Com a F-100, a Ford inaugurou em 1957 o segmento das picapes grandes nacionais. O V8 da marca sempre foi referência de força em utilitários até que, em 1979, surgiu a F-1000. O zero a mais no nome indicava seu motor a diesel, de quatro cilindros e capaz de levar 1 000 kg. Ela foi uma resposta à D-10 da Chevrolet, lançada no mesmo ano, quando as duas marcas passavam por um processo de atualização de seus motores.
O da F-1000 era o D229-4 de 83 cv, da MWM, que produzia motores para tratores. A economia no bolso era de 40% em relação ao V8, que saiu de catálogo no mesmo ano. Ela manteve a carroceria que a F-100 adotava desde 1971.
Mesmo sendo bem mais cara que a irmã F-100, que continuava em linha, a F-1000 chegou a ser vendida com ágio no início. Trazia freio a disco na dianteira, servofreio e direção hidráulica opcional.
O aspecto mais rural durou até meados dos anos 80, quando veio a febre de picapes nas cidades, fossem elas transformadas (convertidas para cabine dupla ou SUV), fossem antigas customizadas como hot rod. Os modelos de série ganhavam acabamento esportivo para atrair o público mais jovem, como faixas laterais de cores vivas e rodas diferenciadas.
Essa aproximação do universo urbano possibilitou em junho de 1985 seu primeiro teste na revista, que não avaliava picapes grandes desde os anos 60. Foi um comparativo com a recém-lançada Chevrolet D-20.
Na série limitada SSS (Super Série Special), a F-1000 demonstrou equilíbrio com a rival e se destacou em estabilidade e maciez da suspensão. Foi ligeiramente melhor no desempenho, mas ficou um pouco atrás em espaço na caçamba, ruído e escalonamento de marchas.
Na mesma época surgiu a F-1000-A, com um seis-cilindros argentino a álcool. Para 1986 vieram faróis retangulares e grade nova. O banco 2/3 de tecido era item de série, assim como o novo sistema de ventilação (inclusive com teto solar), as calotas de alumínio, os pneus radiais e a pintura em dois tons.
É desse ano a F-1000 a diesel das fotos, que está com o médico Sergio Minervini desde 1988. O painel é completo e os espelhos retrovisores, grandes. Firme, o banco do motorista encaixa bem o corpo.
O motor mostra bom torque, soando como um trator domesticado, mas falta força em ladeiras. O câmbio seco faz seus estalos, lembrando o do Opala. A suspensão é firme e os freios são eficientes com a caçamba vazia.
Para 1991, veio a versão Turbo, com 119 cv. Rápida como um carro de passeio, em nosso teste fez de 0 a 100 km/h em 18 segundos e atingiu 143 km/h. “E, mais importante: carregada com o peso máximo (1.005 kg), ela atingiu 140 km/h, enquanto a picape com motor aspirado estacionava nos 108 km/h”, dizia o texto de janeiro de 1991.
No ano seguinte viria uma nova carroceria, como a da americana. Em 1993, chegou a tração 4×4. “Mesmo pesando 2.395 kg, ela consegue arrancar em quinta marcha, até mesmo em subidas”, afirmava a edição de setembro.
Essa história de força e versatilidade só teria fim em 1998, ao dar lugar à F-250 e se tornar a picape que ensinou ao povo da cidade os prazeres de guiar um veículo que deu tanta alegria no campo.
Aceleração de 0 a 100 km/h | 32,19 s |
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Velocidade máxima | 119,6 km/h |
Frenagem de 80 km/h a 0 | 38,11 m |
Consumo urbano | 12,90 km/l |
Consumo rodoviário | 14,05 km/l |
Preço (maio de 1985) | Cr$ 61.064.209 |
Preço (atualizado IPC-A/IBGE) | R$ 169.082 |
Motor | dianteiro, longitudinal, 4 cilindros em linha, 3 922 cm³, injeção direta, a diesel |
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Diâmetro x curso | 102 x 120 mm |
Taxa de compressão | 16,6:1 |
Potência | 86,4 cv a 3.000 rpm |
Torque | 26,3 mkgf a 1.600 rpm |
Câmbio | manual de 5 marchas, tração traseira |
Dimensões | comprimento, 486 cm; largura, 203 cm; altura, 182 cm; entre-eixos, 292 cm; peso, 2 045 kg |
Suspensão | Dianteira: independente, sistema de barras duplas, molas helicoidais. Traseira: feixe de molas semielípticas |
Freios | disco ventilado na dianteira, tambor na traseira |
Rodas e pneus | aço, 6×16; pneus, 7,00 x 16/8L |