Um time de engenheiros da Chevrolet me aguardava para apresentar a nova geração do Camaro. Inocentemente, eu disse: “Não mudou quase nada”. Cada um daqueles técnicos incorporou o Camaro e me olhou com cara de poucos amigos. No lugar deles, eu teria reagido da mesma forma. Ou pior.
Apesar de num primeiro momento não parecer, esta é uma geração completamente nova do Camaro. Aliás, nova desde a base. Literalmente. Enquanto o Camaro anterior era montado sobre a plataforma Zeta, do Commodore (um sedã grande da Holden, a Chevrolet australiana), o novo deriva da arquitetura Alpha, dos Cadillac ATS e CTS.
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Mas há que se respeitar um mito. Apesar da nova arquitetura de base e da virada de geração, desenho, proporções e, acima de tudo, a personalidade do Camaro foram preservados.
O que muda é a versatilidade do modelo. Esta sexta geração conta, por exemplo, com um seletor de modo de condução pela primeira vez. Alterando parâmetros de funcionamento de itens como acelerador, motor, direção e câmbio, ele se mostra quase tão suave quanto um sedã familiar e ainda mais infernal do que a quinta geração.
O fato é que essas mudanças podem antecipar o passeio do Camaro por novos mercados, assim como a Ford fez com o Mustang, hoje vendido na China e em alguns países da Europa – e sabe-se lá o que a Ford do Brasil está esperando para trazê-lo para enfrentar o Camaro também por aqui.
Ou seja, o novo Camaro ganhou tecnologia para agradar a outros consumidores, que não só os norte-americanos. A virada de mesa deixou o Camaro mais compacto. Comparado ao antigo, está 57 mm mais curto, 18 mm mais estreito, 30 mm mais baixo e com entre-eixos 40 mm menor. O peso também foi levemente reduzido: de 1.790, passou para 1709 kg.
DNA preservado
Se você é dono de um dos mais de 5.000 Camaro já vendidos oficialmente no Brasil (segundo dados da própria marca), não se assuste: o carro está menor, mas a impressão ao volante segue inabalada por conta do capô descomunal, cintura alta e traseira larga.
No circuito de cones montado para a nossa avaliação – exclusiva, mas restrita ao campo de provas da GM–, dirigi a quinta e a sexta geração do Camaro. E aí sim deu para sentir o salto de qualidade de condução. O exemplar da geração anterior, cansativo como passear com um cão bravo, pediu muito mais trabalho de volante e pedais – mesmo assim, confesso, não impedi que ele atacasse alguns cones.
Já o Camaro da sexta geração, um cachorro ainda mais feroz, só que adestrado e com pronta resposta aos comandos, manteve-se o tempo todo sob absoluto controle. No modo mais manso, então, era um dócil, inteligente e obediente labrador.
Série especial
O Camaro que ilustra esta matéria é um exemplar da série Fifty, alusiva aos 50 anos do modelo e limitada a 100 unidades no Brasil – o preço inicial é de R$ 297.000, bem mais que os R$ 230.990 pedidos pela versão SS V8 oferecida anteriormente . Ele se difere dos Camaro SS normais pelas rodas aro 20 com desenho exclusivo, faixas alaranjadas no capô e pinças de freio personalizadas.
O motor é o imponente V8 6.2 com 461 cv e 62,9 mkgf de torque. No comando da usina, há um câmbio automático com oito marchas e opção de trocas sequenciais por meio de borboletas no volante. Painel com tela digital entre mostradores analógicos são outro claro sinal de que o Camaro está mais preocupado em agradar também a gregos e troianos, ou melhor, europeus e asiáticos.
Na pista de testes, os 55 cavalos a mais e os aprimoramentos aerodinâmicos em relação à geração anterior resultaram em melhoras no desempenho. A aceleração de 0 a 100 km/h caiu de 5,7 para 5,1 segundos. A retomada de 80 a 120 km/h passou de 3,4 para 2,9 segundos. Já o consumo – não que isso importe muito – passou de 10 par 11,3 km/l, com gasolina.
Veredicto QUATRO RODAS
A marca fez um belo trabalho: aproximou o Camaro dos motoristas comuns sem descontentar os pilotos mais experientes. E ainda manteve o desenho que o consagrou.
Teste de pista (com gasolina)
Aceleração de 0 a 100 km/h | 5,1 s |
Retomada de 40 a 80 km/h (em D) | 2,2 s |
Retomada de 60 a 100 km/h (em D) | 2,3 s |
Retomada de 80 a 120 km/h (em D) | 2,9 s |
Frenagens de 120 / 80 / 60 km/h a 0 | 57,0 / 25,4 / 14,6 m |
Consumo urbano | 7,4 km/l |
Consumo rodoviário | 11,3 km/l |
Aferição do velocímetro a 100 km/h | 95,5 km/h |
Rotação do motor a 100 km/h | 1.400 rpm |
Aferição do volante | 2,4 voltas |
Ficha Técnica
Motor | gas., diant., longitudinal., V8, 6.162 cm3, 16V, 461 cv a 6.000 rpm, 62,9 mkgf a 4.400 rpm |
Câmbio | automático, 8 marchas, tração traseira |
Suspensão | McPherson(diant.) / multilink (tras.) |
Freios | discos ventilados na frente e atrás |
Direção | elétrica |
Dimensões | comp., 478,4 cm; largura, 189,4 cm; altura, 134 cm; entre- eixos, 281,2 cm; peso, 1.709 kg; tanque, 72 l; porta-malas, 208 l |