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Setor automotivo já cortou 200 mil empregos em dois anos

Número inclui demissões em montadoras, autopeças e concessionárias e deve aumentar até o fim de 2016

Por Vitor Matsubara
Atualizado em 23 nov 2016, 21h39 - Publicado em 14 set 2016, 12h51
Fábrica da GM em São Caetano do Sul
Diante do cenário ruim, montadoras recorrem a PDV e lay-off, além de demissões ()

A indústria automobilística está sentindo na pele os efeitos da grave crise que assola o país. Segundo informações da revista Veja, mais de 200 mil empregos foram cortados de 2014 até agora, incluindo cargos em montadoras (31 mil vagas), fabricantes de autopeças (mais de 50 mil funcionários) e concessionárias (mais de 124 mil cortes).

Para piorar, a conta deve aumentar com as prováveis demissões em algumas fábricas. Assim como fez no ABC Paulista, a VW deve abrir um programa de demissão voluntária (PDV) nas unidades de Taubaté (SP) e São José dos Pinhais (PR). Na Mercedes-Benz, a estimativa é que 1.047 funcionários tenham aderido ao PDV nas duas últimas semanas. Mesmo oferecendo um incentivo de aproximadamente R$ 100 mil e direitos da rescisão, a empresa não atingiu a meta esperada de 1.400 adesões e decidiu demitir mais 370 empregados.

No fim de 2013, as montadoras com fábrica no Brasil empregavam 157 mil funcionários. Em agosto deste ano, porém, o número havia caído para 126 mil, sendo que, desse total, 2.500 deles estão em lay-off (com contratos suspensos por cinco meses) e 19.800 no Programa de Proteção ao Emprego (PPE), que reduz jornada de trabalho e salários. A redução no quadro de funcionários das fabricantes acompanha a queda na produção nacional. O mercado interno encolheu 1,7 milhão de veículos e deve fechar este ano vendendo, no máximo, 2 milhões de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. Se isso ocorrer, o volume será semelhante ao patamar registrado uma década atrás. O presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) admite que a recuperação será lenta, mas se mostra otimista com uma possível retomada já a partir de 2017.

Se para alguns o discurso de Megale soa otimista demais, para outros faz sentido. Ainda que as vendas de veículos novos tenham retraído 11,26% em agosto deste ano (frente ao mesmo período de 2015), o último relatório divulgado pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) registra 183,9 mil emplacamentos no mês, ante 181,4 mil em julho. A leve alta de 1,37% foi a quarta consecutiva sobre o mês anterior, e o melhor resultado do ano. Desde maio, as vendas vêm melhorando a cada mês.

Em meio a tantas notícias ruins, o alento para as montadoras está nas exportações. Se no ano passado as vendas externas foram de 417 mil veículos (um incremento de quase 25% frente a 2014), neste ano a previsão é de superar 500 mil unidades, mesmo ficando praticamente longe de mercados mais expressivos, como América do Norte e Europa.

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