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VW Saveiro Cross Cabine Dupla

Sem porta atrás, ela imita a receita abandonada pela Strada no ano passado

Por Péricles Malheiros
Atualizado em 17 dez 2018, 15h52 - Publicado em 26 set 2014, 12h20
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A hegemonia da Strada é tão avassaladora (foram 75 318 emplacamentos no primeiro semestre de 2014) que algumas rivais que ousaram enfrentá-la ficaram pelo caminho, falecidas (casos da Peugeot Hoggar e Ford Courier) ou cambaleante (como a GM Montana, com 17 983). Mas com a Saveiro (34 409) é diferente: ela segue firme e isolada no segundo lugar.

“Chegamos a considerar opções com três e quatro portas, mas desistimos porque os reforços estruturais para que o projeto atendesse aos padrões VW elevariam o preço final a um nível impraticável”, diz uma fonte ligada à marca. O problema é que a Saveiro CD (cabine dupla) nasce com uma configuração da qual a Strada se livrou no fim do ano passado, sem porta na traseira. E a Fiat, de novo, parece ter entendido melhor o consumidor. Comparando as vendas no primeiro semestre de 2013 (quando só existia a carroceria com duas portas) com as do mesmo período de 2014 (só três portas), nota-se que a participação da cabine dupla no mix de vendas gerais subiu de 45% para 50%.

Assista ao vídeo da Saveiro Cabine Dupla!

Mesmo utilizando uma porta grande – de 1,06 metro, oriunda do Gol duas portas -, o acesso à parte traseira da Saveiro CD exige certo contorcionismo. Além da porta extra, a Volkswagen deixou de fora o sistema que bascula o encosto dos bancos dianteiros e permite o deslizamento simultâneo do conjunto para a frente, retornando à posição original após o embarque ou saída de quem vai atrás. Ou seja, ainda que sejam reclináveis, os bancos atrapalham o acesso, principalmente quando está posicionado para motoristas de estatura elevada.

Apesar de restrito – quase tanto quanto na Strada -, o ambiente no banco traseiro da Saveiro é agradável. Há vidros basculantes, porta-copos e tomada 12 volts. Na traseira, a janela é fixa, mas tem desembaçador e barras externas de proteção. O encosto tem três apoios de cabeça, mas não se iluda: apenas dois viajam lado a lado. Abaixo do assento, uma portinhola esconde um prático porta-ferramentas, que acomoda o macaco e o triângulo.

Por fora, a extensão da cabine é acompanhada de um enxerto no teto. Ele é o responsável pelo bom nível de espaço para a cabeça, tanto na dianteira (100,9 cm) quanto na traseira (94,5 cm) — a Strada tem, respectivamente, 97 e 94,5 cm. A elevação do teto da cabine é discreta, passa quase

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despercebida. Guilherme Knopp, designer da Volkswagen, diz: “Não é à toa. As barras longitudinais sobre o teto camuflam quase que por completo a área elevada. O conjunto tubular tem ainda uma prancha na parte traseira que funciona como defletor para evitar o turbilhonamento de ar sobre a capota marítima, que em alta velocidade funcionaria como o couro de um tambor batendo com a passagem do vento e provocaria ruído”. O step side (degrau lateral) que a Saveiro copiou da Montana deixa de existir na cabine dupla. Como leva o estepe sob o piso – e não apoiado nele, como ocorre na Strada -, a Saveiro tem toda a área da caçamba disponível para carga. O acesso é fácil, pois a tampa tem molas a gás que permitem uma movimentação progressiva. O brake-light no teto tem luzes de cortesia, acionadas por um botão no painel.

Super-ABS

A versão cedida para teste, Cross, de R$ 59 990, traz o motor mais novo da VW, o EA211 1.6 16V da família MSI, de 120/110 cv, sem tanquinho de partida a frio. As demais versões da Saveiro CD (Trendline, mais básica, de R$ 47 490, e Highline, intermediária, de R$ 52 720) seguem com o EA111 1.6 8V, de 104/101 cv e com tanquinho. O pacote da Cross CD conta com as mesmas novidades introduzidas no início do ano na cabine estendida. O ABS com bomba hidráulica e central eletrônica com maior capacidade de processamento de informações é o destaque. Graças a ele, a Cross tem sistemas de controle de estabilidade e tração, de auxílio de saída em rampas e função off-road. Esta última tolera, em uma frenagem em descida, breves travamentos das rodas com o intuito de formar pequenos montinhos de areia ou pedra à frente dos pneus para auxiliar a parada da picape. Mas o destaque é a função EDS, concorrente do Locker, da Fiat. É, basicamente, um controle de tração que atua até 80 km/h, de forma automática. Quando os sensores captam diferença de velocidade de rotação entre as rodas, a bomba hidráulica do ABS aciona o freio da que está girando mais rápido, podendo até travá-la para que toda a força seja direcionada pelo diferencial para a roda que está apoiada no solo. “É um diferencial comum, mas que trabalha bloqueado em decorrência da atuação do ABS”, afirma José Luiz Loureiro, gerente de engenharia da VW. No off-road leve, como uma estrada de terra, por exemplo, em situações de perda de tração, o EDS da Saveiro (automático e ativo até 80 km/h) é, de fato, mais prático do que o Locker da Strada (acionado por botão e com funcionamento até 20 km/h).

As primeiras Saveiro com cabine dupla chegam às concessionárias em setembro.

DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO

O comportamento da suspensão da Saveiro está mais para o de um carro de passeio do que para o de um utilitário.

★★★★

MOTOR E CÂMBIO

Da mesma família do 1.0 três cilindros do Up!, o MSI 1.6 16V dá à Saveiro Cross números de pista melhores do que os da rival Strada Adventure.

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★★★★

CARROCERIA

A carroceria é bem-montada, assim como o interior. Mas, ao utilizar a fórmula que a Strada acaba de abandonar, a Saveiro cabine dupla sem porta extra dá a impressão de continuar uma fase atrás da arquirrival.

★★★

VIDA A BORDO

O espaço na traseira é bom, mas para chegar lá é preciso esforço.

★★★

SEGURANÇA

Alguns carros de luxo não oferecem controles de tração e estabilidade auxílio de partida em rampa, itens que a Saveiro Cross tem de série.

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★★★★

SEU BOLSO

Apenas R$ 630 a mais separam a Saveiro Cross da Strada Adventure, ambas com cabine dupla. A VW tem mais requinte e segurança e roda como um carro de passeio. A Fiat tem uma porta a mais e sua dirigibilidade é típica de picape.

★★★★

OS RIVAIS

Fiat Strada Adventure

fiatstrada.jpeg

Atrás, a suspensão tem feixe de molas. A porta extra facilita o acesso à traseira.

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Chevrolet Montana

montana.jpeg

Baseada no Agile, tem cabine estendida, motor 1.4 flex de 102/97 cv e design obsoleto.

VEREDICTO

Em conteúdo e eficiência não resta dúvida: a Saveiro vence a Strada. Mas a decisão de compra passa por outros pontos, como a versatilidade. E, nesse quesito, a picape da Fiat, com três portas, é a melhor.

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