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O surreal processo de montagem e teste do motor W16 do Bugatti Chiron

Superesportivo exigiu dinamômetro próprio e simulador de Nürburgring para testar o motor W16 de 1.500 cv e 163,2 mkgf

Por Henrique Rodriguez Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 13 nov 2020, 15h47 - Publicado em 22 mar 2017, 19h50
Fábrica em Molsheim não usa robôs, apenas artesões
Fábrica em Molsheim não usa robôs, apenas artesões (Divulgação/Quatro Rodas)

O desafio por trás do desenvolvimento de um superesportivo capaz de atingir 400 km/h não está apenas em gerar tanta potência. O fato do Bugatti Chiron ser um carro tão singular tecnicamente também obrigou a fabricante de origem francesa (hoje sob controle da VW) a ter equipamentos e procedimentos nunca vistos na indústria automotiva.

O W16 8.0 é na origem o mesmo utilizado pelo Veyron. Só que no Chiron ele passou a gerar 1.500 cv e ‎163,2 mkgf de torque (300 cv e 10,2 mkgf a mais do que o Veyron) – e sem significativa alteração no peso, que chega a 627 quilos.

Para retirar o motor W16, é necessário desmontar metade do carro
Para retirar o motor W16, é necessário desmontar metade do carro (Divulgação/Bugatti)

Isso levou a Bugatti a instalar em sua fábrica – adequadamente chamada de Atelier Bugatti – o dinamômetro de roda mais poderoso do mundo, girando tão rápido que acaba produzindo uma corrente elétrica de 1.200 amperes, energia que é retornada para a rede elétrica da fábrica.

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O dinamômetro mais poderoso do mundo roda tão rápido que gera eletricidade reaproveitada pela fábrica
O dinamômetro mais poderoso do mundo roda tão rápido que gera eletricidade reaproveitada pela fábrica (divulgação/Bugatti)

A complexidade do motor, com quatro turbos e dez radiadores, também torna difícil e custoso realizar testes com o veículo nas pistas. Por isso, em vez de levar o carro para um circuito como o de Nürburgring para a realização de testes do motor em condição de muita força G, a Bugatti submeteu o motor a um equipamento capaz de simular as condições do circuito alemão dentro de seu laboratório.

Simulador de forças G desenvolvido para o motor do Chiron
Simulador de condições extremas desenvolvido para o motor do Chiron (Reprodução/Internet)
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Não é uma tecnologia nova – a Porsche utilizou ela para o desenvolvimento do Porsche 911 em 2008 –, mas é uma forma eficiente de testar a lubrificação do motor.

O Chiron usa sistema de lubrificação por cárter seco, ou seja, em vez do óleo que lubrifica o motor ficar depositado no cárter sob o motor, ele fica acumulado em um reservatório separado, onde seu resfriamento é mais eficiente. Neste caso, a lubrificação se dá exclusivamente sob pressão – em carros “normais”, ela funciona por gravidade.

Apenas 20 funcionários fazem a montagem de no máximo 70 unidades por ano
Apenas 20 funcionários fazem a montagem de no máximo 70 unidades por ano (divulgação/Bugatti)
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Confira a seguir outras curiosidades sobre a produção dos componentes mecânicos do Chiron:

  • o chão do Atelier Bugatti (tão limpo que seria possível comer caviar nele) é feito com uma resina que repele cargas eletrostáticas.
  • não há robôs na fábrica, apenas 12 estações para cada etapa do processo, onde trabalham 20 profissionais altamente especializados.
  • motor e transmissão são testados por oito horas antes de serem entregues à linha de montagem.
  • o único equipamento eletrônico utilizado no atelier é um torquímetro computadorizado, para que cada parafuso seja apertado com a força exata.
  • cada Chiron é formado pela união de cerca de 18.000 componentes.
  • nos testes de dinamômetro, o motor é exigido ao máximo por períodos de duas a três horas.
  • os carros finalizados rodam mais de 700 km em testes por rodovias sinuosas e autobahns (o atelier fica quase na fronteira da França com a Alemanha) antes de serem entregues aos clientes.
Momento da união entre o monobloco e o conjunto mecânico
Momento da união entre o monobloco e o conjunto mecânico (divulgação/Bugatti)
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