Festa bolonhesa
Cinquentenário da Lamborghini agita a agenda da região onde nasceu a marca que ousou desafiar a Ferrari
“Um século de inovação na metade do tempo”. É assim que a Lamborghini celebra seu cinquentenário, que está sendo comemorado em diversos eventos pelo mundo. O principal deles é um encontro e uma carreata em ritmo acelerado de seus clássicos de todas as épocas, ao longo de uma extensão de 1200 km por estradas italianas. Além disso, um total de 150 restaurantes da cidade de Bolonha oferecem menu especial comemorativo este fim de semana. Mais de 300 exemplares de carros da marca são aguardados.
O aniversário resgata o tempero italiano da origem da marca – e a mais conhecida história é aquela em que Ferruccio Lamborghini, já um bem-sucedido empresário fabricante de tratores, levou sua 250 GT até as instalações da Ferrari em Modena, frustrado com um problema na embreagem do carro. Enzo Ferrari teria dispensado o empresário, sem tempo para um mero fabricante de tratores. Lamborghini teria concluído que não havia nada que a Ferrari fizesse que ele não conseguiria fazer melhor. Exagero ou não, nasci ali a faísca que enriqueceu e muito o mundo dos superesportivos com a Automobili Ferruccio Lamborghini.
Mais que uma desforra, o empresário já buscava novos negócios e a idéia de produzir carros esportivos exclusivos veio a calhar. Num terreno em Sant’Agata Bolognese, a 25 km de Bolonha. A nova companhia nasceu em maio de 1963. O primeiro modelo da marca foi batizado de 350 GT, equipado com um V12 projetado por Giotto Bizzarrini, autor de propulsores da Ferrari. Em seguida veio uma atualização do projeto, o 400 GT. Poucas centenas foram produzidas, como condiz a um mercado de automoveis tão exclusivos, mas já no seu terceiro projeto a Lamborghini tratou de marcar um claro território na inovação com o Miura, de 1966.
O nome inaugurava a tradição de batizar os carros da marca com nomes de touros. Ferruccio Lamborghini era um taurino e um touro também aparece no emblema da marca até hoje. O Miura adotava uma inédita arquitetura de motor central-traseiro transversal com tração traseira, quando a tradição eram motor dianteiro e tração traseira, e suas formas curvas, suaves e sensuais fizeram dele um clássico. Ainda nos anos 60 surgiram o Espada, com quatro lugares, e o moderno e discreto Islero, de três volumes, ambos de 1968.
Diversificação em meio à crise – Em 1970, com o Urraco, a Lamborghini estreou no mercado de superesportivos de motor V8. Por sua vez, o Jarama aposentou o Islero. Em 1973 foi apresentado outro grande ícone da marca, o futurista Countach, que substituía o Miura e atingia 315 km/h. Com uma crise financeira de global, seguida pela crise do petróleo, a companhia deixou de fazer sentido para seu fundador, que se desfez dela em 1974.
Nesse período conturbado nasceu o Silhouette, sucessor do Urraco que seria rebatizado de Jalpa em 1981. Numa década de poucas novidades, a mais estranha foi o lançamento do utilitário LM002, um jipe de três volumes, quatro portas e motor V12 do Countach, no ano seguinte. Depois de mudar de comando duas vezes, a Lamborghini passou para as mãos da americana Chrysler em 1987. Foi sob essa direção, que duraria sete anos, que surgiu o carro responsável por resgatar a imagem e o vigor da marca, o Diablo, de 1990. O Countach podia finalmente se aposentar.
Antes de se juntar ao leque de marcas do Grupo Volkswagen em 1998, o que lhe deu saudável respaldo financeiro e técnico, a Lamborghini já experimentava avanços de engenharia, como tração integral e suspensão regulável, além da versão de teto aberto do Diablo. Este deu lugar ao Murcielago de 2001 e depois dele vieram o Reventón de 2007 e o Aventador de 2011, que seguem a mesma receita de sucesso e constante aprimoramento tecnológico.
O último grande acréscimo da família Lamborghini foi o Gallardo em 2003, modelo menor. Diferente da receita do Urraco e seus substitutos, o motor era um V10, configuração inusitada celebrizada antes pelo Dodge Viper americano, mas com instalação central traseira. A Lamborghini chega aos 50 anos com representação oficial no Brasil desde 2009, na charmosa Rua Colômbia, espécie de vitrine a céu aberto de carros de alto padrão que liga a Avenida Europa à Rua Augusta.
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