O que define se um lançamento entra na categoria A ou B é a combinação de tamanho, proposta, espaço e, em especial, preço.
Devido à sua faixa extensa de valores, entre R$ 68.990 e R$ 97.990, a nova geração do Citroën C3 pode competir tanto com hatches de entrada, como Fiat Mobi e Renault Kwid, como na categoria de compactos maiores e mais equipados – a exemplo de Chevrolet Onix e Hyundai HB20, além de Fiat Argo e Peugeot 208, irmãos por parte da Stellantis.
Confira os preços do Novo Citroën C3:
Citroën C3 Live 1.0 – R$ 68.990
Citroën C3 Live Pack 1.0 MT – R$ 74.990
Citroën C3 Feel 1.0 MT e Feel 1.6 MT – R$ 78.990 e R$ 86.990
Citroën C3 Feel Pack 1.6 AT6 – R$ 93.990
Citroën C3 1.0 MT First Edition – R$ 83.990
Citroën C3 1.6 AT6 First Editon -R$ 97.990
Não tivemos a oportunidade de levá-lo para nossa pista, mas foi possível dirigir o modelo durante um dia. A primeira impressão é positiva: o carro realmente pode mudar a história da marca no Brasil.
Por falar em mudança, a Stellantis não esconde qual é a sua estratégia para as francesas. A Peugeot vem tentando assumir um posicionamento mais premium, enquanto a Citroën será mais popular.
A nova família de carros compactos batizada de C-Cubed, cujo primeiro modelo é o novo C3, será a grande responsável por consolidar essa estratégia.
Estilo próprio
Não é difícil notar as diferenças na proposta de design da nova geração do C3, que foi desenvolvida exclusivamente para países emergentes, como o Brasil e a Índia. Há menos formas arredondadas, o capô está mais longo e definido e a carroceria é mais quadrada.
O hatch é o mais alto do segmento (1,60 metro), e também um dos mais largos (1,73 m). O comprimento de 3,98 m fica um pouco abaixo da média da categoria dos hatches premium (pouco acima de 4 m), mas ele ainda é maior que os compactos de entrada.
As molduras colocadas junto às caixas de roda e os plásticos pretos na base das portas ajudam a dar a impressão de que o carro é ainda mais alto.
O teto pode ser pintado de preto ou branco, em contraste ao tom da carroceria – ao todo, são 13 combinações de cores. Essa característica segue a moda automotiva e tem a intenção de conquistar o público jovem.
A dianteira carrega o novo estilo da Citroën, com luzes diurnas de led em Y emoldurando os faróis halógenos.
O formato das lanternas chama a atenção na traseira, com a parte vermelha formando um “C” em alto-relevo. Já o para-choque com a base sem pintura ajuda a evocar o lado aventureiro do novo hatch compacto.
Compacto, porém espaçoso
Com 315 litros de capacidade, o porta-malas é um dos trunfos do C3. O 208 tem apenas 265 litros, e o Onix, 303 litros.
O espaço interno também surpreende. O entre-eixos é de 2,54 m e está dentro da média de rivais como Argo (2,52 m) e HB20 (2,53 m), mas com grande vantagem em relação aos modelos de entrada. Mobi e Kwid têm, respectivamente, 2,30 m e 2,42 m, e as cabines são mais apertadas.
Mesmo para quem tem cerca de 1,80 m, há um bom espaço para as pernas no banco traseiro do C3. Os ocupantes são beneficiados pela boa altura da carroceria.
Nós dirigimos a versão de lançamento First Edition, que vem com o conhecido motor 1.6 flex aspirado (120 cv). O câmbio é o Aisin automático de seis marchas, repetindo o conjunto mecânico que equipa o 208.
Essa versão é limitada a 3.500 unidades e também pode vir com motor 1.0 Firefly combinado à transmissão manual de cinco marchas. Esse powertrain é o mesmo disponível no hatch compacto da Peugeot, bem como no Fiat Argo.
Ambas as opções de lançamento trazem apenas recursos estéticos para tornarem-se exclusivas. Só elas possuem molduras nos faróis de neblina (brancas no carro testado), barras no teto e airbumps (frisos grossos emborrachados) instalados nas portas.
Segundo a Citroën, serão três versões equipadas com motor 1.0 e duas com motor 1.6, uma com câmbio manual e outra na opção automática. E como já era esperado, a marca acredita que cerca de 70% das vendas vão se concentrar nas opções 1.0.
Enquanto não aceleramos o C3 de entrada, podemos concluir que, com a motorização 1.6, o compacto tem um bom desempenho e atende bem as demandas na cidade e na estrada.
As trocas do câmbio automático são suaves e precisas, sem trancos. O motor não é ruidoso a ponto de o barulho invadir a cabine em altas rotações, mas o que incomoda são as retomadas, em especial de 60 a 100 km/h.
O carro demora alguns segundos para ganhar embalo, e isso pode ser atribuído ao casamento entre câmbio e motor. O torque máximo só é entregue em 4.500 rpm, e percebe-se um “delay” quando é feito o kickdown.
Apesar disso, o que impressionou positivamente na condução do C3 foi a sua dinâmica. A combinação da carroceria elevada com o bom acerto do conjunto de suspensão promovem uma dirigibilidade muito confortável e assentada. A posição mais alta ao volante contribui com essa sensação.
A suspensão é composta por amortecedores hidráulicos. O eixo de torção traseiro pode não ser tão eficiente como um sistema multilink, mas o hatch é muito estável.
Os ocupantes que vão atrás sentem pouco as ondulações do piso, e a rolagem da carroceria é bastante controlada em curvas mais acentuadas. Essa característica traz segurança em estradas sinuosas.
A vida a bordo é beneficiada pela central multimídia com tela de 10 polegadas – uma das maiores do segmento. Há conexão sem fio com Apple CarPlay e Android Auto.
A operação é intuitiva, porém há grafismos antiquados. Ao espelhar o smartphone, a imagem não ocupa todo o espaço, ficando sempre uma moldura com os ícones do multimídia nativo. Portanto, a área de operação fica reduzida a cerca de 8 polegadas.
Outra questão do interior é o acabamento. Não há diversidade de materiais empregados, e o plástico rígido domina com diferentes cores e texturas.
As partes inferior e superior do painel têm um tratamento poroso que não é agradável ao tato, porém a faixa central oferece um toque mais suave e acetinado, além de ser pintada em cor próxima à da carroceria.
A manufatura merece elogios: as peças não têm rebarbas e são bem encaixadas. O quadro de instrumentos traz uma tela monocromática digital posicionada no centro, que decepciona por não combinar com a proposta tecnológica e sofisticada do compacto.
A versão de entrada chama-se Live e tem os equipamentos básicos que hoje são exigidos no segmento: ar-condicionado, direção com assistência elétrica, computador de bordo, controle de estabilidade, assistente em rampa e acionamento elétrico dos vidros dianteiros e das travas das portas.
A central multimídia aparece a partir da opção Live Pack, mas só o C3 Feel tem janelas traseiras elétricas entre os carros equipados com motor 1.0. Essa configuração traz ainda retrovisor elétrico, rodas de liga leve de 15 polegadas e alarme. E há apenas dois airbags, os frontais exigidos por lei.
As opções mais em conta devem concorrer com Mobi e Kwid. Nesses casos, o Citroën leva vantagem por oferecer mais espaço e dirigibilidade superior, com boa posição ao volante.
Já as versões topo de linha, tanto 1.0 como 1.6, vão brigar no segmento acima. A disputa promete ser mais acirrada, pois rivais como Chevrolet Onix, Hyundai HB20 e Fiat Argo oferecem um nível de equipamentos parecido com o do C3, mas proporcionam um espaço um pouco inferior.
Quem pode atrapalhar o sucesso do compacto é o 208. O modelo da Peugeot também traz uma cabine bem aproveitada e oferece algumas vantagens, como acabamento superior e quadro de instrumentos digital e colorido nas versões mais caras.
Mas o que pode ajudar o C3 é a capacidade produtiva da fábrica de Porto Real (RJ). Em tempos de filas de meses por um carro novo e escassez de peças, isso pode ser decisivo.
Conteúdo das versões
Citroën C3 Live 1.0 – R$ 68.990
A versão de entrada tem airbag duplo, controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampas (Hill hoder), ar-condicionado, direção elétrica, monitor de pressão dos pneus, vidros dianteiros elétricos, painel digital, travas elétricas, rodas de 15″ com calotas e luzes de condução diurnas (DRL).
Citroën C3 Live Pack 1.0 MT – R$ 74.990
Todos os itens da versão Live 1.0 com o acréscimo de central multimídia com tela de 10″ e Android Auto e Apple CarPlay sem fio, porta USB para a primeira fileira, volante com comandos de som, chave com telecomando, banco do motorista com ajuste de altura e limpador e desembaçador traseiros.
Citroën C3 Feel 1.0 MT e Feel 1.6 MT – R$ 78.990 e R$ 86.990
Todos os itens da versão Live Pack MT com o acréscimo de vidros traseiros elétricos, alarme, duas portas USB traseiras, luzes diurnas em LEDs, rodas de liga-leve de 15″, painel com faixa azul, volante com ajuste de altura, logo dianteiro cromado e maçanetas na cor da carroceria.
Citroën C3 Feel Pack 1.6 AT6 – R$ 93.990
Todos os itens da versão Feel 1.6 MT com o acréscimo de câmbio automático de 6 marchas (com opção de trocas sequenciais), modo ECO, rodas de 15″ diamantadas, câmera de ré e volante revestido em couro.
Citroën C3 1.0 MT First Edition – R$ 83.990
Todos os itens da versão Feel 1.0 MT com o acréscimo de faróis de neblina com moldura, pintura bitom, barras de teto na cor Alu Shadow, airbumps laterais, tapetes exclusivos, badges “First Edition” nas laterais e tampa do porta-malas.
Citroën C3 1.6 AT6 First Editon – R$ 97.990
Todos os itens da versão Feel Pack 1.6 AT com o acréscimo de pintura bitom, barras de teto, airbumps, moldura decorativa no farol de neblina, tapetes exclusivos, badges.
Veredicto
Novo Citroën C3 traz vantagens como espaço e design, mas peca em acabamento e conteúdo.
Ficha Técnica
Motor: flex, diant., transv.; 4 cil., 16V, 1.587 cm3; 78,5 x 82 mm; 120/113 cv a 6.000 rpm; 15,7/15,4 kgfm a 4.500/4.250 rpm
Câmbio: automático, 6 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica, diâm. giro, 10,5 m
Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), tambor (tras.)
Pneus: 195/60 R15
Dimensões: comprimento, 398,1 cm; largura, 173,3 cm; altura, 160,5 cm; entre-eixos, 254 cm; peso, 1.152 kg; porta-malas, 315 l