Primeiro elétrico da Audi, o SUV até então chamado apenas de e-tron viu-se deslocado quando outros modelos passaram a ganhar versões elétricas, cujo sobrenome é sempre e-tron, como é o caso de Q4 e-tron e do futuro Q6 e-tron. Assim, para seguir um padrão e não causar ruídos de posicionamento, ele precisava de uma família para se encaixar.
A solução foi promovê-lo a irmão mais velho e refinado: o modelo passa a se chamar Q8 e-tron, como um Q8 elétrico, embora em nada se pareça com o modelo a combustão. Com a nova linhagem, o SUV passa por discretas mudanças visuais e fica mais eficiente, ganhando mais autonomia. Os preços vão de R$ 699.990 a R$ 711.990 nas versões Sportback, de carroceria cupê. Com carroceria de um SUV convencional, ele vai de R$ 669.990 a R$ 681.990 na versão topo de linha, Launch Edition, como a testada por QUATRO RODAS.
A sensação de déjà-vu com o Q8 e-tron não é por acaso, já que ele é praticamente o mesmo carro lançado em 2019. A dianteira recebe as mudanças mais significativas, mas que, ainda assim, são leves. O para-choque e a grade (com luz indireta na parte superior) foram redesenhados e dão ares mais esportivos. Ele também estreia o novo logotipo da Audi, sem relevos. Os faróis não mudaram e seguem com a iluminação matricial como um opcional de R$ 25.000. Nesta versão, o SUV incorpora o pacote Black Plus e substitui todos os cromados por preto brilhante.
De lado, a novidade fica por conta das rodas, que ganham novos desenhos em todas as versões. A Launch Edition tem as maiores, de 22 polegadas, e um bonito acabamento fosco. Os retrovisores digitais seguem como um opcional de R$ 15.000, mesmo para as versões mais caras, já que é um item polêmico. Falaremos mais sobre eles nos próximos parágrafos. Atrás, as lanternas contam com novo arranjo interno e o para-choque, redesenhado, traz a inscrição “e-tron”, já que apenas o nome Q8 aparece na tampa do porta-malas.
Por dentro, ao contrário do exterior, não há novidades no desenho, apenas alguma revisão nos materiais utilizados. Isso é bom, já que o SUV tem acabamento de primeira classe e o visual segue futurista, com poucos comandos físicos. Destacam-se a alavanca horizontal de câmbio e as três grandes telas para o quadro de instrumentos, a central multimídia e o ar-condicionado.
Entre os equipamentos, há ainda carregador de celulares por indução, ar-condicionado de quatro zonas, aquecimento de volante, iluminação ambiente com diversas combinações possíveis, câmera 360o, piloto automático adaptativo, frenagem autônoma de emergência, alerta de tráfego cruzado traseiro, monitoramento de pontos cegos e teto solar panorâmico. Falta head-up display e outros mimos como massagem, aquecimento ou ventilação nos bancos.
Assim como na tecnologia, o Q8 e-tron também é bem servido em conforto e espaço. Enquanto os bancos da dianteira parecem abraçar os ocupantes, os traseiros permitem que até duas pessoas viajem sem nenhum aperto em pernas, cabeça ou ombros. No console, existem comandos e as saídas de ar-condicionado. E o espaço do assento previsto para o terceiro ocupante pode ser usado pelos dois das laterais ao puxar um porta-copos embutido no encosto central, que também pode ser utilizado como apoio de braço. Logo atrás, o porta-malas oferece espaço de sobra, com capacidade de 569 litros.
A mecânica do Q8 e-tron apresenta novidades, mas mantém grande parte do que também já é visto desde 2019. O SUV segue com dois motores, um dianteiro e um traseiro (o que faz dele um veículo de tração integral), que somam 408 cv e 67,7 kgfm. O motor traseiro, porém, é novo e promete entregar maior eficiência energética.
Quem também mudou foi o conjunto de baterias, que está cerca de 20% maior: passou de 95 kWh para 114 kWh. Ela também passa a ter uma potência máxima de recarga maior, de 150 para 170 kW.
Com o novo conjunto, a autonomia média, segundo os nossos testes, é de 439 km, mas poderia ser melhor, já que as médias de consumo de 3,9 km/kWh na cidade e 3,8 km/kWh na estrada são altas. Na prática, é o preço que se paga por um carro de 2.720 kg com desempenho de esportivo.
Em nossos testes, ele foi de 0 a 100 km/h em 5,9 segundos. É rápido, mas fica atrás de modelos como o GWM Haval H6 PHEV (híbrido plug-in), que com os 393 cv de seus três motores, faz a mesma aceleração em 4,9 segundos, e que o também elétrico BYD Tan, que cumpre a prova em 5 segundos.
Mas é claro que o Audi tem seus predicados que compensam o menor desempenho, e a dirigibilidade é o principal deles. O Q8 e-tron tem ajuste de suspensão que beira a perfeição, com rigidez ao rodar, o que ajuda na estabilidade e na esportividade do modelo, mas conforto quando é necessário, como em pisos acidentados. A direção é direta, mas com peso adequado ao tamanho e peso do SUV para não parecer artificial.
–O Q8 e-tron proporciona outras experiências ao volante. Além do modo B no câmbio, que ativa a condução “one pedal” (na qual basta soltar o pé do acelerador para que o carro realize a frenagem automaticamente), há duas aletas atrás do volante que controlam essa desaceleração (consequentemente, a regeneração) em dois níveis quando o câmbio estiver no modo comum, em D.
Os já citados faróis matriciais, por sua vez, têm funcionamento inteligente e, de certo modo, divertido. Ao abrir e desligar o veículo, eles projetam animações de boas-vindas ou despedida à frente, e há diversas opções. Em movimento e em locais escuros, como rodovias, os faróis se mantêm em facho alto, mas sem ofuscar ninguém com um funcionamento ativo que busca iluminar pontos escuros, mas desviando de outros veículos. É de alta eficiência. Na mesma situação, eles projetam uma faixa com setas no chão, à frente do veículo.
Por fim, os polêmicos retrovisores, que não por acaso são opcionais. Na busca por reinventar algo que dá certo em seu modo tradicional, os retrovisores são representados por câmeras, cujas imagens são reproduzidas nas portas dianteiras. Além de, por fora, não serem esteticamente agradáveis (parecem estar quebrados), criam pontos cegos (apesar do bom ângulo de visão e da imagem de qualidade) e nos fazem perder um pouco a noção de espaço nas laterais do carro. Pode até ser questão de costume, mas é melhor ficarmos com o bom e velho espelho retrovisor.
Veredicto Quatro Rodas
Apesar da mudança familiar, o elétrico mantém seus melhores atributos e reforça o bom desempenho e a boa autonomia.
Ficha Técnica – Audi Q8 e-tron
Motor: elétrico (dois), 408 cv, 67,7 kgfm
Bateria: íon-lítio; 114 kWh; autonomia, 439 km
Recarga: capacidade, até 170 kW; 10 a 80% em 31 minutos, a 170 kW; carregador doméstico de 22 kW acompanha a versão Launch Edition
Câmbio: automático, 1 marcha + ré; tração integral
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (diant.) e multilink (tras.)
Freios: a disco (tras.) e disco ventilado (diant.)
Pneus: 265/40 R22
Dimensões: comprimento, 491,5 cm; largura, 218,9 cm; altura, 163,3 cm; entre-eixos, 292,8 cm; peso, 2.720 kg; porta-malas, 569 litros
Teste Quatro Rodas – Audi Q8 e-tron
Aceleração | |
0 a 100 km/h | 5,9 s |
0 a 1.000 m | 25,9 s – 197,3 km/h |
Velocidade máxima | 200 km/h* |
Retomadas | |
D 40 a 80 km/h | 2,2 s |
D 60 a 100 km/h | 2,5 s |
D 80 a 120 km/h | 3,2 s |
Frenagens | |
60/80/120 km/h a 0 | 13,2/23,4/54,8 m |
Consumo | |
Urbano | 3,9 km/kWh |
Rodoviário | 3,8 km/kWh |
Ruído interno | |
Neutro/RPM máx. | 37/- dBA |
80/120 km/h | 56,4/62,5 dBA |
Aferição | |
Velocidade real a 100 km/h | 98 km/h |
Rotação do motor a 100 km/h | – |
Volante | 2 voltas |
Seu Bolso | |
Preço básico | R$681.990 |
Garantia | 2 anos |