Referência cultural e financeira da Europa, Londres é conhecida por ícones como o Big Ben, as cabines telefônicas vermelhas, o metrô e os ônibus de dois andares. Mas para quem gosta de carro não há símbolo maior que os tradicionais táxis pretos, que por décadas foram representados pelo Austin FX4.
Desenvolvido em parceria com a empresa de táxi Mann & Overton, ele foi lançado em 1958, sucedendo o FX3. As especificações atendiam às regras estabelecidas desde 1906 pelo Escritório de Carruagens Públicas (subordinado ao Departamento de Polícia de Londres) e incluía a largura da porta, altura do assoalho e o diâmetro de giro máximo de 7,6 metros. A carroceria vinha da Carbodies e diferenciava-se do FX3 pelas quatro portas: a bagagem dos passageiros viajava ao lado do motorista e não mais em um compartimento exposto. As portas traseiras tinham abertura invertida (suicida) e o teto elevado permitia que os passageiros continuassem utilizando suas cartolas.
Para baixar o custo de produção, suspensões e componentes internos eram herdados do sedã executivo Austin Westminster. Os reparos também eram barateados pelas portas e pelos para-lamas parafusados, que reduziam o tempo de mão de obra. O bom padrão de qualidade era garantido pela produção em baixa escala.
Novidade era o câmbio automático Borg Warner, acoplado ao motor 2.2 diesel com só 55 cv: os turistas desfrutavam de um passeio lento e suave. Atendendo a pedidos dos taxistas, uma transmissão manual foi adotada em 1961, mas permaneciam as críticas à falta de espaço para o condutor e a falta de revestimento acústico.
– Clássicos: Packard One Twenty
– Grandes Brasileiros: Ford Corcel
Apesar do maior custo operacional, um 2.2 a gasolina foi oferecido em 1962. Com 68 cv, era o favorito dos taxistas que circulavam em estradas ou faziam corridas regulares até o aeroporto de Heathrow. Reestilizado em 1968, o FX4 recebeu novas lanternas e, enfim, isolamento acústico na cabine, 4 polegadas maior.
Para cortar custos, a Austin cedeu a produção do chassi à Carbodies em 1971, mesmo ano em que o FX4 recebeu um motor 2.5 de 61 cv. Reformulado, o FX4 atravessou os anos 70 sendo aprovado em testes de impacto, recebendo freios assistidos e conquistando novos mercados. Em 1982, a Carbodies adquiriu os direitos de fabricação e o rebatizou como FX4R. Trazia motor Land Rover 2.3 (também com 61 cv), câmbio manual de cinco marchas e direção hidráulica, mas as vendas despencaram quando o motor apresentou problema de lubrificação devido ao uso profissional, como longos períodos parado no trânsito, em marcha lenta.
Para não perder ainda mais clientes, a Carbodies começou a remanufaturar antigos FX4: chassis usados recebiam uma carroceria nova e motores Austin importados da Índia. É o caso deste exemplar de 1966, que se encontra aos cuidados do restaurador Pedro José de Souza Neto, da PJS Restaurações Especiais.
Em 1984, a Carbodies passou a se chamar London Taxis International e o problemático motor foi substituído por um 2.5 também da Land Rover, de 68 cv. Rebatizado FX4S, foi sucedido pelo FX4S-Plus (para até cinco passageiros), pelo FX4W (adaptado para cadeirantes) e pelo Fairway, com motor Nissan 2.7 de 79 cv. Freios a disco vieram só em 1992.
O último FX4 deixou a linha em 1º de outubro de 1997, após 39 anos de serviços. Foi substituído pelo TX I, que segue os mesmos passos: está em sua quarta geração e já prepara a chegada de versões híbridas e elétricas, que em breve irão rodar nas duas margens do Rio Tâmisa.
Motor | diesel, 4 cilindros em linha de 2,2 litros |
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Potência | 55 cv a 2.800 rpm |
Torque | 12,3 mkgf a 3.500 rpm |
Câmbio | automático de três marchas |
Dimensões | 458 cm (comprimento); 177 cm (altura); 174 cm (largura); 281 cm (entre-eixos) |
Peso | 1.600 kg |
Velocidade máxima | 95 km/h |