Até 2040, grande parte da frota mundial de carros irá circular pelas ruas e estradas de maneira autônoma, isto é, sem a necessidade ter um motorista humano à frente do volante. Esta é a previsão dos membros do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE), uma das maiores organizações profissionais de engenharia do planeta.
Em entrevista à EXAME.com, Alberto Broggi, membro sênior do IEEE e professor da Universidade de Parma (Itália) disse ainda que esta realidade está cada vez mais próxima de se concretizar. Há dois anos, um comboio de carros autônomos da equipe do Laboratório de Visão Artificial e Sistemas Inteligentes (VisLab), do qual Broggi faz parte, percorreu 15 mil km, da Itália até a China.
A viagem, que durou 100 dias, foi um sucesso e trouxe uma conclusão importante: “A tecnologia de câmeras, radares e lasers que existe hoje já é suficiente para que estes veículos sejam capazes se conduzir de maneira autônoma em várias circunstâncias”, pontuou o pesquisador.
Outro exemplo é o carro high tech do Google que recebeu este ano uma autorização do governo do estado de Nevada, nos Estados Unidos, para circular em vias públicas. Mas além da empresa de Sergey Brin e Larry Page, a equipe de Broggi está fazendo avanços importantes no que diz respeito aos carros sem motoristas.
Mas então, o que segura o desenvolvimento em massa destes carros? A resposta, segundo o pesquisador, está justamente na habilidade que estes veículos ainda precisam desenvolver para que sejam capazes de contornarem situações inesperadas que podem acontecer durante o seu trajeto.
Por isso, a estratégia, por enquanto, é testar o desempenho de tais tecnologias em inúmeras situações e o quanto for necessário. “Suspeito, porém, que em até dez anos vamos ver estes veículos circulando em algumas estradas”, estimou.
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O futuro com veículos autônomos
Quem se animou com a ideia de ter um carro capaz de dirigir por você e levá-lo para onde quiser, pode tirar o cavalinho da chuva: Broggi se diz convencido de que, no futuro, veículos não vão mais ser propriedades individuais.
“Todos os carros serão públicos e as pessoas vão utilizá-los pelo tempo que for necessário”. Segundo suas estimativas, automóveis permanecem parados, em média, por até 90% do seu tempo. Fato que torna a ideia de compartilhamento ainda mais inteligente. Mas é claro que isso também vai depender da disposição das pessoas em abandonarem seus próprios veículos.
Quanto às mudanças em termos de infraestrutura, necessárias para acomodar estes novos carros, Broggi vê mudanças sutis, que talvez passem despercebidas da maioria das pessoas. Ao invés de semáforos, sinais de rádio vão ajudar os veículos a se localizarem e compreenderem onde estão as faixas, por exemplo. No mais, ruas e estradas devem continuar como sempre foram.
Já em relação ao design dos novos veículos, os amantes de carros podem ficar despreocupados. “Eles precisam ser como os carros de hoje”, afirma Broggi. “Estamos trabalhando com sensores pequenos e tentando mantê-los escondidos. Nosso carro é como qualquer outro, ninguém percebe a diferença”, completou.
Ou seja, tirando o fato de que não haverá ninguém à frente da direção, carros autônomos serão como os convencionais. A vantagem é que podem trazer ainda mais segurança para as estradas, uma vez que não bebem e nem sentem sono, brincou Broggi, e ainda podem ajudar a reduzir o trânsito nas ruas.