Se depender dos pesquisadores, não vai demorar até que os carros possam ser abastecidos com etanol proveniente de algas marinhas. Pesquisas com algas para a obtenção de combustível começaram no início da década de 70 nos Estados Unidos, no auge da crise do petróleo. Porém, os resultados não foram convincentes e os estudos foram engavetados.
No início dos anos 2000, o assunto foi retomado e os resultados, enfim, apareceram. Hoje, universidades americanas já possuem laboratórios capazes de produzir biodiesel com as plantas. Por aqui, empresas foram mais longe e descobriram uma forma inédita de fazer etanol de origem marinha.
“É possível produzir dois produtos a partir das cianobactérias. Para a produção de etanol, as algas são geneticamente modificadas. Com isso, conseguimos extrair uma mistura de água com cerca de 20% de etanol. Depois, é só destilar”, afirma Rafael Bianchini, diretor da filial brasileira da sueca SAT.
A empresa de pesquisa sueca, em parceria com a usineira pernambucana JB, desenvolve a primeira “fazenda” para fabricar diesel e etanol em grande escala a partir das algas. A primeira fase da usina tem inauguração prevista para o fim de 2013, e na área de 1 hectare será possível produzir até 1,2 milhão de litros de biodiesel por ano. Com a segunda etapa finalizada, em 2014, mais 1 hectare e 2,2 milhões de litros de bioetanol serão produzidos todos os anos.
Segundo Bianchini, a fabricação de etanol com algas é até 300 vezes mais eficiente que a do álcool convencional. Mesmo assim, a intenção não é competir. “São dois processos complementares. Utilizamos o CO2 da queima da cana como fonte para as algas realizarem a fotossíntese”, diz ele.
Enquanto o biodiesel apresenta coloração verde, o etanol de algas é destilado e ganha a mesma tonalidade do produto da cana. As duas empresas pretendem homologar o produto na ANP e comercializá-lo por preço equivalente ao do etanol já utilizado.