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Grandes Brasileiros: Ford Pampa 4×4

Derivada do Corcel, a Pampa 4x4 enfrentou lamaçais e chão por 11 anos com a bravura de um fora de estrada

Por Felipe Bitu
Atualizado em 12 set 2017, 16h14 - Publicado em 5 fev 2016, 21h33
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  • Ford Pampa 4x4
    Para-choques de aço eram mais robustos que os da versão 4×2 da Pampa (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    Os anos 1980 foram abalados por reflexos das crises energéticas da década anterior. Para conter custos, quase todos os fabricantes enxugaram sua produção, racionalizando-a em poucas plataformas.

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    No Brasil, a Ford tomou o Corcel II como base para criar o luxuoso Del Rey e a Pampa. Apresentada no Salão do Automóvel de 1982, a picape surgiu de um rascunho do engenheiro Luc de Ferran. Em relação ao sedã, teve o entre-eixos alongado para 2,58 metros e a suspensão traseira recebeu molas semielípticas – mudança para suportar o serviço pesado.

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    E com o fim da produção do Jeep, em 1983, a Ford reservou uma surpresa para o ano seguinte: uma Pampa com tração nas quatro rodas. A novidade era ousada: um sistema 4×4 parcial, com acionamento permanente apenas das rodas dianteiras.

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    A tração traseira era acionada pelo motorista, por uma simples caixa de transferência – equipamento que ocupava o lugar destinado às engrenagens da quinta marcha.

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    Para acioná-la, bastava puxar uma alavanca ao lado do câmbio. E não era preciso descer do veículo: as rodas traseiras possuíam rodas livres automáticas, evitando o desgaste e aumento no consumo provocado pelo arrasto dos componentes do sistema.

    Ford Pampa 4x4
    Comando do 4×4 ficava ao lado da alavanca de câmbio (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    Mais pesada, a Pampa 4×4 era razoa­velmente econômica para um utilitário pequeno, mesmo com uma relação final de transmissão mais curta e ausência da quinta marcha.

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    O visual externo era mais agressivo que o da Pampa 4×2: rodas com cubos pronunciados (para acomodar a roda livre), pneus lameiros, grade exclusiva e para-choques reforçados com pontos de ancoragem.

    Motor, câmbio e rolamento do eixo cardã eram protegidos por chapas de aço. Porém, os componentes do sistema reduziram o tanque de combustível de 76 para 62 litros.

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    Ciente do maior consumo (e menor autonomia) da Pampa 4×4 a álcool, a Ford providenciou um tanque auxiliar de 40 litros, posicionado atrás do eixo traseiro: o reservatório suplementar era acionado por uma chave atrás do banco do motorista e seu uso era indicado por uma luz- espiã no painel de instrumentos.

    Mas a Pampa não era perfeita: o 4×4 era limitado a pisos de baixa aderência, em linha reta e abaixo dos 60 km/h, pois não havia diferencial central e as relações dos diferenciais dianteiro e traseiro eram ligeiramente distintos.

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    O motor de 1,6 litro sofria para arrancar em rampas acentuadas com carga máxima (440 kg), exigindo muito da embreagem.

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    Ford Pampa 4x4
    Na lateral, dois bocais de abastecimento (Marco de Bari/Quatro Rodas)

    Mesmo limitado, o 4×4 da Pampa fez sucesso e acabou estendido à perua Belina. Porém, o manual de instruções inadequado do veículo levou os proprietários à má utilização do sistema, que acabou ganhando fama de frágil.

    A fábrica chegou a alterar o livreto para tornar mais clara a correta operação da tração 4×4, mas a perua deixou de ser produzida em 1987.

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    Este exemplar, fabricado em 1989, pertence ao jornalista André “Portuga” Tavares, presidente do Galaxie Clube do Brasil. “Adquiri de um sitiante em São Bernardo do Campo: sempre trabalhou pesado. Na estrada, ela custa a passar dos 130 km/h, mas o ambiente dela é no campo. Bem longe do asfalto”, diz.

    Em 1992 a Pampa 4×4 recebeu o sobrenome Jeep: foi a forma encontrada pela Ford para brigar pelo uso da marca, já que as primeiras Grand Cherokee começaram a ser importadas dos Estados Unidos.

    O imbróglio terminou em acordo judicial, mas a última Pampa 4×4 deixou a linha de produção em 1995. E não teve sucessora, pois a tração 4×4 tornou-se exclusiva da picape F-1000.

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    Teste QUATRO RODAS – janeiro de 1984

    Aceleração de 0 a 100 km/h: 20,7 s
    Velocidade máxima: 135,97 km/h
    Consumo (gasolina): 8,95 km/l (cidade) / 12,84 km/l (estrada)
    Preço (janeiro de 1984): Cr$ 8.193.351
    Preço (atualizado INPC-IBGE): R$ 81.114

    Ficha Técnica – Pampa 4×4 1989

    Motor: longitudinal, 4 cilindros em linha, 1 555 cm3, 8V, comando de válvulas simples no bloco, carburador de corpo duplo; 62,7 cv a 5 200 rpm; 10,3 mkgf a 2 800 rpm
    Câmbio: manual de 4 marchas, tração dianteira (4×2) e traseira auxiliar (4×4)
    Dimensões: compr., 442 cm; largura, 167 cm; altura, 141 cm; entre-eixos, 258 cm; peso, 1 104 kg
    Pneus: 175 SR13
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