Depois de desbravar mercados estrangeiros com o PV444/544 e o P120 Amazon, em meados dos anos 60 a Volvo estava sem um carro moderno de grande volume de vendas. Era hora de apresentar um novo modelo médio, segmento que o Amazon indicara como promissor.
Era preciso manter as qualidades de durabilidade, segurança e apelo familiar, mas com estilo contemporâneo. Em agosto de 1966, a tarefa foi cumprida, com a chegada do Volvo 144. Mais uma vez, a segurança era destaque.
O sedã de traços retos e elegantes trazia freios a disco nas quatro rodas, mas sua maior inovação eram os dois circuitos separados triangularmente, que permitiam que três rodas sempre fossem acionadas na frenagem, mesmo que um deles falhasse. Válvulas duplas aliviavam a pressão para evitar que as rodas travassem em freadas de emergência.
Além disso, era equipado com coluna de direção e volante retráteis em caso de acidente, zonas de deformação na frente e na traseira da carroceria, estrutura monobloco e reforços estruturais. O motor B18 de quatro cilindros era oferecido em duas versões, com 85 ou 115 cv. O câmbio de quatro velocidades era herança do Amazon.
Mesmo ano em que a Volvo lançou a cadeirinha infantil voltada para trás e cintos de segurança traseiros, 1967 marcou a chegada do sedã de duas portas 142S e da perua 145. O primeiro algarismo designava a série; o segundo, o número de cilindros; e o terceiro, o de portas. Em 1968, ganhou o motor B20 2.0 e se tornou líder de vendas na Suécia.
O Volvo 144 1970 das fotos pertence, desde 1982, a Denir Renato Marra, comerciário paulista. O ex-dono o trouxera de Portugal em 1974. O interior é espaçoso e com visibilidade de mirante. O motorista enxerga o capô inteiro graças à regulagem de altura de banco. O câmbio manual tem alavanca no chão alta, com engates macios. No porta-malas há espaço para dois estepes, um de cada lado, e muita bagagem.
O motor conta com dois carburadores simples SU HS6 ingleses que rendem bom torque desde as rotações mais baixas. “A resposta é progressiva, você sente abrir o segundo estágio da carburação”, diz o dono. Além disso, há um coletor de duplo estágio, com uma borboleta de admissão de ar para cada um dos carburadores, que só abre a partir de 2.500 rpm.
Com silenciador primário e secundário, o escapamento produz um som suave. “Nunca vi um carro ter tanta borracha”, afirma Marra sobre a maciez da suspensão, que absorve bem as irregularidades do piso, e sobre o isolamento acústico proporcionado por isso.
Parachoques maiores viriam em 1974, ano em que a série 140 foi aprimorada, e na linha 1975 foi rebatizada de 240, que duraria até 1993. No total, 1.251.371 unidades da série 140 haviam sido produzidas.
Perante concorrentes como o Ford Taunus, o Opel Rekord e até as versões mais básicas do Mercedes Série 200, ele sempre se destacou pela tradicional ênfase da marca na segurança. Por isso e pelo tamanho médio, proposta familiar e desenho reto, a série 140 permanece como o parâmetro do que até hoje muito gente considera o típico Volvo.
Motorzão
Com motor 3.0 de seis cilindros de 135 a 175 cv, o Volvo 164 (acima) tinha desenho diferente na frente, com capô mais longo para acomodar o motor maior. Com acabamento superior, vinha com direção hidráulica e câmbio automático. Foi produzido de 1968 a 1975.
Ficha técnica – Volvo 144 1966
- Motor: 4 cilindros em linha, 1,8 litro
- Potência: 85 cv a 5 000 rpm; 115 cv a 6 000 rpm
- Câmbio: manual de 4 velocidades
- Dimensões: comprimento, 465 cm; largura, 173 cm; altura, 145 cm; entreeixos, 259 cm; peso, 1 240 kg
- Carroceria: sedã de 4 portas
- Velocidade máxima: 155 ou 170 km/h