O estado de Nova Gales do Sul, na Austrália, vem estudando tomar uma medida rigorosa para diminuir o número de acidente. A ideia é proibir que homens com menos de 21 anos dirijam.
Pode parecer radical, mas as estatísticas pesam contra os homens jovens. De acordo com a presidente do Australasian College of Road Safety’s, professora Ann Williamson, os rapazes com menos de 25 anos são responsáveis por um quarto dos acidentes no estado, ao mesmo tempo que representam apenas 15% dos motoristas.
E tem mais: só neste ano foram 155 mortes masculinas nas estradas de Nova Gales do Sul, contra apenas 48 femininas. Entre 2011 e 2021, o total de homens mortos no trânsito em todo estado é quase três vezes maior do que o de mulheres.
“Não é que as autoridades rodoviárias e os legisladores não estejam cientes e há uma série de restrições para jovens condutores inexperientes e novatos… mas não é suficiente. Claramente não é suficiente”, comenta Williamson.
Na Austrália, o processo para tirar habilitação é mais rigoroso do que no Brasil. As regras variam de acordo com cada estado australiano, mas no geral, adolescentes já podem dirigir a partir dos 16 anos. Entretanto, eles deverão usar a chamada “placa L”, que significa que a pessoa ainda é um aprendiz e só pode pegar o carro se estiver acompanhada de alguém habilitado com a “full-license”, a habilitação padrão.
Depois do período de aprendizado e de fazer o exame prático, a pessoa deve usar a “placa P”. Essa é semelhante a nossa PPD (permissão para dirigir), mas seu tempo de obrigatoriedade é maior (de três a quatro anos) e ela se divide em dois níveis: vermelho e verde, que devem ser sinalizadas pela letra e a cor de maneira visível na frente e atrás do veículo.
No primeiro, o motorista terá maiores restrições. Em Nova Gales do Sul, por exemplo, se o condutor tiver menos de 25 anos não poderá dirigir com mais de um passageiro com idade inferior a 21 anos entre as 23h e as 5h. Já no estado de Victória, ainda há restrições de potência de acordo com o ano do veículo.
Após um tempo (geralmente de um ano), o condutor muda para a placa P verde e as restrições ficam mais brandas.
Como forma de proteger e evitar maiores acidentes, além da restrição de idade, Williamson também sugere que o governo implemente mais treinamento sobre risco e percepção de risco.
Outra especialista no assunto, a professora Rebecca Ivers, da Universidade de Nova Gales do Sul, acha que é necessário começar a pensar em políticas públicas focadas no gênero do motorista e que é necessário engajar a comunidade no assunto.
“E as leis, a educação, os treinamentos, as campanhas? Como envolver as famílias e as comunidades? Como comunidade, precisamos começar a assumir alguma responsabilidade”, disse a professora.
O primeiro-ministro do estado, Dominic Perrottet, ainda não agiu de fato sobre o assunto e está estudando medidas sem levar em consideração o gênero dos motoristas. O governo está cogitando restringir o número de passageiros que motoristas com placa P podem levar no carro.
A ideia é seguir o exemplo do estado de Vitória, onde os novatos podem transportar apenas um passageiro com idade entre 16 e 22 anos, a menos que seja um trabalhador de emergência, tenha um motorista licenciado próximo a eles ou tenha uma isenção emitida pelo governo.