Fizemos aquilo que foi recomendado na entrega do BYD Dolphin: lemos o Manual para aprender suas funções e particularidades. Sempre é importante ler atentamente o Manual de um novo carro, mas, no caso deste elétrico, destrinchar seu guia rápido e seu livro de manutenção e garantia (juntos, não somam 150 páginas) foi vital para conhecer o veículo e saber como fazer bom uso dele.
Algumas descobertas deveriam ter sido passadas na entrega do veículo, como necessidade de amaciamento do motor elétrico e da transmissão, algo que é dispensado em muito carro a combustão. No Dolphin esse processo dura 2.000 km e deve ser feito conduzindo o carro apenas no modo Eco.
O guia também esclarece que dirigir de forma estável, evitando alta velocidade, pressão no pedal do acelerador até o fim e em velocidades constantes por muito tempo, seja ela alta ou baixa, aumentará a vida útil do carro. Por isso, vamos esperar os 2.000 km antes de fazermos os primeiros testes de pista com o carro.
As principais recomendações para preservar a saúde da bateria estão no Manual de Manutenção. Por exemplo, o documento recomenda que o BYD Dolphin seja recarregado em AC (carga lenta) pelo menos uma vez por semana e que evitem recargas constantes se o carro tiver rodado pouco (tentação que deve acometer nove entre dez motoristas temerosos de ficar sem energia ou simplesmente gostam de olhar para o painel e ver a bateria carregada). E a fábrica avisa que a regeneração de energia nas desacelerações é menor quando a bateria está mais vazia.
Caso o carro fique parado por muito tempo com baixa carga, há risco de sulfatação da bateria. E manter a carga abaixo de 5% por mais de 14 dias é motivo de quebra da garantia. Para preparar o carro para um longo período parado, o Manual recomenda que a bateria seja completamente recarregada e em seguida seja descarregada à faixa entre 60 e 40% por meio da utilização do ar-condicionado. Se o período se estender por mais de três meses, o Manual recomenda recarregar a bateria mensalmente, mas não diz se o procedimento de descarregamento precisa ser repetido.
A BYD recomenda que o carro seja recarregado após rodar, quando a bateria está mais quente, o que permite aumentar potência de carregamento (especialmente em eletropontos DC, rápidos). Da mesma forma, a tendência é que a recarga fique mais lenta com o carro frio (o Manual não diz exatamente o que é quente e frio e nem qual a temperatura ideal).
A recarga rápida no calor, com o ar-condicionado ligado, também vai diminuir a potência de recarga. Mas o arrefecimento da bateria pode ser ativado, gerando ruídos de ventoinha e compressor. A BYD não recomenda que os passageiros permaneçam no carro durante o carregamento.
De acordo com o livro, rodar na cidade (durante congestionamentos) e acima dos 120 km/h (em temperatura atmosférica acima dos 32 oC) são condições de uso severo. Mas usar o carro em regiões frias (novamente, sem informar temperaturas específicas) também configura uso severo.
Para situações de transposição de alagamento, o Manual não apresenta uma altura de imersão limite, mas indica que o ar-condicionado deve ser desligado antes de passar pela água e o carro não pode enfrentar o alagamento em marcha ré.
Plano de manutenção do BYD Dolphin
Todas essas informações de bateria e carregamento estão divididas entre os dois livretos. Em nenhum dos dois encontramos as características técnicas do BYD Dolphin, como dimensões, peso, capacidade de carga, dados do motor, capacidade da bateria e potência máxima de recarga em Corrente Alternada e Contínua (que são de 6,6 kW e 60 kW, respectivamente).
No primeiro carregamento, o app do carro (que só acessamos com a dica de um proprietário) mostrou uma potência efetiva de 5,9 kW. Em um carregador de 7,5 kW, levaria 2h40min de 68 a 100%.
Como falamos na chegada do Dolphin, o elétrico tem um plano de revisões com intervalos de 20.000 km ou um ano e nosso carro, por conta de promoção no momento da compra, tem direito às cinco primeiras revisões gratuitamente. Contudo, a calibração da bateria pode não coincidir com as revisões.
De acordo com a fabricante, o procedimento consiste em fazer uma recarga completa e, em seguida, uma descarga completa da bateria e deve ser feito “pelo menos a cada seis meses ou 70.000 km”. Outra intervenção é o rodízio de pneus, que em uma página é preconizado em intervalos de 10.000 km e em outra página, a cada 12.000 km.
Troca de fluidos também não serão feitas ao mesmo tempo. O líquido de arrefecimento do motor elétrico (3,5 l de “glicol ácido orgânico”) deve ser trocado a cada quatro anos ou 100.000 km, mas o líquido de arrefecimento da bateria (não especificado) deve ser trocado após os primeiros 40.000 km ou dois anos, e depois a cada 100.000 km ou dois anos. A cada 40.000 km ou dois anos deve ser feita a troca do óleo da transmissão (600 ml de “Castrol BOT384/ Shell ATF”) e a troca do fluido de freio (HZY 6).
A BYD, inclusive, explica que o proprietário não deve mudar as especificações do líquido de arrefecimento ou misturar com outro, atenta para que não seja colocado aditivo extra, e ainda recomenda que a troca ou complemento do fluido só seja feita na concessionária. Isso é extremamente importante: carros elétricos usam fluidos específicos (inclusive o gás do ar-condicionado) que evitam a condutividade elétrica dentro dos sistemas do veículo.
Cuidados com a bateria do BYD Dolphin
• Recarregar semanalmente em carregador AC
• Não fazer recargas constantes para manter a bateria cheia
• Não deixar o carro parado por longos períodos com baixa carga
• Não abrir o capô durante a recarga
• Não permanecer no carro durante a recarga
• A regeneração é mais fraca com a bateria em nível baixo
Como é a Garantia do BYD Dolphin?
O BYD Dolphin é anunciado com garantia de 5 anos ou 500.000 km, enquanto a bateria tem garantia de 8 anos sem limite de quilometragem. Mas o comprador precisa estar atento às exceções.
Antes de entrar neste mérito, vale esclarecer que a garantia da bateria não está vinculada à quilometragem, mas é importante atentar àquilo que a BYD considera normal: a bateria ter 60% da sua especificação de capacidade máxima. Ou seja, enquanto tiver pelo menos 60% dos seus 44,9 kWh, será considerada em condições normais.
Os sistemas de alta tensão e de baixa tensão, contudo, têm 5 anos de garantia, assim como o motor do carro.
Mas os componentes de desgaste têm apenas 1 ano de garantia. São eles: amortecedores, componentes da suspensão e da caixa de direção, rolamentos das rodas, rolamentos das rodas e borrachas de vedação. O normal em outros fabricantes é dar 2 anos de garantia nesses sistemas de maior desgaste.
Componentes de suspensão são naturalmente críticos no Brasil, especialmente em carros importados. A situação se agrava quando o carro não tem uma preparação (tropicalização) para o mercado brasileiro, como é o caso do Dolphin.
Ainda mais crítico que isso é que a enorme tela da central multimídia, que gira, também só tem 1 ano de garantia. O mesmo prazo de um ano vale para a tomada de carregamento do carro.
As primeiras impressões do nosso carro
O que o Manual é incapaz de fazer é que nos acostumemos com certas características. O documento enfatiza que o seletor do câmbio só inverte a marcha quando o carro está completamente imóvel. Ou seja: se o motorista colocar em R, mas não esperar o carro parar e acelerar, o carro segue em frente, o que realmente exige atenção: o carro anda no sentido oposto ao que se imagina, podendo ocasionar um acidente.
Na primeira chuva, notamos a inexplicável ausência do limpador traseiro. Além disso, o Dolphin só tem a função um toque apenas no vidro elétrico do motorista. Difícil também é entender o motivo de a tela de ajuste do ar-condicionado ter exibição de duas zonas de temperatura, se o ajuste para motorista e carona são redundantes: é um ar automático de apenas uma zona.
Essas são algumas coisas que surpreenderam nos primeiros dias de convívio com o Dolphin e que podem demandar algum costume da nossa equipe. Mas estamos ansiosos para que o forte cheiro de plástico da cabine se dissipe o quanto antes.
BYD Dolphin – 100 km
Versão | GS 180 EV |
Motor | elétrico, diant., transversal, síncrono, 95 cv, 18,4 kgfm |
Câmbio | automático, 1 marcha, tração dianteira |
Revisões | até 100.000 km: grátis |
Seguro | R$ 1.570 |
Consumo | No mês: 13,5 kW/100 km, com 100% de rodagem na cidade |
Carregamento | 3 kW, 30 min, R$ 0 |