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Grandes Brasileiros: Chevrolet Omega era tão bom que nem parecia nacional

Para substituir o carismático Opala, o Omega oferecia um nível de tecnologia só conhecido nos importados

Por Fabiano Pereira
Atualizado em 29 Maio 2021, 20h52 - Publicado em 20 dez 2016, 19h31
O Omega era o nacional mais caro e sofisticado da época
O Omega era o nacional mais caro e sofisticado da época (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Lançado em 1968, o Chevrolet Opala é até hoje uma referência nacional de status, prestígio e até esportividade. A versão brasileira do Opel Rekord deixou uma legião de apaixonados ao sair de linha, em 1992. Com a volta dos importados, o substituto deveria não só honrar seu legado como arcar com os novos padrões dos rivais estrangeiros.

Esse desafio coube ao Omega. Ele equivalia ao Opel de mesmo nome, lançado em 1986 após duas gerações de Rekord não produzidas aqui, enquanto o Opala era remodelado e atualizado na mecânica.

Linhas fluídas e vidros rentes à carroceria, sinal de modernidade
Linhas fluídas e vidros rentes à carroceria, sinal de modernidade (Christian Castanho/Quatro Rodas)

O projeto custou 400 milhões de dólares. O Cx de 0,30 confirmava a impressão de fluidez do design. Ainda que na versão CD o motor 3.0 de 165 cv – maior potência líquida entre os nacionais – fosse alemão, na GLS o motor era o 2.0 do Monza.

O Omega tinha farta lista de equipamento. Foi o primeiro nacional a oferecer CD player como opção. Faróis ajustáveis, vidros elétricos um-toque com antiesmagamento, destravamento automático em emergências, teto solar elétrico, computador de bordo, cortina para-sol, porta-luvas climatizado, retrovisor com aquecimento e ABS também eram oferecidos no topo-de-linha.

A imitação de madeira no console era só na versão CD
A imitação de madeira no console era só na versão CD (Christian Castanho/Quatro Rodas)
Sob o velocímetro, uma fileira completa de luzes-espia
Sob o velocímetro, uma fileira completa de luzes-espia (Christian Castanho)

Além do motor 3.0, também eram importados o câmbio manual de cinco marchas, da Opel, e o automático da Hydramatic, francês. Com tração traseira e suspensão independente, ele diferia da arquitetura padrão.

O teste de QUATRO RODAS com o GLS em agosto de 1992 já incluiu um comparativo com o Santana GLS. Com 120 kg a menos, o Volks arrancou e alcançou a maior velocidade: chegou a 177,9 km/h (contra 175,6 km/h). No 0 a 100 km/h, o Santana fez 12,42 s, contra 13,65 do Omega. As vantagens, porém, acabam por aí: o Chevrolet ganhou em espaço, segurança, economia, estabilidade e conforto.

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Os bancos revestidos de veludo tinham regulagem lombar
Os bancos revestidos de veludo tinham regulagem lombar (Christian Castanho)
Computador de bordo completo era um requinte tecnológico raro
Computador de bordo completo era um requinte tecnológico raro (Christian Castanho)

Impressão ainda melhor causou o Omega 3.0 CD, na mesma edição. Com 206 km/h de máxima e 9,60 segundos de 0 a 100 km/h, tornou-se o campeão de desempenho entre os nacionais da época. Em 1993, ganharia uma versão perua, a Suprema.

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O GLS 2.0 receberia a primeira injeção multipoint Motronic para álcool do mundo naquele ano. Após ganhar comparativos com Hyundai Sonata, Fiat Tempra, Mitsubishi Galant e Alfa Romeo 164, além da versão mais simples GL, o Omega trocou de motores para 1995.

O 4.1 do Opala, reformulado pela Lotus e com injeção eletrônica e 168 cv, substituiu o 3.0 e o 2.0 a gasolina virava 2.2, com 116 cv. O CD 4.1 recebia aerofólio, imitação de madeira em painel e portas, retrovisor eletrônico e novas rodas. Na pista de testes, apesar de mais potente que o 3.0, a nova configuração foi mais lenta: 11,1 s para alcançar os 100 km/h e máxima de 202,9 km/h, além do consumo mais elevado.

O motor 4.1 de seis cilindros vinha do Opala, mas era afinado pela Lotus
O motor 4.1 de seis cilindros vinha do Opala, mas era afinado pela Lotus (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Pouco mudaria até o fim da vida, em 1998. A Opel já tinha seu novo Omega desde 1994. O Holden Commodore logo viria da Austrália como Chevrolet Omega. Foram feitas 93.282 unidades do modelo brasileiro, incluindo Suprema, extinta em 1996.

Porta-malas de 452 litros era o maior entre os concorrentes
Porta-malas de 452 litros era o maior entre os concorrentes (Christian Castanho)

É de 1998 o CD 4.1 das fotos, do advogado paulista Marcus Machado, considerado pelo Omega Clube o primeiro restaurado no país. Quase tudo foi trocado ou refeito. Após analisar 47 carros, ele comprou um seis-cilindros.

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“Foi o Omega em pior estado que encontrei”, diz. Mas preenchia seus requisitos: era manual, sem teto solar e do único ano que sua família não tivera. “As peças já são raras e caras.” A julgar pelo status e o valor histórico do modelo, esse restauro abriu caminho para vários outros entre os apaixonados pelo sucessor do Opala.

Ficha técnica – Chevrolet Omega CD 4.1

  • Motor: dianteiro, longitudinal, 6 cilindros em linha, 4 093 cm³, injeção eletrônica multiponto sequencial
  • Diâmetro x curso: 98,4 x 89,7 mm
  • Taxa de compressão: 8,5:1
  • Potência: 168 cv a 4 500 rpm
  • Torque: 29,1 mkgf a 3 500 rpm
  • Câmbio: manual de 5 marchas, tração traseira
  • Dimensões: comprimento, 474 cm; largura, 176 cm; altura, 142 cm; entre-eixos, 273 cm; peso, 1 485 kg
  • Suspensão: independente; dianteira: McPherson; traseira: braços semiarrastados
  • Rodas: liga leve, 7J x 15, pneus 195/65 R 15H

 

Teste QUATRO RODAS – janeiro de 1995

  • Aceleração de 0 a 100 km/h: 11,11 segundos
  • Velocidade máxima: 202,9 km/h
  • Frenagem de 80 km/h a 0: 27,7 metros
  • Consumo: 7,74 km/l (médio), 6,01 km/l (cidade) e 9,24/9,73 km/l (estrada, a 100 km/h, carregado/vazio)
  • Preço (dezembro de 1994): Cr$ 35.500
  • Preço (atualizado IPC-SP/FIPE): R$ 144.226
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