RIO-SANTOS
A BR-101 começa no Rio Grande do Norte e só vai terminar no Rio Grande do Sul, quase na fronteira com o Uruguai. Mas, mesmo com seus 4 542 quilômetros correndo perto do mar, não são tantos os grandes momentos. Os melhores estão no Sudeste, nos estados de São Paulo e Rio, quando o litoral é cheio de recortes e baías. A Rio-Santos, como é chamada a BR-101 entre as duas cidades, vira uma coleção de belvederes, um mais bonito do que o outro. Difícil escolher o ponto mais cênico, mas Boiçucanga a partir da serra, em São Sebastião; o mirante do Saco do Ribeira, em Ubatuba; e boa parte do trecho entre Paraty e Angra dos Reis, já no Rio, são arrebatadores.
SERRA DO RIO DO RASTRO
Serra do rio do Rastro_Cesar Diniz_pulsar imagens
A estrada em Santa Catarina parece que está lá apenas para fins turísticos. O movimento é pequeno, muito em função dos cotovelos e “hairpins” dignos do principado de Mônaco. Fechá-la uma vez por ano para a realização de uma maratona, a Uphill, não parece causar transtorno nenhum à região. A estrada liga Lauro Müller a Bom Jardim da Serra, cidade próxima da turística São Joaquim, um dos poucos lugares do Brasil onde neva com alguma frequência no inverno. Para diversos viajantes, a Serra do Rio do Rastro tem os mirantes de estrada mais bonitos do Brasil. Aqui, mais do que nunca, vale o conselho: devagar nas curvas.
ESTRADA REAL
Estrada Real_Rubens Chaves_pulsar imagens
Uma tacada e tanto do governo de Minas Gerais, que juntou pedaços de várias estradas usadas como caminho do ouro na época do Brasil Colônia, colocou totens de identificação em pontos delas e, assim, criou um circuito turístico de 1 630 quilômetros que se estende pelos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. A Estrada Real tem quatro caminhos sugeridos entre Paraty, Rio e Minas, mas o turista pode intercambiá-los, escolher pequenas seções e perder-se em trilhas e até em trechos dignos de rali. O site institutoestradareal.com.br informa minuciosamente sobre os trechos. Há de tudo: terra, asfalto e trilhas impróprias para carros, mesmo os 4×4. Automóveis são muito bem-vindos, felizmente, num lindo trecho da Estrada Real que vai do Parque Nacional da Serra do Cipó a Diamantina, passando pela cachoeira do Tabuleiro, a terceira maior do Brasil, e pelos visuais matadores da Serra do Espinhaço.
SERRA DA GRACIOSA
Estrada da Graciosa_Mauricio Simonetti_pulsar imagens
Uma estrada-parque muito conhecida dos curitibanos, pois é o caminho alternativo da capital a Morretes, na porta do pequeno litoral paranaense. A PR-410 começa na BR-116 para São Paulo e percorre menos de 30 quilômetros. A distância é curta, mas a viagem é emocionante, pois os centenários calçamentos de paralelepípedos e pedras chatas foram mantidos e têm o condão de fazer o viajante voltar no tempo. Há paradas com estacionamento, churrasqueiras e banheiros ao longo da estrada, os chamados “recantos”, todos eles em meio à Mata Atlântica copiosa daquele trecho da Serra do Mar.
ITAIPAVA-TERESÓPOLIS
itaipava_teresopolis_luciana whitaker_pulsar imagens
Com 33 quilômetros, é outra estrada notável a atravessar mares de morros, desta vez na Serra Fluminense. Apelidada de Estrada das Hortências, liga o distrito de Itaipava, o mais badalado e gourmet de Petrópolis, à cidade vizinha de Teresópolis, passando por belas propriedades rurais e pela majestosa Serra dos Órgãos. A ocupação das margens já foi mais ordenada e a flor que dá nome à rodovia, mais abundante, mas o caminho segue atraente. Se tiver tempo, estique a Nova Friburgo e Lumiar, famoso destino, um dia hippie, da Serra Fluminense.
CHAPADA DOS VEADEIROS
Chapada Veadeiros_Luis Salvatore_pulsar imagens
A GO-239, em Goiás, acompanha o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, um dos mais bonitos do Brasil, cheio de cachoeiras exuberantes e, por alguma razão, ímã de esotéricos, místicos e apocalípticos em geral. O trecho asfaltado, entre Alto Paraíso de Goiás e São Jorge, de 36 quilômetros, passa por algumas das grandes belezas do cerrado brasileiro, como o Jardim de Maytreia, o impressionante Vale da Lua e a Raizama, com sua coleção exuberante e variada de flores do cerrado, que se abrem a partir do outono. A estrada começa no trevo de Alto Paraíso, sob uma escultura que lembra um disco voador, e é o único caminho para o Parque da Chapada dos Veadeiros, cuja portaria fica em São Jorge.
BR-363
BR363_Rubens Chaves_pulsar imagens
Com 7,2 quilômetros, é a segunda menor BR do Brasil, se considerada a estrada de ligação entre a Dutra e o centro de Aparecida do Norte. Mas o fato de estar em Fernando de Noronha, onde ficam as três praias mais bonitas do Brasil, segundo o GUIA QUATRO RODAS, confere a esta BR um valor agregado impressionante. Se não se destaca em sua área central, a Vila dos Remédios exubera em uma de suas pontas, a Baía do Sueste. Na outra ponta, está a praia de Santo Antônio, local de desembarques dos barcos que trazem mantimentos à ilha.
BA-001
BA001_Delfim Martins_pulsar imagens
Uma das rodovias mais ecologicamente corretas do Brasil, a BA-001 tem no seu trecho Ilhéus-Itacaré um modelo, um benchmarking para os construtores de estradas no país. Rasgando 48 quilômetros de Mata Atlântica primária, seus engenheiros e projetistas tiveram o cuidado de acolher subsídios de estudos ambientais antes mesmo de o projeto ser iniciado. Isso significou, por exemplo, o surgimento de mirantes (como o da Serra Grande) e de pequenos túneis para que animais cruzem a pista em segurança. O prometido Porto Sul, para escoamento de commodities vindas do oeste da Bahia, irá mudar a paisagem na entrada de Ilhéus, mas a região mais interessante desse pedaço da 001 está na chegada a Itacaré, cidade que tem cinco praias paradisíacas.
TRANSPANTANEIRA
Transpantaneira_Mario Friedlander_pulsar imagens
Quem não tem cão caça com gato, diz o ditado, e, se você não puder ir à África para ver os Big Five – leopardo, leão, búfalo, elefante e rinoceronte – em um safári, pode pensar em dar uma chegada a Poconé, cidade a 104 quilômetros de Cuiabá, a capital mato-grossense. De Poconé parte a Transpantaneira, estrada de terra com 145 quilômetros de extensão que o “Brasil Grande” um dia imaginou fazer chegar à longínqua Corumbá. A realidade, claro, ficou muito aquém do idealizado, mas esses 145 quilômetros da MT-060, encerrados em Porto Jofre, já valem a viagem: jacarés, veados, capivaras e tuiuiús são figurinhas fáceis ali. Além dos bichos, as mais de 100 pontes de madeira da estrada vão reclamar paradas e paradas para mais uma foto.
AL-101, DE MACEIÓ A MARAGOGI
AL101_Rubens Chaves_pulsar imagens
Ao se afastar da costa alagoana, a BR-101 transfere à rodovia estadual AL-101 a doce missão de acompanhar alguns dos cenários mais bonitos do Nordeste. Alagoas está muito longe de ter o litoral mais extenso do Brasil, mas, certamente, possui um dos mais exuberantes. Em São Miguel dos Milagres, as praias de Patacho e da Lage, cheias de coqueiros, disputam cabeça a cabeça os olhares embasbacados dos viajantes; já Carro Quebrado, em Barra de Santo Antônio, tem falésias que dão vontade de levar para casa (não leve!). O limite norte da estrada, já na divisa com Pernambuco, é em altíssimo estilo, com Maragogi e as piscinas naturais que não têm fim de suas muitas praias – se for escolher uma, fique com Japaratinga.
INTERPRAIAS
Balneario Camboriu_Rubens Chaves_pulsar imagens
Vista da BR-101, o catarinense Balneário Camboriú impressiona não exatamente pela beleza de suas praias, mas pelo gabarito dos arranha-céus, que atingem 160 metros, ou 46 andares. Mas, se o seu negócio é natureza, é preciso deixar a 101 em Itapema e entrar nessa pequena rodovia, de apenas 14 quilômetros, que conecta um lindo istmo e as praias mais afastadas de Balneário, como a do Pinho, a primeira de naturismo oficializado do Brasil. Nas praias do Estaleiro e do Estaleirinho, estão alguns dos beach clubs mais fervidos da cidade, por extensão mais badalados do país.