Não é fácil descrever o impacto que o Chevrolet 1955 causou ao chegar ao mercado. Era a primeira vez que um automóvel produzido para as massas trazia uma combinação tão marcante de estilo e desempenho.
A receita de sucesso da GM só seria superada dois anos depois, quando Henry Ford II retomou a liderança do mercado com o Ford 1957.
Maior, mais largo e baixo, o novo Ford era um meio-termo entre o conservador Chevrolet e o ousado Plymouth de Virgil Exner.
A sofisticada versão Fairlane 500 trazia chassi com entre-eixos alongado para 2,99 metros e carroceria de duas ou quatro portas, com ou sem coluna central, além dos conversíveis Sunliner (com capota de lona) e Skyliner (com capota rígida).
Ideia do designer Gilbert Spear, a capota retrátil do Skyliner foi desenvolvida por William Clay Ford para o Continental Mark II, cupê de luxo que, em 1956, cativou celebridades como Frank Sinatra e Elvis Presley.
O irmão caçula de Henry II aplicou o conceito ao Ford 1957 após ser alertado pelo vice-presidente Ernest Breech de que o retorno do investimento não seria viável com a baixa escala de produção do Continental.
A execução do projeto ficou a cargo de Ben Smith, engenheiro egresso da General Motors.
O complexo mecanismo tinha acionamento totalmente elétrico composto por motores, relês, limitadores, solenoides e um chicote com 185 metros de fios.
A capota precisou ser articulada em duas partes para ser acomodada no terceiro volume da carroceria. A parte traseira do Fairlane 500 precisou ser completamente reconfigurada.
O tanque de combustível foi posicionado atrás do banco traseiro e o estepe foi acondicionado no assoalho.
O chassi foi reforçado e os para-lamas alongados. Ao final, o Skyliner media 5,35 metros e era cerca de 175 kg mais pesado que o Sunliner, totalizando 1.870 kg.
Para deslocar essa massa havia o motor V8 de bloco Y, em três cilindradas: 4,6 litros (190 cv), 4,8 litros (212 cv) e 5,1 litros (245 cv e 270 cv).
Este último chegava a 300 cv quando sobrealimentado pelo compressor mecânico McCulloch, ocasião em que era denominado Thunderbird Supercharged.
Automática ou manual, a transmissão era sempre de três velocidades, com opção de sobremarcha (overdrive) para segunda.
Utilizado pela primeira vez no Ford Crestline 1954, o nome Skyliner foi empregado até 1956 para indicar uma carroceria hardtop e meio teto transparente de acrílico, logo acima do banco dianteiro.
A capota retrátil por sua vez não era uma ideia nova: ela havia sido aplicada 20 anos antes pelo designer Georges Paulin no Peugeot 402 Eclipse, mas ainda era inédita nos Estados Unidos.
Um de seus maiores entusiastas era Robert McNamara, o veterano da Segunda Guerra Mundial que ajudou Henry II a reerguer a Ford após o conflito.
O executivo defendia que o Skyliner era um diferencial importante para a imagem da divisão Ford frente à concorrência interna, que era composta pelas divisões Mercury, Edsel, Continental e Lincoln.
O fascínio do Skyliner superava qualquer aspecto prático ou funcional: o procedimento total de abertura ou fechamento da capota demorava menos de 1 minuto, tempo suficiente para que seu proprietário se tornasse o centro das atenções.
Testado à exaustão, seu mecanismo raramente apresentava problemas.
Foram produzidas 20.766 unidades do Skyliner em seu ano de estreia, entre eles este exemplar que se encontra aos cuidados da De Genaro Classics. Sem opcionais, custava cerca de 20% mais que um Fairlane 500 hardtop.
Um Skyliner completo rivalizava em preço com o Thunderbird, outro carro de imagem que obteve números semelhantes de vendas.
A principal novidade do Skyliner para 1958 foram os faróis duplos, grade dianteira similar à do Thunderbird e lanternas traseiras horizontais.
Sob o capô estavam os novos V8 FE de bloco grande com 5,4 litros (225 cv 265 cv) e 5,8 litros (300 cv), mas a breve porém severa recessão de 1958 derrubou suas vendas para meras 14.713 unidades.
A chegada do Thunderbird de quatro lugares também ajudou a minar as vendas do Skyliner, que em 1959 recebeu novas lanternas circulares. Em meados do ano, o Galaxie substituiu o Fairlane 500 como versão mais sofisticada da Ford.
As 12.915 unidades marcaram o fim do primeiro automóvel em larga escala a adotar um conceito que só seria resgatado na década de 1990.
Ficha técnica – Ford Fairlane 500 Skyliner
- Motor: V8 de 4,8 litros; 212 cv a 4.500 rpm; 41,06 mkgf a 2.700 rpm
- Câmbio: automático de 3 marchas
- Carroceria: fechada, 2 portas, 6 lugares
- Dimensões: comprimento, 535 cm; largura, 196 cm; altura, 143 cm; entre-eixos, 299 cm; peso, 1.870 kg
- Desempenho: 0 a 100 km/h em 12,6 s; velocidade máxima de 170 km/h