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Dodge D 100 era picape nacional mais potente muito antes da Rampage

A esquecida picape nacional da Chrysler tinha motor de sobra, sua maior qualidade e também seu grande inimigo

Por Sergio Berezovsky
25 jun 2023, 10h10
Picape Dodge D 100, ano 1970 da Chrysler, pertencente ao proprietario Fábio Stei
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

Entre os carros nacionais produzidos em série, encontram-se algumas figurinhas difíceis. Uma delas é a picape Dodge D 100, fabricada pela Chrysler do Brasil.

Nem tanto pelo fato de terem sido produzidas apenas 2160 unidades, ao longo de seis anos. Mas também devido à sua principal qualidade, razão de sua maldição e glória: o bom desempenho.

O paradoxo não é difícil de ser explicado. O soberano motor de 198 cavalos, o mesmo que equipava o Dodge Dart, lançado no mesmo ano de 1969, fazia da D 100 a mais potente das picapes nacionais. Até aí, palmas para ela.

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Dodge D 100, picape versão standard modelo 1970 da Chrysler, de propriedade de F_3
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

O problema é que a combinação da agilidade do motor com a lenta e desmultiplicada direção, somada à minimalista suspensão (com eixo rígido e feixe de molas, tanto na dianteira como na traseira), resultava naquilo que costuma ser o terror das seguradoras: um veículo rápido mas não proporcionalmente seguro.

Dodge D 100, picape versão standard modelo 1970 da Chrysler, de propriedade de F
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

É fácil constatar essas características numa simples volta no quarteirão. O grande volante até que é leve, mas sua comunicação com as rodas tem a mesma rapidez das ligações telefônicas interurbanas do início do século passado. Nas manobras são voltas e mais voltas, de batente a batente. Esse trabalho braçal produz um diâmetro de giro de dimensões globais. E a suspensão proporciona o conforto de uma diligência em fuga num filme de faroeste.

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Picape Dodge D 100, ano 1970 da Chrysler, pertencente ao proprietario Fábio Stei_6
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

Assim como os outros carros da família Chrysler (Dart e Charger), a picape sofreu diretamente os efeitos da crise do petróleo. Em tempos de barris de petróleo cotados a peso de ouro, a sede do V8, que em média rondava os 2,5 km/l, perdia de golada para os frugais quatro cilindros 2.5 e 2.3 das concorrentes C-10 (Chevrolet) e F-100 (Ford), emprestados dos Opala e Maverick, respectivamente.

Tampouco havia um diesel para a picape da Chrysler. Enfim, um bebedor inveterado, aquele V8. Mas que motor…

Painel da picape Dodge D 100, versão standard modelo 1970 da Chrysler, de propri
Painel da picape Dodge D 100, versão standard modelo 1970 da Chrysler, de propriedade de Fabio Steinbruch. (Marco de Bari/Quatro Rodas)

Vamos esquecer por um momento que os freios são a tambor nas quatro rodas e atender ao convite do disposto 318, com 5,2 litros. É só acelerar para entender por que ele foi tão bem-sucedido na carreira. A mesma base do 318 chegou a equipar os utilitários esportivos Cherokee 5.2 e as picapes Dakota.

Motor V8 da picape Dodge D 100, versão standard modelo 1970 da Chrysler, de prop
Motor V8 da picape Dodge D 100, versão standard modelo 1970 da Chrysler, de propriedade de Fabio Steinbruch. (Marco de Bari/Quatro Rodas)

“Ele é o equivalente aos 302 da Ford e aos 350 da Chevrolet, em termos de longevidade, confiabilidade e rendimento”, afirma Fabio Pagotto, vice-presidente do Chrysler Clube do Brasil.

O câmbio, de três marchas na coluna de direção, tem engates curtos e secos, o que potencializa a rapidez nas arrancadas. Mas o que mais ajuda nessa hora é a relação mais curta das duas primeiras marchas e do diferencial, quando comparadas às do Dart. Isso faz todo sentido num veículo destinado ao transporte de carga e equipado com rodas de aro 16, contra as de aro 14 do carro.

Caçamba da picape Dodge D 100, versão standard modelo 1970 da Chrysler, de propr
Caçamba da picape Dodge D 100, versão standard modelo 1970 da Chrysler, de propriedade de Fabio Steinbruch. (Marco de Bari/Quatro Rodas)

Na hora de parar, rufam os tambores. Um pouco de suspense e alguns metros a mais que o esperado. E estamos falando dos apenas 1.700 quilos do carro só com o motorista. Imagine com mais uns 700 quilos de carga. Viu como aconteciam os acidentes?

O proprietário da picape 1970 modelo standard, Fabio Steinbruch, não faz segredo dessas características e me preveniu sobre elas logo na saída da garagem. Provavelmente por conhecer bem a “narcose” proporcionada pelo 318 ao motorista, com a solidária letargia dos sistemas de freio e direção do utilitário.

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Dodge D 100, picape versão standard modelo 1970 da Chrysler, de propriedade de F_1
Dodge D 100, picape versão standard modelo 1970 da Chrysler, de propriedade de Fabio Steinbruch. (Marco de Bari/Quatro Rodas)

As D 100 eram oferecidas em duas versões: standard e luxo. A versão mais cara tinha como diferenciais para-choques e calotas cromados e friso lateral. Internamente, mudava o revestimento dos bancos e o volante, que era o mesmo do Dart. Na picape mais simples, a direção era a mesma dos caminhões D 400.

Outra circunstância que ajudou no desaparecimento das picapes Dodge foi o fato de bom número delas ter sido destinado às frotas públicas e, posteriormente, sucateada. A propensão à corrosão também ajudou no sumiço delas.

Picape Dodge D 100, ano 1970 da Chrysler, pertencente ao proprietario Fábio Stei_3
Picape Dodge D 100, ano 1970 da Chrysler, pertencente ao proprietario Fábio Steinbruch, dirigida por Sérgio Berezovsky, redator-chefe da revista Quatro Rodas. (Marco de Bari/Quatro Rodas)

Ficha Técnica

  • Motor: 8 cilindros em V, longitudinal, 318 pol3 (5212 cm3); Diâmetro x curso: 99,3 x 84,1 mm; Potência: 198 cv a 4400 rpm; Torque máximo: 42 mkgf a 2400 rpm
  • Câmbio: manual, 3 marchas, tração traseira,
  • Carroceria: picape, montada sobre chassi
  • Dimensões: comprimento, 486 cm; largura, 101cm; altura, 175 cm; entreeixos, 290 cm
  • Peso: 1650 kg
  • Suspensão: Dianteira e traseira: eixo rígido, molas semi-elípticas
  • Direção: setor e rosca sem-fim

 

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