A temporada 2015/2016 do Campeonato Alemão de futebol terá um inusitado clássico das montadoras Audi e Volkswagen. Isso porque o FC Ingolstadt 04, time da cidade de Ingolstadt (onde fica a sede da marca das quatro argolas), fará sua estreia na divisão principal – a Bundesliga – no ano que vem, medindo forças com clubes como Bayern de Munique, Borussia Dortmund e, claro, o VfL Wolfsburg, agremiação controlada pela Volkswagen AG.
Fundado em 2004 a partir da fusão de dois clubes, o FC Ingolstadt é praticamente controlado pela Audi, que detém 80% das ações do time e participa das decisões técnicas do clube. Além disso, a montadora também investiu 20 milhões de euros na construção de um estádio para 15 mil torcedores, que não por acaso se chama Audi Sportpark. Tamanho investimento surtiu efeito rapidamente, fazendo o clube subir da Bayernliga (o campeonato regional da Baviera) para a segunda divisão em quatro anos. O Ingolstadt cairia no ano seguinte, mas voltaria para a 2.Bundesliga nesta temporada, assumindo a vice-liderança já na oitava rodada e garantindo o acesso à divisão principal com uma rodada de antecedência.
Já o Wolfsburg é bem mais tradicional. Fundado em 1945 a partir de um clube de trabalhadores da Volkswagen AG, o time já se sagrou campeão alemão da Bundesliga na temporada 2008/09, quando tinha nomes como o atacante brasileiro Grafite. A montadora é patrocinadora oficial do Wolfsburg desde os primeiros anos de vida, e hoje possui 95% dos seus direitos. O clube representado por um lobo joga no Volkswagen Arena, que tem capacidade máxima para 30 mil espectadores – e fica a poucos metros da sede da empresa.
A ascensão do Ingolstadt e a boa campanha do Wolfsburg (que nos últimos anos se viu ameaçado pelo rebaixamento, mas neste ano ocupa a vice-liderança) comprovam o poder dos clubes-empresa, que vem se proliferando pelo mundo – e na Alemanha não é exceção. A federação local tenta impedir a popularização destes clubes, estabelecendo regras como impedir que um mesmo acionista tenha mais do que 49% das ações de uma mesma equipe ou o limite de sete investidores por clube.
A saída encontrada pelos dirigentes foi ratear o controle das equipes entre vários acionistas ou até mesmo funcionários. No caso do Wolfsburg, ele se enquadra em uma exceção aberta pela federação alemã a clubes ligados a empresas por mais de 40 anos. Nada que incomode uma empresa do tamanho do Grupo Volkswagen, que atualmente controla mais de 10 marcas e domina o futebol alemão. Afinal, além de patrocinar (e controlar) dois clubes da primeira divisão, a empresa ainda patrocina a Copa da Alemanha e tem 9% das ações do Bayern de Munique, simplesmente um dos times mais poderosos do mundo.