Assim como algumas pessoas tomam leite sem lactose por ter intolerância à substância, também há uma série de óleos para diferentes tipos de motor.
Mas será que um carro flex precisa de um lubrificante específico? E motores com alta quilometragem devem mesmo usar um óleo mais viscoso?
Em teoria, o mesmo tipo de lubrificante deveria ser mantido ao longo de toda a vida útil do veículo, segundo dizem as montadoras.
Porém, na prática, é possível que os componentes do motor tenham se desgastado de forma mais acentuada em função de alguns descuidos: manutenção incorreta, uso de lubrificantes de baixa performance ou troca fora do tempo estipulado.
Assim, as folgas entre as peças aumentam mais do que deveriam, gerando maior nível de ruído, queima de óleo e perda de compressão.
Para esses casos, foram criados os chamados lubrificantes de alta quilometragem, que possuem maior viscosidade (25W60, por exemplo) e maior concentração de aditivos antioxidantes, que ajudam a manter a vida útil do óleo.
Além disso, a Petrobras diz ainda que seu óleo para alta quilometragem (acima de 100.000 km) possui um agente condicionador de retentores para prevenir vazamentos internos (nas guias de válvulas, por exemplo) e externos do motor.
O consultor Otávio Campos, da Shell, salienta que o uso de lubrificantes de alta performance, especialmente os sintéticos, e o respeito às exigências da montadora em termos de desempenho e intervalo de troca contribuem para a preservação das características originais do motor.
Sendo assim, ele alerta que os lubrificantes de alta quilometragem só devem ser usados quando os sinais de desgaste do motor estiverem evidentes. Caso contrário, basta manter o uso do lubrificante original.
Quanto aos óleos para diferentes combustíveis (etanol, flex ou GNV), o consultor Marco Antonio de Almeida, da Petrobras, conta que até os anos 90 havia necessidade de uma formulação para o motor a álcool, pois sua queima gera subprodutos diferentes da gasolina, como a água.
Neste caso, é importante que a água seja envolvida pelo óleo para evitar corrosão. Por isso os lubrificantes com apelo flex têm aditivos para realçar a miscibilidade, ou seja, a capacidade de formar uma mistura homogênea entre água e óleo.
Mas com a evolução técnica, a partir da classificação SL não houve mais necessidade de formulação específica para o etanol.
“Afinal, a gasolina brasileira possui em sua composição 27% de etanol e, portanto, o lubrificante já lida necessariamente com a presença desse combustível”, explica Campos.
No GNV, diz Almeida, o funcionamento no motor é similar ao da gasolina e não é preciso um óleo próprio.