionário a rescindir o contrato, este deve arcar com uma multa de 5% sobre o valor de todos os produtos adquiridos nos últimos quatro meses.

    Concessionária pode vender carro para revenda?

    A regra geral é não. Mas há duas exceções. A primeira é para concessionários da mesma rede, desde que seja obedecida a cota de até 15% para caminhões e 10% para demais veículos.

    A segunda exceção é para vendas voltadas ao mercado externo.

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    Por que se chama “lei Ferrari”?

    Não é por causa da fabricante de Maranello. O nome foi dado em reconhecimento ao seu relator, o advogado Renato Ferrari. Seu nome sobrenome não poderia ser mais apropriado…

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