Parece que foi ontem que a Fiat apresentou o novo Uno. E realmente não faz muito tempo: a versão que sai de cena agora para a entrada do modelo 2017 foi lançada no final de 2014, como linha 2015.
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Considerando a prática de indústria, o Uno teria de somar pelo menos três anos de mercado para ter direito à renovação. Mas desta vez ele ganhou um tipo de passe rápido para mudar sem ter que esperar na fila. Foi o programa Inovar-Auto, que estimulou as fábricas a atualizarem seus produtos.
Visualmente, o Uno mudou pouco. A única alteração estética ocorreu na dianteira, com a troca do para-choque e da grade. Na cabine, as alterações se resumem ao grafismo dos instrumentos, alterado de forma discreta, na escala dos mostradores e nas indicações do sistema de ar-condicionado.
Deixando de lado o visual, existe uma lista de inovações, a começar pelos motores. O Uno ganhou dois novos: um 1.0, de três cilindros e outro, 1.3, de quatro cilindros, de uma família global batizada internamente de GSE (Global Small Engine), mas cujo nome comercial é Firefly (vagalume, em inglês).
Entre as características que fazem esses motores limpos estão: bloco de alumínio (mais leve e com tempo de aquecimento reduzido), comando de válvulas variável (com diferentes estratégias de controle da combustão), taxa de compressão elevada (13,2:1) e sistema de partida a frio (que elimina o tanquinho, fonte de emissões evaporativas), entre outros recursos.
O cabeçote (alumínio) é convencional, com duas válvulas por cilindro. Mas a Fiat diz que optou por essa solução porque ela favorece a geração de torque em baixas rotações e possui menores perdas mecânicas na comparação com um sistema de quatro válvulas.
Além disso, porém, o Uno conta ainda com outros dispositivos de série em todas as versões que ajudam a melhorar seu rendimento, como direção elétrica e pneus com baixa resistência ao rolamento.
No que diz respeito à transmissão, o Uno segue com os conhecidos câmbios manual e automatizado, ambos de seis marchas, mas com relações mais alongadas (para economizar combustível) e, no caso do sistema Dualogic, como nova programação para tornar as mudanças mais suaves e rápidas.
Na linha 2017, o Uno terá seis versões, resultado do cruzamento de dois motores (1.0 e 1.3), dois câmbios (manual e Dualogic) e três padrões de acabamento e equipamento (Attractive, Way e Sporting). Os preços subiram entre 5% e 8%, dependendo da versão.
Os valores de tabela são os seguintes: Attractive 1.0, R$ 41.840; Way 1.0, R$ 42.970; Way 1.3, R$ 47.640; Sporting 1.3, R$ 49.340; Way Dualogic 1.3, R$ 51.990, e Sporting Dualogic 1.3, R$ 53.690.
Na apresentação, a Fiat disponibilizou versões 1.0 manual e Dualogic 1.3, para o primeiro contato. Mas na hora de enviar o carro para a pista de testes, a fábrica cedeu apenas duas configurações Attractive 1.0 e Way 1.3 equipadas com câmbio manual. Assim, vamos ficar devendo os números de desempenho das outras opções.
Em relação à Dualogic 1.3, podemos dizer por hora que, durante nosso test-drive, conseguimos perceber que as trocas de marchas realmente ficaram mais suaves, como a Fiat anunciou. Os espasmos, que alguns chamam de soluços, não desaparecem, mas se tornaram mais raros e discretos. A receita para evitá-los permanece a mesma: aliviar o pé do acelerador na hora da troca – algo que incentivará muitos proprietários a utilizarem os paddle shifts no volante.
Em relação ao comportamento, o Uno é o mesmo de sempre. A direção elétrica diminuiu o esforço nas manobras. Mas essa é a maior mudança. Somente os mais atentos vão notar que o nível de ruído e vibração do motor 1.0 está menor. Isso se deve ao balanceamento das partes internas do motor (que tendo três cilindros é naturalmente mais barulhento) e também à sua instalação sobre coxins redimensionados.
Na pista, o desempenho do Uno melhorou nas duas configurações, quando comparadas as suas antecessoras. Nas provas de aceleração de 0 a 100 km/h, o Uno Firefly 1.0 ficou com o tempo de 15,6 segundos, contra 17,7 segundos do Fire 1.0. E no consumo, enquanto o Firefly 1.0 conseguiu as médias de 13,7 km/l, no ciclo urbano, e 16,9 km/l, no ciclo rodoviário, o antecessor obteve, respectivamente, 11,4 km/l e 15,8 km/l.
Entre a dupla 1.3 e 1.4, a vantagem dos novos motores se repetiu. O Firefly acelerou de 0 a 100 km/h em 12,5 segundos e fez as médias de 13 km/l, na cidade, e 17 km/l, na estrada, contra as marcas do Evo 1.4, de 15,9 segundos, 11,2 km/l e 13,8 km/l, respectivamente.
Entre os novos equipamentos, os mais sofisticados, como controle de tração e estabilidade, sistema anticapotamento e assistente de partida em rampa, estão disponíveis apenas nas versões mais caras, que trazem câmbio Dualogic.
Mas desde a versão de entrada, Attractive 1.0 Flex, o Uno vem com duplo airbag, ABS, ar-condicionado, computador de bordo, vidros elétricos (dianteiros), travas elétricas e faróis de neblina de série. A Way 1.3 acrescenta a esse pacote dispositivos como sistema start-stop, chave canivete e rádio com entradas auxiliar e USB.
Como se vê pelo exposto aqui, as mudanças introduzidas na linha 2017 do Fiat Uno foram bem maiores do que os retoques de virada de ano que as fábricas costumam fazer.
VEREDICTO – Uno Attractive 1.0: o aumento de 5% pesa no preço de uma versão de entrada. Mas foi mais do que justificado pelas melhorias introduzidas no caso do Uno Attractive.
VEREDICTO – Uno Way 1.3 Dualogic: com motor maior e mais equipamentos, a versão Way 1.3 ficou 8% mais cara. Assim como a Attractive 1.0, porém, ela compensa a diferença com conteúdo.
Uno Attractive 1.0 | Uno Way 1.3 | |
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Aceleração de 0 a 100 km/h | 15,6 s | 12,5 s |
Aceleração de 0 a 1.000 m | 36,8 s – 137 km/h | 34 s – 152,1 km/h |
Velocidade máxima | 154 km/h | 177 km/h |
Retomada de 40 a 80 km/h | 9,7 s (em 3ª) | 8,9 s (em D) |
Retomada de 60 a 100 km/h | 13,1 s (em 4ª) | 13,1 s (em D) |
Retomada de 80 a 120 km/h | 27,7 s (em 5ª) | 25,9 s (em D) |
Frenagens de 60 / 80 / 120 km/h a 0 | 16,3 / 29,3 / 69,4 m | 16,5 / 30,6 / 69,7 m |
Consumo urbano | 13,7 km/l | 13,0 km/l |
Consumo rodoviário | 16,9 km/l | 17,0 km/l |
Uno Attractive 1.0 | Uno Way 1.3 | |
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Motor | flex, diant., transv., 3 cil., 999 cm3; SOHC, 6V, 72/77 cv a 6.000/6.250 rpm, 10,4/10,9 mkgf a 3.250 rpm | flex, diant., transv., 4 cil., 1.332 cm3; SOHC, 8V, 101/109 cv a 6.000/6.250 rpm, 13,7/14,2 mkgf a 3.500 rpm |
Câmbio | manual, cinco marchas, tração dianteira | automático, 5 marchas, tração dianteira |
Suspensão | McPherson (diant.) / eixo torção (tras.) | McPherson (diant.) / eixo torção (tras.) |
Freios | discos ventilados (diant.) / tambor (tras.) | discos (diant.) / tambor (tras.) |
Direção | elétrica, 9,8 m (diâm. giro) | elétrica, 9,8 m (diâm. giro) |
Rodas e pneus | aço, 175/65 R14 | aço, 175/70 R14 |
Dimensões | altura, 148 cm; comprimento, 382 cm; largura, 163,6 cm; entre-eixos, 237,6 cm; peso, 1.010 kg; tanque, 48 l | altura, 155,5 cm; comprimento, 382 cm; largura, 165,6 cm; entre-eixos, 237,6 cm; peso, 1.057 kg; tanque, 48 l |
Equipamentos de série | ar-condicionado, computador de bordo e vidros elétricos | start-stop, chave canivete, ar-condicionado e faróis de neblina |
Preço | R$ 41.840 | R$ 47.640 |