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Jeremy Clarkson: novo Toyota Supra não está à altura do antigo. Nem do Z4

Definitivamente o Toyota Supra não foi feito para pessoas inteligentes

Por Jeremy Clarksson
Atualizado em 9 mar 2020, 07h00 - Publicado em 9 mar 2020, 07h00
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  • Toyota-Supra-2020-1600-07
    (Divulgação/Toyota)

    Eu conheço alguns baixinhos e, de forma geral, eles são estranhos. Principalmente porque eles têm na cabeça que as pessoas altas passam o dia inteiro pensando em jeitos novos de tornar a vida deles um pouco menos agradável.

    Em eventos sociais em que os convidados ficam de pé, os baixinhos se sentem perdidos e abandonados em uma floresta de mamilos e pelos peitorais. Eles se sentem excluídos das conversas e acham que os demais fazem isso de propósito.

    No cinema, acham que as pessoas altas procuram por toda a sala pelos baixinhos, e então sentam na frente deles de propósito. E nos bares, imaginam que os barmen são treinados para servir os altos primeiro.

    Nada disso é verdade. Eu sou alto e, quando olho ao redor em uma sala, todo mundo é, de forma geral, da mesma altura. Tom Cruise e Gerard Butler. Richard Hammond e James May. Elle Macpherson e Kylie Minogue. Eles estão todos “em algum lugar lá embaixo”.

    Na verdade, acho que o mundo está tornando a vida dos tampinhas cada vez mais fácil. Lojas de roupas, por exemplo. Todo casaco é feito para vestir bem um brinquedo e cada calça para o irmão mais baixo de um jóquei.

    Em um avião, nós somos forçados a pagar milhares de libras para assentos de classe executiva, porque se sentarmos junto com a plebe rude da classe econômica, o suprimento de sangue para nossas pernas é cortado e acabamos com gangrena.

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    E tem também as casas. Você, com suas medidas de boneco Ken, pode morar em qualquer lugar. E isso me leva aos carros.

    Quando pequeno, meu sonho era dirigir um Ford GT40. E quando, por uma série de eventos milagrosos, chegou o dia em que eu poderia fazer isso, descobri que seria impossível, porque eu não cabia atrás do volante.

    Houve um tempo em que o Paul Stewart construiu um carro de Fórmula 1 que podia acomodar um piloto de tamanho normal. E me ofereceram para pilotá-lo.

    Então disparei para Silverstone e escorreguei para dentro do cockpit, tocando os pedais com meus dedos e me sentindo confortável.

    Daí veio alguém da segurança, com uma tábua. Ele colocou uma ponta dela em cima do santantônio e a outra sobre o pneu dianteiro e calculou que minha cabeça passava da linha imaginária que tinha sido desenhada.

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    Sendo assim, eu saí do carro e voltei para Londres desolado.

    Desde então, eu tive alguns problemas em uns poucos supercarros. Mas, de forma geral, o interior dos carros atuais é desenhado para acomodar todo tipo de pessoa: de jogadores de basquete a tampinhas.

    Em um Mercedes moderno, eu nem preciso colocar o banco todo para trás para ficar confortável.

    E, então, na semana passada, chegou o novo Toyota GR Supra. Eu estava ansioso por dirigi-lo, porque ele é exatamente o tipo de carro de que eu gosto.

    Motor central. Dois bancos no meio. E a tração na traseira. Tudo montado por robôs japoneses, para que nada dê errado, nunca.

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    Mas logo apareceu um problema. Eles podem ter feito o teto em formato de “bolha dupla”, para dar aos mais altos espaço suficiente para a cabeça, e eu os agradeço por isso.

    Mas as portas simplesmente não são altas o suficiente para permitir que pessoas de maior estatura entrem no carro. Não com dignidade.

    Eu tive de adotar todo tipo de posição de ioga horrível para subir a bordo. E, então, fiquei realmente com medo de não conseguir sair dali.

    Talvez eu tivesse de bater de leve numa árvore, para que os bombeiros cortassem o teto e eu pudesse sair desse jeito. Mas, por enquanto, eu estava dentro e o motor estava ligado, então fui dar uma volta.

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    O Supra é todo BMW: motor, câmbio e a maior parte do painel (Divulgação/Toyota)
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    Bom, o velho Supra era descaradamente voltado ao mercado norte-americano. Era grande e preguiçoso e sua dirigibilidade era a de alguém indo para casa após uma noite de bebedeira. Eu bem que gostava dele.

    Mas este foi feito visando desavergonhadamente o mercado europeu e as estradas tortuosas que todos usam a caminho do trabalho. Entre-eixos curto, chassi largo, motor BMW. É. BMW.

    Porque não há atualmente tantas pessoas assim que vão para o trabalho cruzando estradinhas dos Alpes. E não há tantas pessoas assim que querem comprar um esportivo pequeno, leve e ágil.

    Então, se os fabricantes quiserem projetar e construir um carro – e todos querem, porque projetar e construir caixotes híbridos não é o que faz as pessoas levantar da cama pela manhã –, faz sentido financeiramente fazer parcerias e dividir os custos.

    Foi isso que BMW e Toyota fizeram e, pela metade do custo, acabaram com um Supra e um novo Z4. Que são, conforme me disseram, totalmente diferentes. Tá certo…

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    Eu posso dizer que o novo Supra usa um motor seis-em-linha BMW e uma transmissão BMW, e, quando você senta nele, vai notar que a alavanca de câmbio e a maior parte do painel também são BMW.

    Eu não me importo com isso. O que eu me importo é que a coisa não funciona. O carro não é inexpressivo, mas também não é empolgante.

    É, digamos, “médio”, e eu estava esperando algo mais picante. E talvez algo mais emocionante acusticamente do que o barulho dos pneus.

    Eu gostei da velocidade e da dirigibilidade. Ele é um carro másculo e honesto, que faz um entusiasta da velocidade babar ligeiramente, mas tudo isso é entregue como se a mente do carro estivesse em outro lugar.

    Talvez ele esteja pensando qual é seu objetivo, quando as pessoas podem comprar um Toyota GT86 – que oferece basicamente a mesma coisa – por 25.000 libras (R$ 137.000) a menos. Ou um BMW Z4 conversível, que é muito mais bonito.

    Então meu test-drive acabou e fiz meu contorcionismo, empurrando meus pés para o canto esquerdo do assoalho e meus joelhos para o canto superior direito, de forma que eu conseguisse tirar minha cabeça primeiro.

    E quando finalmente fiquei de pé, não podia deixar de pensar… A cada ano, em todos os países (exceto nos EUA), o ser humano médio fica mais alto e mais inteligente.

    O que significa que o Supra foi projetado especificamente para pessoas que são mais baixas do que a média – e isso quer dizer pessoas que não são lá tão inteligentes.

    Clarksômetro – Toyota GR Supra 3.0 Pro

    Jeremy Clarkson

    É jornalista, apresentador do programa The Grand Tour e celebridade amada pelos fãs e odiada por algumas marcas.

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