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30 anos do Renault Twingo, o carro que já nasceu clássico

Prático e ousado, o monovolume francês cativou um séquito de entusiastas com sua irreverência e racionalidade urbana

Por Felipe Bitu I Fotos Fernando Pires
Atualizado em 6 fev 2023, 16h06 - Publicado em 15 out 2022, 09h20
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  • Deficitária, a Renault passou por uma reestruturação nos anos 1980 e o êxito dessa empreitada não seria possível sem a contribuição do projetista Patrick Le Quemént, responsável pelo desenvolvimento de um dos maiores sucessos da fabricante francesa: o Twingo.

    Egresso da VW, Le Quemént aceitou um salário menor para comandar o departamento de estilo da Renault, mas impôs condições como ser independente do departamento de engenharia e ter voz no conselho diretor da empresa.

    O primeiro fruto foi o Renault Clio, apresentado em 1990 para substituir Renault 4 e Renault 5. Le Quemént sabia que havia espaço para um automóvel ainda menor, voltado para o uso urbano: a inspiração veio do conceito W60, um monovolume desenvolvido pelo engenheiro Gaston Juchet e pelo projetista Jean-Pierre Ploué.

    Renault Twingo
    A visibilidade era favorecida pela grande área envidraçada (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Aperfeiçoado por Yves Dubreuil, o projeto ganhou personalidade quando Le Quemént esboçou uma dianteira com faróis circulares semelhantes a olhos e uma grade que parecia sorrir.

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    Tendo a simpatia de Raymond Levy, CEO da empresa na época, mas sem muito dinheiro em caixa, o projeto só se viabilizou adotando o velho motor Cléon-Fonte, dos anos 1960, um antepassado dos motores utilizados no Brasil pelo Ford Corcel e Ford Escort, cuja potência estancava nos 55 cv.

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    Idealizado por Gérard Gauvry, o interior colorido era muito sofisticado e em nada lembrava um automóvel urbano de baixo preço.

    Twingo
    O entre-eixos de 2,34 metros impressionava. (Fernando Pires/Quatro Rodas)
    Renault Twingo
    Inovador por dentro e por fora: nenhum componente era compartilhado com outros Renault (Fernando Pires/Quatro Rodas)
    Renault Twingo
    (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Acomodava quatro adultos e trazia um painel central com instrumentos digitais e um banco traseiro deslizante, capaz de aumentar a capacidade do porta-malas.

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    Os encostos do banco traseiro eram reclináveis e transformavam o interior em um dormitório para dois adultos.

    Houve uma divisão entre os executivos da Renault para a aprovação final do projeto: 50% desaprovaram, 25% apenas gostaram e 25% amaram de forma tão eufórica que o conselho decidiu assumir o risco de produzi-lo.

    Twingo
    Painel de plástico trazia luzes-espia à frente do volante e quadro de instrumentos digital (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Um carro com tanta personalidade merecia um nome igualmente original: Twingo, amálgama dos gêneros musicais twist, swing e tango.

    Apresentado no Salão de Paris de 1992, o Twingo chegou ao mercado em versão única e quatro cores vibrantes: vermelho coral, amarelo indiano, verde coentro e azul ultramarino.

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    O teto solar de lona era um dos poucos opcionais: novas cores foram oferecidas em 1994, mesmo período em que ele recebeu acionamento elétrico para vidros, travas e espelhos.

    Twingo
    Extremamente macios, bancos tinham estampas coloridas (Fernando Pires/Quatro Rodas)
    Renault Twingo
    Banco traseiro, ajustável, deslizava sobre um trilho (Fernando Pires/Quatro Rodas)
    Renault Twingo
    Porta-malas levava 168 litros (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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    Também foi em 1994 que surgiu a versão Easy, com embreagem automática, sem pedal. No ano seguinte airbag duplo e ar-condicionado passam a ser opcionais.

    Em 1996, surge o Twingo Matic, com câmbio automático de três marchas acoplado ao novo motor D7F de 1,1 litro, com comando de válvulas no cabeçote e 60 cv.

    O milionésimo Twingo foi produzido em 1997, pouco antes da primeira reestilização: faróis, lanternas e interior foram redesenhados e o monobloco recebeu reforços estruturais para melhorar a proteção contra impactos dianteiros.

    Renault Twingo
    Encostos reclináveis improvisavam uma cama dentro da cabine (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    A virada do milênio trouxe a segunda reestilização, marcada pela adoção das rodas aro 14.

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    O motor D4F com quatro válvulas por cilindro e 70 cv chegou em 2001 e acelerava os 850 kg do Twingo de 0 a 100 km/h em cerca de 11 segundos.

    A produção chegou a 2 milhões de unidades em 2002 e em 2004 a primeira geração recebe sua última reestilização antes do encerramento da produção na fábrica francesa de Flins.

    Renault Twingo
    Motor 1.2,
    de 55 cv, era
    adequado à proposta urbana (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Cerca de 2,6 milhões de Twingo de primeira geração foram produzidos na França, Espanha, Taiwan, Uruguai e na Colômbia, onde a última unidade deixou a linha de montagem em 2012, 20 anos após sua primeira aparição no Salão de Paris.

    A Renault tentou, mas a segunda geração (2007) e a terceira (2014) não foram capazes de repetir o sucesso do Twingo original.

    Ficha Técnica

    Renault Twingo
    Motor: gas., diant., transv., 4 cil. 1.239 cm3, injeção eletrônica, 55 cv a 5.300 rpm; 9,4 kgfm a 2.800 rpm
    Câmbio: manual de 5 marchas, tração dianteira
    Carroceria: monovolume, 3 portas, 4 lugares
    Dimensões: compr., 343 cm; larg., 163 cm; alt., 142 cm;entre-eixos, 234 cm; porta-malas, 168 l; peso, 860 kg; pneus, 145/80 R13

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