As placas de carros são quase tão antigas quanto o próprio automóvel. O primeiro registro de controle dos veículos é da França, em 1893. No entanto, até hoje não há uma padronização entre os países, que contam com diferentes legislações locais ou regionais.
Isso provoca uma série de situações inusitadas, como motorista tomando multa por conta de um erro no computador ou placas proibidas. A seguir elencamos algumas dessas curiosidades sobre placas mundo afora:
De papel
Alguns países, como Argentina e Canadá, permitem o uso de placas temporárias. Elas podem até ser impressas em papel e servem, principalmente, para identificar um veículo novo que ainda não foi emplacado.
Só na traseira
Em 19 estados dos EUA não é obrigatório colocar uma placa na frente do carro. Alguns consumidores defendem essa característica, alegando que a licença frontal atrapalha o design do veículo.
Em contrapartida, nesses mesmos lugares é proibido estacionar de ré em locais públicos com vagas perpendiculares, pois isso dificulta a leitura (muitas vezes automática) das placas pelas autoridades policiais.
Quem não tem placa na dianteira, ao entrar em um estado que requer ambas, é obrigado a carrega-la e instalar antes de cruzar a fronteira. Ou seja, há multa para quem esquece, além da bronca dos state troopers.
Escondida
Os Estados Unidos também permitem o uso de placas promocionais em comerciais publicitários. Apesar de conter letras e números como outras licenças convencionais, essas placas são pintadas na cor da carroceria para desaparecer nas imagens oficiais.
Proibidonas
Em diversos países algumas sequências ou letras específicas são proibidas, na maioria das vezes por questões culturais. No Brasil, por exemplo, a placa GAY-2424 está proibida. Outras séries (sequências númericas) com as letras GAY, no entanto, são usadas.
Sem placa
Muitos países permitem aos seus cidadãos escolher uma placa em especial, desde que respeitando as leis locais. Em 1979 o americano Robert Barbour preencheu os documentos para solicitar uma sequência específica.
Ele deveria indicar três opções (caso as primeiras já estivessem em uso), então colocou SAILING e BOATING, por ser um entusiasta de barcos. Como Barbour não tinha uma terceira opção, colocou NO PLATE (sem placa, em inglês) no último campo, pois, caso as duas primeiras alternativas já estivessem em uso, ele aceitaria qualquer sequência aleatória.
O problema é que o órgão de trânsito local atendeu o pedido literalmente: como as primeiras opções, de fato, já eram usadas, deram ao homem a placa NO PLATE. O problema é que, sempre que um policial ou radar autuasse um carro que estivesse sem placa ou com caracteres ilegíveis, era colocada a informação “sem placa” no campo destinado aos números e letras. Resultado: em poucos meses Robert recebeu mais de 2.500 multas!
O governo pediu para que Barbour trocasse a placa de seu carro, mas ele se recusou. Em vez disso, passou a recorrer de todas as multas, individualmente. Em determinado momento o Estado se cansou da burocracia que ele próprio causou e instruiu os agentes a escrever NONE (nada) nas autuações de carros sem placa. A sequência N-O-N-E, naturalmente, foi proibida de ser usada por lá.
Tudo igual
No Brasil há diferentes tipos de placas, e algumas vezes elas podem mudar de cor. Isso ocorre quando um táxi deixa de ser usado ou um carro de coleção ganha o direito de usar a placa preta.
Nestes casos o veículo é emplacado novamente, mas a sequência de letras e números não sofre alteração.
Copiado
No Brasil cada placa é vinculada a um único carro por toda sua vida, e a sequência não é mais utilizada mesmo se o veículo em questão for destruído.
A lei só permite mudanças na sequência da placa em duas situações: por ordem judicial ou quando o carro é clonado.
Na frequência
Nos Estados Unidos é possível a radioamadores colocarem seus indicativos de chamada (código único de identificação) na placa de seus carros.
Além de permitir aos entusiastas que se encontrem e conversem entre si, isso facilita a comunicação de serviços de emergência em tragédias: bombeiros e policiais localizam rapidamente radioamadores e podem solicitar sua ajuda para divulgar informações importantes em uma determinada região.
Sem escapatória
Outros países, como China e Índia, exigem que motos e triciclos também usem placas frontais. Apesar de já ter sido usada a prática solução de posicionar a licença no sentido longitudinal e sobre o para-lama dianteiro, nesses países a placa é colocada transversalmente, geralmente abaixo dos faróis.
Além de atrapalhar a aerodinâmica, isso pode atrapalhar o motociclista em lugares estreitos, pois em motos menores não é raro que a placa fique mais larga do que o próprio veículo.
Chapéu de burro
No estado de Ohio, nos Estados Unidos, motoristas flagrados dirigindo embriagados possuem direito de conduzir um carro restringido. Além disso, eles obrigatoriamente devem colocar uma placa especial em seu veículo, para revelar o passado de seu condutor a outros motoristas.
L de amor
Na Inglaterra motoristas recém-habilitados devem carregar a letra L, de learning (aprendendo, em inglês), junto à placa traseira de seus carros. O príncipe William usou essa placa no carro em que conduziu a princesa Katie após o casamento real, mas com a intenção de fazer uma referência ao amor – ou Love, em inglês.
Só tem esperto
Táticas para burlar radares e policiais são usadas nas placas de diversos países. Uma das mais ousadas é a colocação de uma moldura em torno da licença com uma cortina elétrica, que é acionada sempre que o carro for passar por um radar, por exemplo.
Outra tática, dessa vez europeia, é pintar ou modificar os parafusos de fixação da placa para dificultar a leitura ou modificar o formato de um determinado caractere.
Amarelou
No Reino Unido as placas traseiras são obrigatoriamente amarelas com letras pretas, enquanto as dianteiras usam fundo branco.
O objetivo é reduzir o ofuscamento de motoristas à noite (o amarelo reflete menos a luz dos faróis) e facilitar a leitura da sequência em situações de baixa luminosidade.
Primeirão
Em 1990 o Brasil adicionou mais um caractere à sequência de duas letras e quatro números usada até então. A mudança foi gradual e, até então, cada estado possuía um intervalo específico de séries para serem utilizadas. A primeira delas, AAA, foi destinada ao Paraná, que leiloou a primeira placa. O destino atual do Ford Escort 1.8 XR3 1990 que ganhou a AAA-0001, no entanto, é incerto.
Roubado
É comum que agências publicitárias, produtoras e fabricantes usem placas falsas em comerciais. Geralmente o objetivo é fazer uma referência à marca ou modelo (como os HAB da Honda ou PEU da Peugeot).
Mas, em 2014, um comercial da Volkswagen usou uma Amarok com a placa AMA-1234. A licença em questão era de um Fiat Uno 1991 que havia sido roubado.
A descoberta aconteceu por conta do aplicativo do Sinesp (Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública), acessível a qualquer pessoa. Detalhe: o Uno consta como roubado até hoje.
Duas placas verdes
Leitor de QUATRO RODAS já deve ter reparado que a maioria dos carros flagrados em teste ostentam placas verdes. Não é coincidência: só fabricantes e oficinas podem usar essa licença. As placas verdes, à exceção, estão atreladas a uma pessoa ou empresa, não ao veículo.
O motivo, no caso das montadoras, é identificar um modelo que ainda está em desenvolvimento e não foi homologado (o que impede seu emplacamento convencional).
Já as oficinas usam o recurso para testar automóveis de clientes, colocando sua própria placa verde sobre a cinza do modelo. Em ambos os casos isso permite que qualquer multa vá direto para o “dono” da placa, e não do carro. Pelo mesmo motivo, não é obrigatório que ela seja lacrada no veículo.
Quebrando as leis
Antigamente as placas azuis também eram usadas no Brasil pelas fábricas de carro, mas agora são exclusivas de órgãos governamentais, brasileiros e internacionais.
Além de identificar a propriedade do veículo (que pode ser de um consulado ou embaixada, por exempl0), essa placa isenta o veículo das obrigatoriedades locais. A representação da Alemanha, por exemplo, pode importar um Mercedes Classe E 2014 a diesel para o Brasil sem qualquer impedimento.
No entanto, o veículo precisa estar identificado e usado exclusivamente por funcionários da embaixada ou consulado.
Para os entusiastas isso abre uma brecha para carros raros, pois após um período mínimo legal (que varia, mas geralmente é de dois anos) os veículos podem ser vendidos para pessoas comuns e receber a placa cinza convencional.
Emprego sem salário
Nos Estados Unidos (entre outros países) algumas prisões têm uma fábrica de placas dentro de suas instalações. Nelas, prisioneiros ajudam na produção das licenças em troca da redução de suas penas.
Por isso, em algumas regiões, “fazer placas” é sinônimo de ir para o xilindró.
Proibido escolher
O padrão da Alemanha começa por duas ou três letras representando a cidade (ex: WOB é a abreviatura de Wolfsburg, M é de Munique e IN é de Ingolstadt). As demais letras e numerais costumam ser escolhidas pelo condutor, mas algumas siglas não são permitidas. São os casos de SS (que identificava os altos dirigentes do partido nazista) e KZ (abreviação de “campo de concentração” no idioma alemão).
Sai, zica!
A Irlanda segue o padrão da União Europeia, porém com algumas diferenças. Os dois primeiros números se referem ao ano de emplacamento e as letras seguintes (que podem ser uma ou duas) identificam o município em que o veículo está registrado.
Por fim, a sequência de um a seis dígitos segue a ordem de registro realizada naquele munícipio.
A superstição, no entanto, interferiu de forma curiosa em 2013. Naquele ano, os órgãos de fiscalização do trânsito substituíram o número “13” por “131” apenas para evitar a associação com o número tido por muitos como sinônimo de azar.
Super carro?
Fãs de super-heróis puderam dar um toque especial em seus carros na Austrália. Uma campanha promocional realizada em 2011 permitia personalizar placas com imagens de cinco personagens do mundo dos quadrinhos: Batman, Mulher-Maravilha, Supergirl, The Flash ou Lanterna Verde.
Bastava desembolsar aproximadamente US$ 200 e sair desfilando por aí.
Exclusividade
Alguns milionários não medem esforços para se destacarem na multidão. No ano passado, Balwinder Sahani, um indiano residente em Dubai desembolsou 8 milhões de euros para adquirir uma placa contendo apenas o numeral 5.
Feliz, o empresário disse que colocaria seu novo “mimo” em um de seus Rolls-Royce.