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Startups querem mudar completamente o jeito de comprar e vender carros

Startups prometem soluções para melhorar o comércio de carros entre lojistas e particulares. Veja o que cada uma faz e oferece

Por Fernando Miragaya
Atualizado em 2 abr 2024, 15h05 - Publicado em 8 nov 2021, 11h51
Kavak
 (Divulgação/Quatro Rodas)
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Kavak
(Divulgação/Quatro Rodas)

Desde sempre comprar e vender um carro, para quem não é do ramo, pode ser uma fonte de angústia, medo e preocupação. Entre as partes, vendedor e comprador, existe uma eterna desconfiança: de um lado, de o carro estar cheio de defeitos; do outro, de ser vítima de um golpista. A única diferença de hoje em dia para os tempos que Lessa era goleiro do Bahia (no início dos anos de 1950) é que os anúncios são on-line, na maioria das vezes.

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Com a promessa de oferecer solução para o desconforto, o medo, a desconfiança e o tempo gasto, surgiram nos últimos tempos diversas plataformas digitais. São startups, muitas de países como Argentina e México, que fazem a ponte entre quem quer comprar e vender um carro seminovo, seja lojista ou particular.

Garantias generosas, preços abaixo das tabelas de mercado e certificações dos carros são alguns dos benefícios oferecidos.

Deu certo com Joyce Florio, 46 anos. A engenheira que mora em São Paulo (SP) se deparou com um anúncio da Kavak no Instagram e resolveu experimentar o serviço de vender e comprar pela plataforma.

Depois de uma pré-avaliação de seu carro e de pesquisar alguns carros seminovos on-line, ela resolveu a troca do seu carro em menos de um dia.

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“A conveniência de fechar negócio é o principal destaque, mas outro ponto forte é a garantia. O mercado tinha que mudar. Pelos meios convencionais, se você não quer perder dinheiro, você perde muito tempo para trocar de carro”, diz Joyce.

A maioria dessas empresas ainda se concentra em São Paulo, mas há muitas com  planos de expansão para outras praças. Conheça aqui algumas.

Karvi

Está há pouco mais de um ano em operação no Brasil e se propõe a agilizar a negociação de carros usados entre agências e concessionárias e o cliente final. A empresa trabalha com os modelos oferecidos pelos varejistas e promete fazer com que eles vendam melhor seus carros e que os clientes não percam tempo em busca do modelo ideal.

O processo começa com a seleção de carros oferecidos por uma rede cadastrada de concessionários e revendedores independentes.

Uma equipe da Karvi é enviada até o ponto de venda para fazer fotos do veículo e também uma inspeção mecânica de 280 itens. O automóvel, então, é qualificado, certificado e colocado à venda nos canais digitais da Karvi.

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Eles também ganham um QR Code, que ainda pode ser colocado em forma de adesivo no para-brisa do seminovo exposto na loja, o que possibilita que mesmo os clientes presenciais e passantes obtenham informações digitais sobre o carro.

Feirão de carros usados
Fenauto teme que aumento dos impostos estimule a informalidade na venda de carros usados (Ciete Silverio/Quatro Rodas)

Na outra ponta, no âmbito digital, a plataforma faz uma espécie de triagem para trazer clientes mais potenciais. “É uma pré-qualificação de o quão perto aquela pessoa está de comprar determinado veículo. Levamos motoristas que estão muito mais próximos ao momento da compra”, ressalta Matías Fernández Barrio, CEO e fundador da Karvi.

Para o cliente, uma das atrações é a garantia de um ano para os seminovos. A empresa tem parceria com uma companhia seguradora para oferecer essa cobertura. Logicamente, o comprador precisa respeitar as regras para gozar do benefício: realizar revisões e troca do lubrificante a cada seis meses – e do fluido da transmissão de acordo com os prazos determinados pelo fabricante.

A manutenção pode ser realizada em qualquer oficina, porém é necessário solicitar a nota fiscal eletrônica do serviço como forma de comprovação. Além disso, há um canal de pós-venda para os usuários pegarem orientações e tirarem dúvidas.

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Creditas/Volanty

Em 2019, a empresa que atuava no mercado de crédito resolveu fazer o que os economistas chamam de verticalizar. A Creditas passou a realizar a compra e venda de veículos de uma ponta a outra da cadeia, desde a pesquisa e aquisição, até a venda e pós-venda do bem. Recentemente, a companhia adquiriu a Volanty, startup que já atuava na intermediação de negócios com seminovos.

O processo da companhia consiste em comprar veículos seminovos para estoque. Os modelos, então, são levados para um centro automotivo em São Paulo com capacidade para até 3.000 veículos.

Auto
Cada plataforma tem seu sistema de trabalho. Mas, de modo geral, garantias generosas, preços abaixo das tabelas de mercado e certificações dos carros, além de comodidade e economia de tempo, são alguns dos benefícios oferecidos pelas empresas que estão em franco processo de expansão no país (Divulgação/Quatro Rodas)

Lá, além do estoque, funciona uma oficina de manutenção, onde os carros adquiridos são revisados. “Quase tudo é feito dentro de casa, desde funilaria mais básica até estética e mecânica. A confiança no produto é a questão mais importante para quem vai comprar um usado.

A gente garante a qualidade do carro, pois faz uma inspeção detalhada de mais de 200 itens”, explica Fabio Zveibil, vice-presidente de Soluções para Consumidores da Creditas. Neste sistema de escala e de qualidade, assegura que consegue pagar um preço mais alto para quem vende, e também repassar por um valor alto no mercado.

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Boa parte da negociação pode ser feita de forma digital ou presencial – a empresa tem um showroom e pretende abrir mais dois na capital paulista. Pelo portal, o interessado pode selecionar o carro desejado e fazer um cadastro. Um consultor, então, entra em contato e pode fazer uma videochamada para mostrar o veículo.

Toda a negociação é executada digitalmente, inclusive a pré-avaliação de um eventual usado do interessado. Há a opção de o cliente fazer um test- -drive de sete dias ou uma semana com o veículo anunciado.

Graças à origem da empresa, a Creditas oferece linhas de financiamento e, além disso, uma equipe de pós-venda cuida da documentação, inclusive com um cartório dentro do showroom.

Assim como as demais companhias deste segmento de mercado que surge, a empresa concede um ano de garantia para os modelos comercializados. As revisões devem ser feitas a cada seis meses ou 10.000 km nas oficinas credenciadas junto à empresa – e futuramente em suas próprias instalações.

Kavak

Uma das mais “antigas” e famosas startups desse setor, a Kavak tem só cinco anos de mercado, porém começou a atuar há poucos meses no Brasil com um modelo de negócio que também se baseia na compra e venda, especialmente de pessoas físicas.

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A plataforma também é 100% digital. Para a pessoa que vai vender, é possível fazer o contato por aplicativo e receber, em menos de dois minutos, uma oferta. Se o usuário concordar com o valor, é realizado o agendamento da inspeção do veículo, que pode ser feita na casa do vendedor, ou em um dos seis centros mantidos pela Kavak.

A vistoria leva, em média, 40 minutos e, conforme o estado do carro ao vivo, a oferta pode ser reajustada. Se o cliente aceitar, o pagamento é feito na hora e a transação burocrática é tocada pela Kavak, que tem parceria com cartórios.

“Temos uma ferramenta desenhada para isso, que consegue guiar o inspetor para fazer essa vistoria mecânica de forma mais eficiente e personalizada, com base em todos os dados do carro. Cada veículo tem um tipo de análise e o próprio aplicativo vai adaptando essa inspeção”, explica Roger Laughlin, CEO e cofundador da Kavak no Brasil.

A partir daí, esse veículo passa por uma revisão mecânica para ser posto à venda nos canais digitais da Kavak. A companhia defende que pratica preços justos porque adota valores que podem variar diariamente, de acordo com um algoritmo que aprende e acompanha a oferta e a demanda.

“É feita uma estimativa em quanto tempo tal carro será vendido, depois analisa-se a oferta e aí consegue-se oferecer um preço maior. E a pessoa pode receber um preço hoje e outro amanhã, maior ou menor, dependendo do que acontece nesse processo. Isso permite comprar e vender em escala”, garante Laughlin.

Segundo a empresa, a tecnologia usada em todo o processo é o que garante a rentabilidade da operação e também possibilita a garantia, que, no caso, é de dois anos.

Todos os modelos têm rastreador e se valem de telemetria para entender as condições de uso e as características do veículo, além do próprio histórico de problemas que uma linha de carros costuma apresentar.

Dessa forma, a empresa oferece um plano na hora da venda para que o cliente possa fechar um pacote pré-pago das quatro revisões que terá de fazer dentro da cobertura de dois anos.

InstaCarro

Faz um caminho diferente na intermediação. Sua proposta é fazer com que a pessoa física venda mais rápido e por um preço acima do que agências e concessionárias costumam pagar em uma transação direta. O curioso é que esse automóvel é vendido justamente para as pessoas jurídicas, ou seja, os lojistas.

“O que a gente oferece é uma solução que permite vender o automóvel no mesmo dia, por um preço acima da média. E existe tecnologia para conseguir essa precificação mais valorizada”, afirma Luca Cafici, CEO da InstaCarro.

InstaCarro
O app da Instacarro permite reservar o horário da vistoria e do leilão online (Instacarro/Divulgação)

Tudo também começa nas ferramentas digitais da empresa. A pessoa que quer vender o carro aciona a plataforma e é marcada uma vistoria, que leva, em média, de 20 a 30 minutos, e será feita na casa ou no trabalho do usuário – ou nas lojas da rede, que atua em nove cidades de São Paulo.

São feitas fotos e o carro vai a uma espécie de leilão em menos de 24 horas. Esse veículo é ofertado aos 4.000 lojistas cadastrados na plataforma. A maior oferta recebida é repassada ao vendedor, que pode aceitar ou não.

Se ele topar o negócio, a partir daí a InstaCarro garante o pagamento – mesmo que a agência de veículos dê para trás – e cuida da documentação.

“É muito difícil achar lojista que queira comprar on-line e geralmente o lojista vai pagar pouco pelo automóvel. Ou seja, é muito difícil falar com muita gente ao mesmo tempo e achar o lojista que vai valorizar o veículo. Esse sistema permite ter uma oferta muito melhor e mais rápida”, acredita o executivo.

Carupi

Carupi
(Divulgação/Quatro Rodas)

É outra startup que faz uma espécie de intermediação e consultoria para quem precisa ou quer vender seu carro. O interessado contrata a empresa, que envia um fotógrafo profissional para fazer imagens do veículo no local de preferência do vendedor. O modelo, então, é anunciado nas principais plataformas de compra e venda de carros.

Segundo a companhia, a performance do anúncio é monitorada semanalmente e a empresa ainda promete cuidar do test-drive, caso surja um interessado. Negociação e a burocracia da documentação também ficam a cargo da Carupi, que recebe uma comissão fixa de R$ 3.500 em cima do valor de venda.

“Como vendemos entre particulares, o valor pago na mão do vendedor ainda é, em geral, 20% acima do que receberiam em compras diretas para lojistas e empresas que compram carro para revender”, garante Diego Braga, CEO da Carupi.

O comprador também não precisa sair de casa. O test-drive, a intermediação, documentação e o pagamento ficam por conta da plataforma. A empresa diz que trabalha com diferentes bancos para financiamentos e ainda oferece os chamados executivos de solução, que orientam o cliente sobre como é melhor apresentar o carro.

Uma das curiosidades da Carupi é que ela anuncia trabalhar com preços de venda de carros abaixo da Tabela Fipe. “Não somos loja nem compramos carro para depois revender. Portanto, a Tabela Fipe não passa de uma referência.

Os clientes que estão dando upgrade no veículo ou vendendo para conseguir um capital imediato, trocando por um carro de menor valor ou afins, entendem que, se estão comprando um automóvel abaixo da tabela, terão que vender seu carro também nas mesmas condições”, defende Braga.

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