Não dá pra negar: o AMG GT com quatro portas é a resposta da Mercedes ao sucesso do Porsche Panamera.
QUATRO RODAS foi até o Circuito das Américas, em Austin, Texas, nos Estados Unidos, para conhecer a versão top de linha 63 S, a mais cotada para ser vendida no Brasil, a partir do Salão do Automóvel de São Paulo, em novembro – as primeiras entregas, no entanto, só acontecerão no primeiro trimestre de 2019.
O porte impressiona: são 5,05 metros de comprimento, ou seja, 35 cm maior que um Toyota SW4. O Panamera tem os mesmos 5,05 metros – viu como eles são concorrentes?
Outro ponto comum entre os sedãs-cupês alemães de alto desempenho está na solução de estilo da área envidraçada.
Ambos apresentam um vidro bipartido na porta traseira acompanhado de uma terceira peça, fixada na coluna C.
Todo o desenho do perfil, como não poderia deixar de ser, é bastante parecido com a linha de teto se estendendo da coluna A até a extremidade traseira, incorporando a tampa do porta-malas.
Não espere encontrar neste lançamento da Mercedes uma simples versão quatro portas adaptada do AMG GT.
Toda a estrutura foi trabalhada do zero para garantir máxima segurança e, claro, performance invejável.
A busca pelo maior índice de rigidez torcional e ideal distribuição de peso entre os eixos, levou a algumas medidas extremas.
A cuba traseira que abriga boa parte das centrais eletrônicas do carro e as torres dos amortecedores dianteiros, por exemplo, são de alumínio.
A aplicação do mesmo material na parede estrutural montada atrás do banco traseiro chegou a ser estudada, mas, por conta do peso ainda mais reduzido, a marca optou por uma placa de fibra de carbono. O peso declarado do carro é de 2.045 kg.
Como não poderia deixar de ser, o AMG GT 63 S tem o melhor powertrain da casa. O V8 4.0 biturbo com injeção direta de combustível e 32 válvulas é uma usina de avassaladores 639 cavalos de potência e 91,8 mkgf de torque.
De acordo com a marca, o esportivo é capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 3,2 segundos, podendo atingir 315 km/h de velocidade máxima. Mas o que mais impressiona não é somente o que ele faz, mas como ele faz.
Na cola do ex-piloto de Fórmula 1 e tricampeão de DTM, Bernd Schneider, tomei contato com o Circuito das Américas, a pista onde é realizada a etapa americana de Fórmula 1.
Daríamos quatro voltas: uma de reconhecimento, duas lançadas e mais uma de resfriamento do equipamento e retorno para os boxes.
Felizmente, Schneider estava animado. Antes mesmo do final da primeira volta, pelo rádio, ele me guiava: “A partir de agora, continue acelerando tudo, por três curvas, sem aliviar o pé”.
Quem era eu para desobedecer? Foi aí que me senti, de fato, encaixado no carro, como se diz no automobilismo.
Com o modo Race selecionado, o GT 63 S é comunicativo ao extremo. Reativo, contorna curvas com uma capacidade assustadora.
Ao mesmo tempo, transmite uma sensação de segurança que me permitiu, a cada volta, estender meu próprio limite.
Na última volta quente, já estava familiarizado a ponto de brincar com pedais e volante, dando pé nas saídas de curva para, em seguida, girar o volante no sentido oposto.
Lógico que toda essa diversão não é mérito apenas do motor com potência e torque brutais. A transmissão é baseada numa caixa automática de nove marchas, com distribuição de tração nas quatro rodas.
Rápida e assistida eletronicamente, ela funciona com absurda precisão independentemente do modo de condução do motorista.
Pise leve e as marchas são trocadas em torno de 1.500 rpm, com foco no silêncio e na economia de combustível.
Ative o modo Race e entenda o que é ter nas mãos um AMG de sangue quente. Motor, câmbio, controle de estabilidade, direção, suspensão e distribuição de tração passam a ser gerenciados eletronicamente de modo a priorizar a alta performance.
A suspensão pneumática, geralmente preterida para o uso na pista por conta das reações lentas, trabalha com excelência. Amortecedores e molas pneumáticas entregam o melhor de dois mundos opostos.
Suave e confortável nos modos mais pacatos e rígida e instantânea sob tocada esportiva.
Só depois de retornar aos boxes, lembrei que além do lado exterior e da parte técnica, o AMG GT quatro portas – assim como qualquer outro carro – tem também a parte de dentro. E quanta beleza interior!
Equipamentos analógicos não tiveram vez neste projeto. Tudo é digital. Você até pode optar por um layout com ponteiros, mas os mostradores serão representados em uma das duas telas de alta definição.
A configuração do pacote Brasil de equipamentos é bastante generosa, o que significa que o nosso AMG GT quatro portas será bastante parecido com o modelo testado em Austin e que ilustra essa matéria.
No painel, um aplique de fibra de carbono com resina de alto brilho oculta em sua parte inferior um sistema de iluminação por leds coloridos: calma, o roxo que aparece nas fotos é apenas uma das cores disponíveis.
Os difusores de ventilação (quatro centrais e um em cada extremo do painel) também são iluminados.
O volante com base reta eleva o conceito de multifuncionalidade ao extremo: praticamente todos os sistemas do AMG GT podem ser configurados sem que o piloto desvie a atenção da pista.
No console central, uma base sensível ao toque também permite a operação pelos principais recursos do carro.
Os bancos são tão versáteis quanto o carro em si. Em nenhum momento do test-drive na pista de corrida senti falta de apoio lateral e, ainda assim, são tão confortáveis e repletos de ajustes quanto o banco de uma classe executiva de avião.
Atrás, o nível de espaço é menor do que o esperado para um carro desse porte. Por conta da longa queda da linha do teto, o banco fica em posição baixa e um tanto avançada em direção ao centro. Adivinhe? O Panamera sofre da mesma limitação.
Se você vai visitar o Salão do Automóvel e não quer ser pego de surpresa, já sabe: reserve R$ 1.084.900 e bom negócio!