A edição 2022 do Rally dos Sertões envolve importantes efemérides como a comemoração de 30 anos do Rally dos Sertões e dos 200 anos da independência do Brasil. E pra comemorar as datas tornou-se o maior Rally do mundo.
Tradicionalmente o Sertões tem 8 dias, mas a edição de 30 anos terá quase o dobro para cruzar o país. Serão 15 dias passando por 5 regiões do Brasil, 8 estados e parando em 14 cidades. No total, serão incríveis 7.202 km.
Clima de festa antes da largada
Em Foz do Iguaçu, cidade escolhida para a largada do Rally, foi montado um espaço batizado de Vila Sertões, onde todas as equipes se concentram nos dias que antecedem a largada, que ocorre neste sábado (27).
Em uma área de 60.000 m² e aberta ao público, o Vila Sertões abriga mais de 300 competidores de todas as categorias, nas quais disputam 40 carros, 83 UTVs, 58 motos e um quadriciclo.
Ao visitar o complexo o clima é de festa e enquanto algumas equipes estão concentradas com diversos mecânicos dando os últimos retoques nos veículos, outros participantes estão acampados com direito a churrasco e cerveja gelada.
É natural ver os competidores se encontrando entre os trailers, caminhões e tendas, se abraçando e comemorando o fato de estarem competindo juntos.
Porém, a rivalidade não vai ficar de fora desta edição, principalmente por ser histórica.
Os favoritos entre os carros
E a maior disputa estará entre os maiores campeões do Sertões. A dupla mais longeva do Rally, Christian Baumgart e Beco Andreotti, tem 22 anos de Rally e são tetra campeões dos Sertões, incluindo a disputa do ano passado. E a bordo da picape Toyota Hilux V8 IMA T1 FIA estão entre os favoritos pra vencerem na categoria carros.
O irmão de Christian, Marcos Baumgart, também briga pelo título com o navegador Kléber Cincea, por também já ter vencido o Rally em 2020 e encarar os mais de 7.000 km com a mesma Hilux que o irmão e desfrutar da estrutura da equipe X Rally, uma das maiores dos Sertões.
Mas, Lucas Moraes e Kaíque Bentivoglio (MEM Motorsport) também estão dispostos a voltar ao alto do pódio após vencerem em 2019, e vão encarar o desafio com uma Toyota Hilux V6 Overdrive, modelo que venceu o Paris- Dakar em 2021.
“O carro exige uma tocada diferente, tivemos a chance de conhecê-lo na Baja Aragón da Espanha. Sem dúvida nós estamos em ótima condição para brigar pela vitória. Estou me preparando há seis meses para o Sertões. Tem muita gente rápida, pelo menos umas sete, oito duplas para vencer as especiais e brigar pela geral”, afirma Moraes.
Outro que é forte candidato a um lugar no pódio final é o Buggy Century CR6 de Marcelo Gastaldi e Cadu Sachs. O piloto disputou as duas últimas edições do Dakar com ele e, no Sertões 2021, depois de enfrentar problemas no início, mostrou o potencial do protótipo desenvolvido na África do Sul e equipado com motor Chevrolet V8.
O maior grid de UTVs da história
Ao todo, 83 UTVs estão inscritos para encarar a maratona. E essa quantidade pode ser sinônimo de qualidade, afinal entre os participantes há nomes que já conquistaram o título do Sertões na modalidade, além de campeões e vencedores de etapas do Dakar e destaques em outras provas internacionais.
A começar pelo atual bicampeão, Deninho Casarini (Can-Am Factory/One UTV Rally Team), que busca a terceira conquista para se igualar a Bruno Sperancini, melhor em 2012, 2015 e 2016.
Vice em 2020, Rodrigo Luppi (Can-Am/Luppi Racing) mostrou, no último Dakar, estar no ritmo dos melhores do mundo.
E não há como pensar nos UTV sem citar a experiência de Reinaldo Varela (Can-Am/Monster Energy Varela), que pode fazer toda a diferença em uma prova longa (14 etapas e o prólogo) em que a gestão dia a dia e a estratégia serão fundamentais. Além do patriarca, que já foi campeão nos carros (2015), os filhos Rodrigo e Bruno (campeão mais jovem nos UTVs em 2017) defendem a ‘Família da Poeira’ no Sertões BRB 30 anos.
Cristiano Batista (Can-Am/Transmáquinas Racing) chega com motivação redobrada. Ele lidera o Brasileiro de Rally Cross-Country com vitórias no Minas Brasil e no Jalapão. Conquistou também a Baja Itália, válida pelo Mundial FIA de Rally Baja, além de ter ido ao pódio na Baja Aragón (Espanha). O piloto de Patos de Minas foi o melhor entre os quadriciclos na edição 2010, e agora quer o título nos UTVs. Assim como seu filho e companheiro de equipe Otávio Leite.
Quem mede forças pelo terceiro ano consecutivo com os melhores da modalidade é Nelsinho Piquet (Can-Am/R.Mattheis). O piloto da Stock Car, com passagem pela F-1, mostrou que sabe andar forte também na terra.
As mulheres marcam presença dispostas a fazer bonito. Helena Deyama (Can-Am/Rally Brasil) encara pela 18ª vez o Sertões como embaixadora do projeto MUSA (Mulheres Unidas Sertões Adentro), que busca atrair novas competidoras para as provas cross-country.
Multiatleta, Pâmela Bozzano (Can-Am/Cotton Racing) vem de vitórias de etapa no South American Rally Race (SARR), na Argentina. E Melissa Matsunaga (Can-Am/Açaí Racing) faz sua estreia a partir do Sertões Norte.