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Uma volta no Aston Martin DB5 de Sean Connery em 007 contra Goldfinger

Dos sets de filmagem para as ruas, uma volta no mais clássico carro dirigido por Sean Connery, o Aston Martin DB5, e sua versão moderna, o DBS

Por Ben Oliver
Atualizado em 31 out 2020, 18h26 - Publicado em 31 out 2020, 18h26
Uma volta com os DB5 e DBS usados pelo 007 (Mark Bramley/Quatro Rodas)

Publicado originalmente em setembro de 2010

Ele é o carro mais famoso do mundo. Desde os anos 60, a coleção de carrinhos de nenhum menino estaria completa sem uma miniatura de ferro deste modelo: o Aston Martin DB5 1964 pilotado por Sean Connery em 007 contra Goldfinger e 007 contra a Chantagem Atômica.

Em 27 de outubro, em uma sala de leilões em Londres, um desses garotos – agora milionário e provavelmente acima dos 40 anos – poderá comprar o carro real, mas por preço bem maior que o de uma miniatura. Prevê-se que o Aston original de James Bond seja vendido por 5 milhões de libras (13,7 milhões de reais), tornando-o facilmente o objeto de filme mais caro vendido em um leilão e provavelmente o terceiro carro de maior valor já leiloado.

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Ele é por si só um astro de cinema, bem como um ícone insubstituível. E não apenas tivemos a chance de dirigi-lo, mas também de colocá-lo frente a frente com o último carro de 007, o Aston Martin DBS construí­do para Daniel Craig pilotar em Quantum of Solace. A despeito dos 45 anos que separam as duas máquinas, as semelhanças são notáveis.

DB5 1964 usado nos primeiros filmes de Sean Connery como 007 tem desgaste natural (Mark Bramley/Quatro Rodas)

Mas, antes de falarmos como é dirigi-los, um pouco de história. O vínculo entre James Bond e a Aston Martin é provavelmente a inserção de produto mais duradoura e mais valiosa da história do cinema. Para Goldfinger e Chantagem Atômica, os primeiros filmes em que Bond usou um Aston Martin, quatro DB5 foram equipados com seus acessórios exclusivos.

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Metralhadoras retráteis, cortadores de pneus, chapa retrátil à prova de balas, placa do carro rotativa, assento ejetável, tudo foi projetado pelo guru John Stears, ganhador do Oscar por efeitos especiais, que também trabalhou em Star Wars. Depois dos filmes, as vendas da Aston saltaram 60% nos anos seguintes.

Dois dos DB5 do filme foram usados só para publicidade e, apesar de nunca terem aparecido na tela, um foi vendido por 2,1 milhões de dólares em 2006. Um dos dois veículos usados nas filmagens foi furtado em um aeroporto na Flórida em 1997, tendo supostamente sido desmanchado.

Lançador de fumaça do DB5 (Mark Bramley/Quatro Rodas)

Assim, dos dois carros que efetivamente estrelaram no filme, resta somente este: o FMP 7B, que pertence ao DJ e milionário americano Jerry Lee. Ele foi usado nas cenas de estrada em que Bond persegue o Rolls-Royce de Goldfinger na Suíça, entre outras.

Externamente, somente as placas do carro e os contornos da chapa retrátil à prova de balas no porta-malas e do painel ejetor no teto diferenciam o carro de um DB5 normal, que atualmente pode ser comprado por 150.000 libras (410.000 reais). Para um astro do cinema e um carro de 5 milhões de libras, ele está tranquilizadoramente desgastado: você pode dirigi-lo sem se preocupar em desvalorizá-lo se arranhar sua pintura.

Cortador de pneus é encaixado manualmente (Mark Bramley/Quatro Rodas)

Os assentos de couro cinza ocupados pelo jovem Connery estão gastos, e o longo e pesado cortador de pneus (que não é retrátil, precisando ser instalado com a mão) está casualmente jogado no banco de trás.

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O motor 4.0 de seis cilindros e 282 cv dá partida instantaneamente, soltando um uivo forte e áspero ao funcionar. Ele proporciona uma aceleração que impressiona bastante, mesmo pelos padrões atuais. É fácil se esquecer de que, ainda que sem os aparelhos especiais do 007, em 1964 o DB5 era uma das coisas mais rápidas e sexy da estrada.

A metralhadora tem acionamento automático (Mark Bramley/Quatro Rodas)
Esguicho de óleo para despistar o inimigo continua por trás das lanternas (Mark Bramley/Quatro Rodas)

À medida que dirijo, meu polegar insiste em ficar levantando a parte de cima da manopla do câmbio, que cobre o disparador do assento ejetável. Felizmente, esse é um dos poucos equipamentos especiais que não funcionam. O telefone oculto na porta não permite que você fale com “M”, mas a tela de radar oculta por uma tampa do painel pelo menos faz um bipe e pisca quando você a revela.

Mas o painel secreto escondido no descanso de braço controla as coisas legais. Os botões de óleo, pregos e fumaça não fazem o que prometem, mas o “m-gun” realmente faz com que as metralhadoras da frente sejam estendidas. O “bullet-screen” levanta a placa à prova de balas na traseira e o botão rotativo marcado S, B e F alterna a placa do carro que está sendo exibida, entre suíça, britânica e francesa.

Parte interna do DB5 ainda preserva todos os acessórios do espião inglês (Mark Bramley/Quatro Rodas)

Tudo se move com suspiros e pancadas precisas, da mesma forma que os artesãos da Aston criaram há 46 anos. Os sistemas elétricos e hidráulicos que fazem tudo isso funcionar ficam ocultos no porta-malas e também foram revisados.

Em contraste, o DBS de Quantum of Solace não conta com um único equipamento de espião. O 007 de Daniel Craig é um personagem mais determinado e realista que os James Bond anteriores, e precisa de um carro de acordo. Então, as engenhocas mais extravagantes ficaram de fora.

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Tela do radar que emite bipes (Mark Bramley/Quatro Rodas)
Detalhe do apoio de braço que aciona a placa blindada (Mark Bramley/Quatro Rodas)

Quando veio a convocação de fornecer o carro de Bond em Casino Royale, o DBS ainda era tão novo que só existia como modelo de argila. Projetado para ficar entre o elegante e confortável DB9 e o brutal DBRS9, exclusivo para competições, o DBS é “o carro mais masculino que jamais fizemos”, segundo Marek Reichman, projetista-chefe da Aston. “Internamente, nós o descrevíamos exatamente da mesma forma que o novo Bond: sujeito durão vestindo smoking. Foi uma combinação perfeita”, afirma.

Estacionado ao lado do DB5 original, as semelhanças visuais são óbvias, especialmente na forma da grade e das saídas de ar nas laterais, que pouco mudaram em 45 anos. Seu propósito também é o mesmo: o DB5 e o DBS são ambos expressos de grande calibre sob medida para cavalheiros essencialmente britânicos.

Sem “equipamentos de espião”, as únicas pistas da procedência do carro são as placas gravadas nas soleiras das portas e as placas italianas usadas na filmagem, que ainda estão no porta-malas.

A Aston Martin ainda é a proprietária do carro e é difícil estabelecer seu valor: a combinação Craig-DBS ostenta a credibilidade e a popularidade do par Connery-DB5, mas não teve ainda tempo de adquirir seu status icônico. Em um leilão, ele poderia alcançar o dobro do preço de um DBS padrão, que é de 170.500 libras (465.000 reais).

Placas giram quando muda de país (Mark Bramley/Quatro Rodas)
(Mark Bramley/Quatro Rodas)

É fácil criticar o DBS. O adicional de quase 50.000 libras (140.000 reais) em relação a um DB9 só oferece 40 cv a mais, um chassi retrabalhado e alguns equipamentos a mais. Porém, quando você dirige o DBS, começa aquele truque particular dos Aston Martin, que o faz ignorar suas pequenas falhas e querer muito ser dono de um.

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Todos os Aston conservam uma sensação palpável de produto feito a mão que alguns de seus rivais não conseguem passar, e existe uma profusão louca, mas magnífica, de materiais na cabine. Há couro simples, com grandes costuras brancas, mas também Alcantara no revestimento do teto, grande emprego de alumínio no painel, fibra de carbono cobrindo as portas e cristal na chave.

O DBS uiva e ruge, ele soa selvagem e vivo. Você poderia pensar que um V12 de 510 cv com câmbio manual seria difícil de dominar, mas a embreagem e a caixa são simples de sincronizar. Quando você reduz o DBS para segunda e pressionar aquele acelerador de curso longo até o fim, o carro dispara com energia elástica interminável.

(Mark Bramley/Quatro Rodas)

Uma condução calma, em baixa velocidade, revela rolagem (inclinação lateral) progressiva e controlada, e amortecedores firmes quando você exige mais do carro. A direção direta, calma e rápida dá a sensação de que o DBS tem metade do seu tamanho e peso, e os freios de carbono simplesmente deixam você escolher a velocidade que quer.

Não é à toa que o carro fez quase tanto quanto Daniel Craig para tornar o personagem novamente verossímil. No entanto, foi o DB5 que ajudou a despertar a obsessão mundial com Bond em primeiro lugar. Mas isso justifica gastar 5 milhões de libras em um Aston antigo que valeria apenas 150.000 libras se não fosse por um punhado de engenhocas que atualmente, nestes tempos de Avatar, parecem “low tech”?

Observe a reação de outros motoristas, quando você estender as projeções dos para-choques no tráfego, e os 5 milhões parecerão uma pechincha.

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Ficha técnica – Aston Martin DB5*

Motor: dianteiro, 6 em linha, 12V, 3 995 cm3, 282 cv a 5 500 rpm, 39,8 mkgf a 3 850 rpm

Câmbio: manual de 4 marchas (5 a partir de 1964), automático de 3 opcional; tração traseira

Dimensões: comprimento, 457 cm; largura, 168 cm; altura, 135 cm; entre-eixos, 259 cm, 1 466 kg

Desempenho: 0 a 96 km/h, 7,1 segundos; velocidade máxima, 230 km/h

* Modelo original

Ficha técnica – Aston Martin DBS

Motor: dianteiro, V12, 48V, 5 935 cm3, 510 cv a 6 500 rpm, 58,2 mkgf a 5 750 rpm

Câmbio: manual de 6 marchas; tração traseira

Dimensões: comprimento, 472 cm; largura, 190 cm; altura, 128 cm; entre-eixos, 274 cm, peso 1 760 kg

Desempenho: 0 a 100 km/h, 4,3 segundos; velocidade máxima, 307 km/h

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