BMW CS: velocidade em estado da arte
Precursor da Série 6, o cupê começou agradando pelo design, mas ganhou fama ao virar um ícone das pistas - e da pintura
Os anos 60 marcaram a aurora da era atual da BMW. Foi nessa época que surgiram clássicos como o 1500 “Neue Klasse” (1962), o compacto 2002 (1968) e um cupê esportivo que faria história, o 2800CS (1968), projetado para enfrentar os similares da Mercedes-Benz.
Seu desenho básico era o mesmo de 2000C e 2000CS, de 1965, com carroceria Karmann. Porém os faróis horizontais destes, bem separados da tradicional grade em formato de rins, deram lugar aos duplos circulares, embutidos numa ampla grade horizontal. A frente e a traseira em perfil “tubarão”, inclinadas nas extremidades, foram preservadas.
No entanto, mais importante que o novo visual, o que encantava era seu seis-cilindros em linha – dois a mais que nos 2000, com motores 2.0 de 100 ou 120 cv. A chegada do 2800CS, com um 2.8 de 170 cv em 1968, marcava o nascimento de um mito. Com forma e conteúdo alinhados, a BMWcomeçava a escalada de potência que eternizaria o projeto.
O modelo das fotos é um BMW 2800CS (geração E9), de 1971, da última safra da versão. Nele, sobra espaço para as pernas na frente e falta atrás. As colunas finas facilitam a visibilidade, embora o longo capô dificulte um pouco as manobras. Em velocidades altas, a direção passa segurança e precisão. Sentem-se os impactos da pista sem exagero.
Os engates do câmbio manual são precisos, curtos e fáceis. Um pouco arisco em primeira, o motor é progressivo e dócil nas marchas superiores, sempre com disposição de sobra. “O velocímetro em milhas às vezes é um problema. Facilmente se atinge velocidade superior à que se imagina”, diz seu dono.
Ainda em 1971 foi apresentada uma nova evolução, cujo nome mudou para 3.0 CS, com 180 cv. Com a injeção eletrônica Bosch opcional, o motor podia chegar a 200 cv – e empurrá-lo a 213 km/h. A suspensão dianteira também foi retrabalhada.
De olho nas corridas, a BMW criou uma versão com peso menor, com portas e painéis da carroceria que trocavam o aço por uma liga mais leve, além de um motor de saltou de 2 985 para 3 003 cm3 (só para estar apto a competir), batizada de 3.0 CSL (o “L” significava leve). Foi ela a responsável pela lenda em torno do modelo.
Para correr nas pistas, o 3.0 CSL chegaria a preparações de quase 500 cv até 1976, inclusive com turbo. Recursos aerodinâmicos, como spoilers e aerofólios exagerados, explicam seu apelido Batmóvel. Como ao menos 500 unidades deveriam ser de rua para ele ser homologado para corridas, a BMW os vendia como kits para serem instalados se o dono quisesse.
Mas nem tudo eram cavalos e velocidade após a crise do petróleo de 1973. A versão 2.5 CS de 150 cv veio em 1974 como opção mais comedida. No entanto, isso não apagou o mito em torno do 3.0 CSL, que se encerrou em 1975, mas continuou vivo com a homenagem de artistas, que o transformaram em quadros ambulantes (leia mais abaixo).
Hoje o legado de cupês de alto padrão vive na figura do atual Série 6.
Ficha técnica – BMW 2800CS 1971
- Motor: 6 cilindros em linha de 2,8 litros
- Potência: 170 cv a 6.000 rpm
- Câmbio: manual de 4 marchas, automático de 3 marchas opcional
- Carroceria: cupê
- Dimensões: comprimento, 466 cm; largura, 167 cm; altura, 137 cm; entre-eixos, 262 cm; peso, 1.355 kg
- Desempenho: 0 a 100 km/h em 10 segundos, velocidade máxima de 206 km/h
Arteiro
Hervé Poulain pediu ao amigo e artista Alexander Calder que pintasse seu BMW 3.0 CSL (foto) para correr em Le Mans em 1975. Daí, a BMW pensou na sua Art Car Collection, que incluía um CSL pintado em 1976 por Frank Stella. Na coleção, havia até um BMW pincelado por Andy Warhol.