Dependente de altos investimentos e de energia, a indústria automotiva não passa incólume por momentos de crise mundial aguda. Os efeitos não são tão rápidos quanto o sobe-e-desce das bolsas internacionais nas últimas semanas. Nem tão perversos: nas fases mais duras, as montadoras criaram soluções que ainda hoje são vistas nas ruas.
1929 – Crise da Bolsa de Nova York
A indústria americana apostou no visual para contornar a queda nas vendas. O Chrysler Airflow, de 1934, lançou o estilo streamline: não foi bem nas lojas, mas virou referência de design. Na Europa, a Fiat lançou em 1936 seu primeiro popular, o 500 Topolino, com apenas 3,21 metros de comprimento. Era o menor automóvel do mundo até então.
1939-1945 – Segunda Guerra Mundial
A ocupação alemã na França atrasou projetos como o Citroën 2CV. Na Alemanha, veículos simples e baratos como o KdF, o nosso Fusca, faziam parte do projeto de poder do Partido Nazista. Esse modelo foi uma das inspirações para a Renault criar secretamente, ainda durante o conflito, o 4CV, lançado em 1947. O conflito paralisou as montadoras americanas de 1942 a 1946. Na década seguinte, os carros nos EUA refletiam a influência dos modelos europeus vistos pelos soldados.
1956 – Crise do Canal de Suez
O fechamento do canal de Suez pelo Egito expôs a dependência de petróleo dos países europeus. Três anos depois, na Inglaterra, nascia o Austin Mini, um carro de tamanho ínfimo para quatro pessoas e baixo consumo, fruto direto da nova preocupação. O Mini firmou o princípio mecânico de quase todos os modelos de massa atuais, com sua tração dianteira e motor transversal.
1973 – Crise do Petróleo
O embargo dos países árabes produtores de petróleo atingiu em cheio os Estados Unidos. Com a alta dos preços, grandes automóveis, como os muscle cars, perderam espaço para modelos menores – em especial os japoneses, como o Toyota Corolla. O governo impôs limites de consumo às montadoras, uma regra ainda em vigor, e as marcas tiveram de se adaptar. A Chevrolet tentou a sorte com o Citation – um compacto, para os padrões de lá –, que não vingou. Os hatches caíram de vez no gosto dos europeus, superando os sedãs. Surgiram nomes ainda consagrados, como VW Golf e Ford Fiesta.
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2000 em diante – Crise de Sustentabilidade
Apesar de ser um recurso finito, o petróleo vive um período de fartura que fez cair o preço médio do barril. Mesmo assim, o novo século vê o planeta (no caso dos países mais desenvolvidos) investir em uma série de medidas para reduzir os efeitos da poluição causada pela queima de combustíveis fósseis. O Toyota Prius, primeiro veículo híbrido a realmente alcançar marcas de venda consideráveis, foi lançado em 1997 e já está em sua quarta geração. Até mesmo nos Estados Unidos a onda sustentável já se estabeleceu, com modelos como o Chevrolet Volt e a linha Tesla alcançando grande notoriedade.