A Fiat inventou o nome de um segmento para sua nova picape média, que chega às lojas no final de fevereiro. Segundo a empresa, a Toro é uma SUP, Sport Utility Pick-up, em português: Picape Utilitária Esportiva. Esse expediente consta dos manuais de marketing e tem o objetivo de apresentar a Toro como um produto único, diferenciado. Estratégias à parte, porém, esse nome diz muito sobre a Toro.
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De fato, a Toro, que foi desenvolvida a partir da plataforma do SUV Jeep Renegade, reúne características destes dois tipos de veículo: a robustez das picapes e o conforto dos SUVs. No design, a Toro exibe a estrutura clássica de picape, com compartimentos bem definidos para motor, cabine (dupla) e caçamba. Mas seu estilo é elegante. No lugar de para-choques salientes e estribos, ela exibe linhas suaves e superfícies limpas. Segundo a Fiat, a picape usa 30% das peças do Renegade. O pacote inclui parte da plataforma, suspensão dianteira, motores, câmbios, arquitetura elétrica e equipamentos.
Ao volante, a posição de dirigir elevada é algo que se encontra tanto em picapes quanto em SUVs, assim como o espaço interno que acomoda cinco pessoas com conforto. Mas, dinamicamente, a Toro passa longe do comportamento de uma picape.
Sua direção é leve e direta como a de um automóvel, o que faz da Toro um veículo fácil de manobrar. E a suspensão apresenta bom compromisso entre conforto e estabilidade. Ela segura firme a carroceria nas curvas ao mesmo tempo em que é eficiente ao absorver as vibrações em pisos irregulares – funcionamento bem diferente do que ocorre com as picapes médias em geral.
A diferença da Toro em relação às picapes tradicionais começa no chassi. A Fiat usa estrutura monobloco, no qual chassi e carroceria formam uma só peça, enquanto as picapes média têm base de longarinas que sustentam a carroceria. Só isso já é bastante revelador, uma vez que a estrutura monobloco tende a ser mais leve e, apesar disso, mais firme e resistente que o chassi de longarinas (ainda mais no caso da Toro, que conta com 85% de aços de alta resistência, segundo a fábrica). Mas a Toro tem outras particularidades, como a suspensão traseira do tipo multilink, que é mais eficiente que o convencional sistema de eixo de torção.
A Toro tem dimensões maiores que as da recém-lançada Renault Oroch, que por sua vez é maior que uma picape compacta como a Fiat Strada, e menor que uma picape média como a Chevrolet S10. Na distância entre-eixos, que indica quanto espaço é destinado à cabine, considerando Strada, Oroch, Toro e S10, respectivamente, as medidas são as seguintes (em centímetros): 275,3, 282,9, 299,0 e 309,6.
Automática básica
No fundo, a proposta da Fiat foi oferecer um veículo de uso urbano e não uma picape pura, um carro de trabalho. Isso fica claro quando se dirige a Toro. Mas outra prova nesse sentido é a linha de versões que chegam ao mercado. A Toro traz quatro configurações, resultado da combinação de dois padrões de acabamento (Freedom e Volcano), duas motorizações (1.8 flex, de 135/139 cv, e 2.0 diesel, de 170 cv), três opções de câmbio (manual de seis marchas e automáticos de seis e nove marchas) e dois tipos de tração (4×2 e 4×4).
A versão mais simples é a Freedom 1.8 flex automática de seis marchas 4×2, por R$ 76.500. Depois surgem as Freedom 2.0 diesel manuais 4×2 (R$ 93.900) ou 4×4 (R$ 101.900) e a top de linha, Volcano 2.0 diesel automática 4×4 (R$ 116.500), avaliada nesta edição – no futuro, deve ser lançada uma versão básica 1.8 flex manual. Além disso, a Fiat apresentou uma edição especial limitada, chamada Opening Edition (R$ 84.400), baseada na Freedom 1.8 flex automática 4×2, mas com diversos equipamentos e acessórios de série, como tela multimídia, sensores de chuva e crepuscular, câmera de ré e diversos detalhes visuais e de acabamento.
Os preços ficam acima da sua principal concorrente, a Renault Duster Oroch, tabelada em R$ 70.890 em sua versão mais completa, com motor 2.0 flex, tração 4×2 e câmbio manual. Já no andar de cima, a Chevrolet S10 mais acessível (a versão Advantage) sair por R$ 83.150. Entre os veículos a diesel, a principal referência é o próprio Renegade: a versão Sport 2.0 diesel com tração 4×4 e câmbio automático custa R$ 105.990.
Freedom 1.8 Flex 4×2 aut. (6 marchas): | R$ 76.500 |
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Opening Edition 1.8 Flex 4×2 aut. (6 marchas): | R$ 84.400 |
Freedom 2.0 diesel 4×2 manual: | R$ 93.900 |
Freedom 2.0 diesel 4×4 manual: | R$ 101.900 |
Volcano 2.0 diesel 4×4 aut. (9 marchas): | R$ 116.500 |
Tração sob demanda
No acabamento, além dos detalhes cromados na grade dianteira, ao redor dos faróis de neblina, nas maçanetas e nas soleiras, na parte externa, a top de linha Volcano conta com volante de couro, molduras imitando alumínio anodizado no console, nas saídas de ventilação e nas maçanetas e detalhes em preto brilhante no console e no volante.
A lista de equipamentos inclui quadro de instrumentos com visor eletrônico (TFT), ar-condicionado dual zone, central multimídia, luzes de posição e lanternas led, ESP, faróis de neblina direcionais e assistente de partida em rampa, entre outros. Bancos de couro, teto solar e extensor de caçamba são opcionais.
Para as versões Freedom pode-se esperar acabamento mais simples (sem cromados e couro no volante, por exemplo), e menos equipamentos (central multimídia e faróis de neblina direcionais ficam de fora do pacote de série), dependendo da opção 4×2 ou 4×4. Mas os recursos básicos, como banco do motorista com ajuste de altura, computador de bordo, painel com visor eletrônico, trio elétrico, sensor de estacionamento e ESP, são de série em todas as versões, assim como a porta da caçamba bipartida, que é uma inovação trazida pela Fiat na Toro. Além de ser mais fácil de manusear, esse tipo de abertura facilita o acesso à caçamba, uma vez que a tampa não se interpõe entre a pessoa e a carga.
O test-drive de apresentação da Toro não permitiu uma parada na pista de testes para conferir os números de desempenho. Mas, em compensação, a avaliação durou um dia inteiro, em um roteiro de 200 quilômetros passando por ruas, estradas e trechos de terra e areia, em Natal (RN).
Em todas as situações, a picape demonstrou um bom rendimento, até mesmo na hora de fazer as fotos na areia, onde todo o conjunto de motor e transmissão foi bastante exigido, pela repetição das passagens.A transmissão da Toro tem engates eletrônicos. Por meio de um botão giratório no console é possível selecionar os modos 4×2, 4×4 e 4×4 reduzida. Nos 4×4, a divisão da força entre os eixos ocorre de acordo com as condições de tração. A variação pode ser na razão de até 40% para a dianteira e 60%para a traseira.
De volta ao nome do segmento Picape Utilitária Esportiva, só o tempo dirá se ele será adotado pelo mercado. Em 2001, a Fiat usou a mesma estratégia para o Doblò, que foi classificado como uma multivan, mas o nome foi logo esquecido. Mas, de qualquer modo, a Toro é mesmo uma picape fora do padrão.
VEREDICTO
A Toro agrada, com direção leve, suspensão competente e espaço para cinco pessoas viajar com conforto.
Preço: | R$ 116.500 |
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Motor: | diesel, diant. transv. 4 cil. 16V, turbo, 1.956 cm³, 83 x 90,4 mm, 16,5:1, 170 cv a 3.750 rpm e 35,7 mkgf a 1.750 rpm |
Câmbio: | automático, nove marchas, 4×4 |
Direção: | elétrica |
Suspensão: | McPherson (diant.), multilink (tras.) |
Freios: | disco ventilado (diant.), tambor (tras.) |
Pneus: | 225/65 R15 |
Dimensões: | compr., 491,5 cm; altura, 1.74,3 cm; largura, 184,4 cm; entre-eixos, 299 cm; peso, 1.672 kg |
Caçamba: | 1 tonelada, 820 litros (1.225 litros, com extensor) |
Tanque de combustível: | 60 litros |
Desempenho: | 0 a 100 km/h em 10 s; vel. máx.: 188 km/h (dados de fábrica) |