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Esta Kombi corujinha picape é elétrica e transformada em reboque raro

Colecionador e ativista da mobilidade sustentável monta uma Kombi picape elétrica de parar o trânsito. Ainda mais se estiver com um Porsche na caçamba

Por Fábio Black
Atualizado em 3 fev 2023, 21h36 - Publicado em 14 jan 2020, 07h00
Kombi elétrica
Estilosa e silenciosa, a Kombi elétrica faz bem para os olhos e ouvidos (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Carlos Figueiredo, 62 anos, o Carlão, é fã de carros antigos e de tecnologia. Em sua coleção de automóveis clássicos, dominada por alguns Puma GTB e réplicas de Jaguar e Porsche, destaca-se uma Kombi Corujinha picape 1975.

Mas não é uma Kombi qualquer. Ela foi restaurada e construída para ser uma réplica de uma das 1.000 unidades customizadas pela preparadora holandesa Kemperink e vendidas na rede VW do país.

Além da exclusividade da carroceria, tem pintura inspirada na equipe de corrida Porsche-Gulf. É essa picapinha toda especial que leva de um evento para o outro a réplica de um Porsche RSK 718, também caracterizado nas cores da Gulf.

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Kombi elétrica
Segundo Carlão, as janelas Safari, basculantes, funcionam como “ar-condicionado natural” da Kombi (Fernando Pires/Quatro Rodas)

A grande surpresa é a propulsão dessa Kombi: elétrica. Carlão se jogou no mundo das conversões de veículos a combustão para eletricidade há dois anos.

Começou com um bugue, mas foi seu segundo projeto, um Fusca, que ele diz ser seu maior laboratório de aprendizado.

O Fusca era mais parrudo que o bugue: tinha motor trifásico de corrente alternada com 20 hp em 72 V. A bateria ainda era de aplicação convencional, de chumbo, com unidade controladora profissional.

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Há seis meses, com mais experiência em conversões, Carlão iniciou a eletrificação da Kombi.

Kombi elétrica
Evento de clássicos? Kombi e Porsche vão sempre juntos e fazem o maior sucesso (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Para ela, o colecionador não economizou em tecnologia. O motor de corrente alternada trifásico de 92 V é da marca alemã Jungheinrich, aplicado em empilhadeiras de alta capacidade, e tem 75 cv de pico de potência.

A unidade de controle (capaz de monitorar e administrar motor, baterias e a entrega de potência e torque) é top de linha, explica Carlão.

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“É o que há de melhor no mercado, da marca Curtis, modelo 1238e de 96 V e 650 amperes”, conta ele empolgado.

Kombi elétrica
Bocal do tanque deu lugar ao plugue de recarga (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Na prática, é essa central que permitiria à Kombi o uso de recursos como acelerador eletrônico e regeneração de energia para as baterias e freio motor, além de informações em tempo real de temperatura, velocidade, corrente elétrica, entre outras.

“Essa controladora é similar à utilizada nos carros da Tesla”, diz Carlão todo orgulhoso.

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O conjunto de baterias é simples, composto por 16 unidades automotivas, convencionais, de 100 amperes, ligadas em série. Segundo o colecionador, com 100% de carga, o conjunto confere à Kombi uma autonomia de até 90 km.

As baterias, de acordo com Carlão, ainda são o ponto mais delicado em um veículo elétrico: “As de chumbo são mais pesadas, maiores e com menor vida útil do que as de lítio, mas custam em média 75% menos”, ensina.

Na Kombi, o kit de baterias saiu por R$ 11.200. “Um conjunto de lítio para assegurar a mesma autonomia não sairia por menos de R$ 50.000”, diz.

Lítio em alta

O custo de uma conversão no Brasil é bem variado. Carlão conta que com R$ 18.000 (sem baterias) você já pode ter um Fusca elétrico com boa dinâmica no uso urbano.

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No entanto, um kit de conversão de Kombi mais avançado, como os que são vendidos nos EUA, chega ao Brasil por cerca de R$ 76.000.

Kombi elétrica
No porão, abaixo do assoalho da caçamba, 16 baterias convencionais (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Acrescente nessa conta o valor do próprio carro mais os R$ 50.000 de um kit de baterias de lítio e verá que o preço fica próximo ao de automóveis elétricos vendidos em concessionárias, muito mais modernos, novos e com garantia.

Esse banho de tecnologia sobre uma base antiga tem nome: retrofit, uma estratégia que nasceu nas empresas de arquitetura europeias que precisavam modernizar edifícios históricos mantendo a essência do projeto.

Deu tão certo que o retrofit migrou para o mundo da decoração, da moda e, como vemos aqui, do automóvel.

Kombi elétrica
Simples assim: cofre abriga, com folga, motor, controladora, carregador e conversor (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Entusiasta da mobilidade sustentável, Carlão lamenta que a legislação brasileira não contemple a conversão de carros a combustão em elétrico.

“Se fosse algo permitido em larga escala, bastaria uma simples vistoria para emissão de um laudo para atestar a conformidade da instalação”, diz ele, empolgado com a possibilidade de ver mais carros elétricos rodando pelo Brasil em pouco tempo.

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