O novo Citroën do Brasil tem quatro rodas, cabine fechada e leva dois passageiros, mas não é exatamente um carro. Lançado em 2022 na Europa, o Citroën Ami é definido oficialmente como uma “solução de mobilidade” e chegará ao mercado nacional em breve, anunciou oficialmente a Stellantis.
O simpático “carrinho” elétrico é enxuto em suas dimensões, com 2,4 m de comprimento e 1,4 m de largura. Não à toa, vem sendo usado no continente europeu para deslocamento em locais onde um automóvel convencional é grande demais, como nas ruelas de cidades turísticas da Itália e Grécia.
Também há vantagens quanto à legislação: por conta dos seus 8,5 cv e 4,5 kgfm, ele não se enquadra como um carro; dessa forma, em alguns países pode ser dirigido por adolescentes de 14 anos, por exemplo. Os custos de homologação também são menores, favorecendo preço que, no Hemisfério Norte, não passa do equivalente a R$ 50.000.
No Brasil a questão é mais complexa, e nem a própria Citroën sabe como ele será enquadrado pela lei. A vice-presidente da marca na América do Sul, Vanessa Castanho, comentou a QUATRO RODAS no ano passado que a segurança jurídica era, inclusive, um dos fatores que poderiam inviabilizar seu lançamento no país.
Uma das possibilidades é que seja aplicada a Resolução 573 do Contran; ela considera como quadriciclos os veículos elétricos de cabine fechada, quatro rodas, ordem de marcha não superior a 400 kg (ou 550 kg, no caso de transporte de cargas, e excluído o peso das baterias em ambos os casos) e cuja potência não exceda os 20 cv.
Mas a mesma resolução traz entraves que atrapalhariam a ideia de simplicidade pretendida pela francesa, como a exigência de carteira B do condutor e uso de capacete para dirigi-lo em vias públicas, além de até mesmo airbag frontal.
Por conta da velocidade máxima de 45 km/h e do preço enxuto, a bolsa de ar não é nem opcional no veículo. Mas os novos segmentos de mobilidade podem forçar modificações na lei.
A Citroën ainda não revelou como o Ami será comercializado. Com base na fala de Castanho ao anunciar a sua chegada, é possível que ele seja vendido para empresas que utilizem-no em ambientes controlados.
Dessa forma, é possível que em breve vejamos o modelo circulando por condomínios fechados, shopping centers e galpões de logística. Cenários mais do que tranquilos para os 75 km de autonomia e aceleração de 0 a 45 km/h em 10 s, que permitirão à fabricante entender melhor como ele funciona no Brasil.