Quando a Renault lançou a Oroch, em outubro de 2015, a sensação entre as engenharias das outras marcas foi de “Por que não fizemos isso antes?”.
Afinal, a distância que se abriu entre as picapes leves e as médias, com o aumento do porte das médias, era uma bola pingando para quem quisesse chutar.
Na Fiat, o sentimento foi outro porque, como se sabe, ela estava com a Toro pronta (o lançamento foi em fevereiro de 2016).
Era um projeto de picape em sua mais completa tradução: com versão diesel, câmbio automático, tração integral e capacidade de carga de 1 tonelada.
Não demorou para surgir dentro de outras montadoras propostas de picapes de porte intermediário.
Na Ford, a ideia era desenvolver uma picape baseada no EcoSport. Uma maquete chegou a ser construída, mas a matriz norte-americana não aprovou o projeto por considerá-lo desinteressante do ponto de vista da rentabilidade.
Segundo informações, os americanos disseram que essa picape só venderia bem no Brasil, assim como a falecida Courier, que saiu de linha no dia em que a Ford resolveu padronizar sua oferta em todo o mundo, dentro do plano One Ford.
Na General Motors, a solução encontrada era adaptar uma versão simplificada da S10 comercializada na Tailândia, com dimensões bem próximas das que a S10 tinha nos anos 80.
Mas optou-se por um caminho mais rápido, simples e barato, que foi a produção de uma versão mais em conta, no caso a Advantage, com preço próximo ao da Fiat Toro.
Atualmente, a S10 Advantage custa apenas R$ 2.000 a mais que a Toro mais barata, a Endurance. Mais precisamente: R$ 92.990 contra R$ 90.990.
A Honda iniciou estudos para trazer a picape Hidgeline (uma das que serviram de inspiração para a Toro) para o Brasil, mas até hoje não se decidiu.
Fontes dizem que essa possibilidade ainda não foi descartada. Até porque a japonesa é maior que a picape da Fiat e custaria bem mais – provavelmente teria preços mais próximos ao de modelos maiores.
A Honda tem a mão pesada na hora de colocar etiqueta de preço em seus produtos, vale lembrar.
De qualquer forma, a Honda teria outra questão para resolver, que é a limitação das importações com imposto reduzido.
Enquanto isso, o resultado dessas estratégias de faz-não-faz ou tira o time de campo você já conhece: Fiat nadando de braçada no mercado, conquistando o primeiro lugar nas vendas de picapes grandes (segunda no ranking geral) com a Toro.
Mas o horizonte da ítalo-mineira não deve permanecer assim azul por muito tempo.
A Volkswagen tem a estratégia de se fazer presente em todos os segmentos de picape do planeta: das compactas (com a Saveiro), passando pela média Amarok, até às gigantes, com a Tanoak – conforme protótipo mostrado recentemente no Salão de Nova York.
Picape VW tem previsão de chegar em 2020Ainda há uma lacuna a preencher para bater de frente com Toro e Oroch. Isso poderia ser feito com uma opção ainda sem nome.
Mas já se sabe que terá o estilo baseado no conceito T-Cross Breeze, que também servirá de modelo para o SUV T-Cross, que chega antes.
O SUV estreia no fim de 2018 como linha 2019 e a picape deve ficar para 2019, linha 2020.
Depois da VW, a Hyundai é outra que também deve entrar no segmento.
A empresa já confirmou o lançamento de uma picape de porte médio, baseada no conceito Santa Cruz, para 2020 no mercado norte-americano, que poderá chegar por aqui.
O protótipo apresentado no Salão de Detroit de 2015, usava a plataforma do Hyundai ix35 e, segundo a fábrica, teria motor 2.0 turbodiesel de 190 cv.
Para checar a receptividade do mercado brasileiro, a Hyundai também apresentou aqui uma picape conceito, a Creta STC, no Salão de São Paulo de 2016.