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Igualdade no campo

Conheça a história de Avanildo Duque da Silva, vencedor na categoria Eles por Elas, no Prêmio CLAUDIA 2017

Por Giuliana Bergamo, editado por Abril Branded Content
Atualizado em 6 nov 2017, 15h40 - Publicado em 6 nov 2017, 15h39
“Conhecer de perto a realidade da mulher do campo foi como colocar óculos. Passei a ver melhor, enxergando o mundo pela ótica feminista” (Ariel Martini, Mariana Pekin e Pablo Saborido/Divulgação)
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O Prêmio CLAUDIA não é exatamente um evento artístico. Também não fala de sonhos sem lastro, mas de projetos realizados. Sua essência é a boa reportagem, que, ao longo dos últimos 22 anos, tem descoberto e promovido brasileiras que batalham para construir ou consertar o país. Na grande festa de premiação, porém, o jornalismo ganha tons de arte e contagia. Na noite de 2 de outubro, 1,1 mil pessoas estiveram na Sala São Paulo, na capital paulista, para conhecer o perfil e a obra de 24 finalistas e acompanhar de perto o anúncio dos nomes vencedores.

A seguir, conheça a história do agrônomo Avanildo Duque da Silva, 53 anos, premiada na categoria Eles por Elas

O que ele faz: É coordenador de projetos da ActionAid, ONG que trabalha por justiça social, igualdade de gênero e fim da pobreza

Foi da terra, há mais de duas décadas, que brotou o vínculo entre o agrônomo Avanildo Duque da Silva e a luta feminista. Tudo começou quando, em 1993, ele ajudou a fundar o Centro Sabiá de Desenvolvimento Agroecológico, ONG para promoção da agricultura familiar. “Desde o início, nossa ideia era adotar uma abordagem que levasse em consideração os direitos das mulheres”, conta Silva, que logo foi chamado pelo Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste para um encontro em que discutiriam práticas sustentáveis e gênero. Ali, pela primeira vez, teve a chance de não apenas ouvir mas também presenciar a mulher em seu ambiente, com todas as suas necessidades e vontades. “Foi como colocar óculos. Passei a ver melhor, enxergando o mundo pela ótica feminista”, afirma. Entre as demandas, estava a divisão do trabalho doméstico com os maridos. As agricultoras queixavam-se de estar sobrecarregadas, uma vez que várias das tarefas pesadas do campo, como transporte de água para abastecer a casa e o cuidado de animais, eram realizadas por elas também. O agrônomo acolheu tais reivindicações quando elaborava projetos de gestão ambiental. Também passou a assessorá-las na organização do trabalho e na discussão das práticas cotidianas.

O trabalho cresceu e apareceu. Assim, Silva começou a ser chamado para colaborar com outros grupos, como o Centro das Mulheres do Cabo e a Casa da Mulher do Nordeste. Graças a sua experiência, em 2007 se tornou coordenador de projetos da ActionAid, ONG brasileira que faz parte de uma federação internacional e trabalha por justiça social, igualdade de gênero e o fim da pobreza. Quatro anos depois, a convite da Secretaria da Mulher de Pernambuco, contribuiu na elaboração do primeiro Plano Estadual de Políticas Públicas para Mulheres Rurais.

No ano seguinte, o agrônomo participou, ainda, da criação da Secretaria da Mulher de Recife, colaborando para estruturar o Plano de Ação Estratégica para a Cidade, projeto inspirado na campanha Cidade Segura para as Mulheres, desenvolvida pela ActionAid. “As desigualdades da cultura patriarcal em que vivemos foram construídas com muita violência”, avalia. Não à toa, ele diz que, em qualquer trabalho que realiza, faz questão de dirigir seu foco para a desigualdade de gênero.

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