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Clássicos: VW Kombi foi o carro mais versátil do Brasil por 56 anos

Na ativa e com todo o gás, ela já fez de quase tudo na vida e é testemunha da história da indústria automobilística do Brasil

Por Sergio Berezovsky
Atualizado em 1 nov 2020, 13h19 - Publicado em 1 nov 2020, 09h00
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

Publicado originalmente em fevereiro de 2004

A Kombi foi um dos primeiros nacionais. Até sair de linha de forma compulsória (porque ainda tinha seu público cativo, hoje quase órfão), em 2013, aos 56 anos, foram fabricadas 1.557.984 unidades da perua VW, como era chamada.

Por mais otimista que fosse, quem poderia prever uma vida tão longa a essa tataravó das minivans? Decerto não estaria na beleza de suas linhas a explicação para tamanha longevidade. Tampouco na estabilidade, prejudicada pela elevada altura do veículo, com o consequente centro de gravidade próximo do Himalaia. Segurança? Conforto?

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Não é preciso ir tão longe. A resposta está logo ali, na esquina. Quem precisa transportar até 1 tonelada de carga sabe: em mais de meio século não inventaram nada com uma relação custo/benefício tão ou mais interessante que o da perua da VW, que justamente nasceu da necessidade de transporte barato na Alemanha do pós-guerra.

(Marco de Bari/Quatro Rodas)

Seu conceito não poderia ser mais funcional: uma caixa sobre rodas, com prioridade total para o espaço livre. Até o estepe foi encaixado no encosto do banco dianteiro para não roubar espaço.

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Com toda essa vocação para o trabalho, contudo, nem seus criadores poderiam prever tamanho ecletismo. Quem diria que a Kombi fritaria pastel na feira com a mesma dignidade com que abrigava gabinetes médicos e odontológicos móveis?

(Marco de Bari/Quatro Rodas)

(Marco de Bari/Quatro Rodas)

Até como casa ela já atuou: a Kombi-Turismo, algo mais para uma barraca de camping motorizada que propriamente um motor home, foi lançada aqui em 1960, numa fase em que a rede hoteleira nacional estava mais para ritmo de aventura. Não pegou, claro.

Mas nem sempre a Kombi teve perfil exclusivamente utilitário. No final dos anos 50 e começo dos 60, a escassez de opções fazia dela uma alternativa para o carro da família. Que o digam as mais numerosas, que tiravam partido de seus nove lugares e exibiam orgulhosas o modelo luxo, pintado em duas cores.

(Marco de Bari/Quatro Rodas)

Essa versatilidade também justifica o fato de a Kombi ser tão dura de matar. Suas vendas, estabilizadas num nível de fazer corar modelos novos, impedem a fábrica de desativar a linha de montagem que desafia padrões de produtividade distantes dos ideais.

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A Kombi foi o primeiro veículo a sair da fábrica da VW, inaugurada em 1953. Era apenas montada aqui, vinda em sistema CKD da Alemanha. Somente em 1957 ela deixou de ser naturalizada e ganhou certidão brasileira.

Com motor de 1.192 cm3 e 36 cavalos, refrigerado a ar – o célebre 1200 –, podia levar até 810 quilos de carga. Somados aos 1040 de seu próprio peso, obrigavam a primeira, do câmbio de quatro marchas, a fazer hora extra quando com carga total.

(Marco de Bari/Quatro Rodas)

Nas fotos, você vê um belo e raro exemplar 1959, igual à Kombi pioneira. Seu proprietário é Francisco Varca Júnior, um volksmaníaco que só tem elogios à posição de dirigir do utilitário. “Ela obriga o motorista a dirigir na posição correta”, diz. Pode ser, especialmente para quem não se incomoda com a posição horizontal da direção.

Já o teste publicado na revista QUATRO RODAS de janeiro de 1963 não é tão complacente e classifica como sui generis a posição do motorista, que viaja sentado sobre o eixo dianteiro. Mas o texto não poupa elogios à funcionalidade do carro.

Alguns detalhes, como o trinco da porta dupla lateral – que exigia precisão de segredo de cofre para ser fechada – e a ventilação, com tomada de ar frontal sobre o para-brisa e saída no teto da cabine, não agradaram: essa solução deixava água entrar junto com o ar, um problema nos dias de chuva.

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(Marco de Bari/Quatro Rodas)

A reportagem registra os seguintes números de desempenho: 93 km/h de máxima e de 0 a 80 km/h levou 28 segundos. Essas marcas só foram melhorar com a adoção do motor 1500, com 52 cavalos, em 1967: 109 km/h de máxima e 0 a 80 em 21 segundos.

Com manutenção simples e barata, as Kombi não se aposentavam cedo e deixavam exposta uma falha de projeto: a convivência quase promíscua de mangueira e filtro de combustível com o distribuidor não raro provocava um incêndio, em caso de vazamento de gasolina ou mesmo de vapor.

De cara nova, com painel mais completo de três instrumentos e motor 1600, o mesmo do VW Brasilia, ela apareceu no final de 1975. A plástica não chegou a contemplar a Kombi com a sonhada porta corrediça, tal como no modelo Clipper alemão, por questões de custo. A solução só seria adotada no modelo 1997, versão que permanece atual.

VW Kombi – Teste de janeiro de 1963

Aceleração 0 a 80 km/h – 27,8 s
Velocidade máxima – 93 km/h
Frenagem 80 km/h a 0 – 43,5 m
Consumo – 8,4 km/l (média)

Preço

Janeiro de 1963 – Cr$ 1.295.000
Atualizado – R$ 76 700 (IGP-DI/FGV)
0 km – R$ 50 930

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Ficha técnica

Motor: traseiro, 4 cilindros contrapostos, 1.192 cm3 Diâmetro e curso: 77 x 64 mm Taxa de compressão: 6,6:1 Potência: 36 cv a 3.700 rpm Torque: 7,7 mkgf a 2.000 rpm
Câmbio: manual de 4 marchas
Dimensões: comprimento, 428 cm; largura, 175 cm; altura, 194 cm; entre-eixos, 240 cm; peso, 1.040 kg

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(Arte/Quatro Rodas)
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