Clique e Assine QAUTRO RODAS por R$ 9,90/mês
Continua após publicidade

Impressões: como anda e quanto custa o Fusca elétrico da FuelTech

Dirigimos o Fusca elétrico da FuelTech no dia a dia. Kit de conversão desenvolvido em parceria com a Weg, surpreende por respeitar características originais

Por Henrique Rodriguez Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 30 jul 2022, 19h31 - Publicado em 15 jun 2022, 17h00

A eletrificação já chegou aos carros clássicos. Este é o Fusca FTe, criado como parte de uma parceria entre duas fabricantes: a Fueltech faz injeções programáveis e a Weg, equipamentos elétricos.

As duas são brasileiras e se uniram para criar um kit para converter carros a combustão em elétricos. Este Volkswagen Fusca serviu de laboratório para isso.

O que mais chama atenção em um primeiro momento é que, se não fosse pelos adesivos e logotipos das empresas não seria possível nem sequer especular que este Fusca abandonou seu motor 1300 original.

Fusca elétrico
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

Houve uma preocupação real para esconder todos os elementos do sistema elétrico e manter a originalidade. Isso chegou ao ponto de ser necessário levantar a placa (com um sistema muito parecido com o que havia no Chevrolet Opala) para encontrar o bocal de recarga – que tem padrão europeu, Type 2, compatível com nossos carregadores públicos.

Fusca elétrico
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

As intervenções para a conversão aproveitam ao máximo as características do projeto do Besouro. O conjunto de baterias soma 25 kWh, o suficiente para rodar 150 km entre as recargas, e está dividido: 2/3 está na frente, usando a furação que antes servia para a fixação do tanque de combustível – os cabos passam pelos caminhos da tubulação.

Fusca elétrico
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

O outro terço de baterias se encontra alocado lá atrás, no famoso chiqueirinho. No tampão acima estão o carregador onboard (são 9h até a recarga completa) e a unidade de gerenciamento das baterias (BMS), que, entre outras funções, estabiliza a carga entre as células e gerencia sua temperatura. Ficam propositalmente à mostra como uma forma de ajudar a ilustrar os sistemas necessários para o funcionamento do carro.

Fusca elétrico
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

A Fueltech FT550, que geralmente é responsável por controlar toda a injeção eletrônica de um motor a combustão, aqui faz o gerenciamento do motor e de todos os sistemas elétricos.

Ela se comunica com a BMS e com o inversor de energia do motor (instalado logo acima dele, para evitar perdas) por meio de uma rede CAN, a mesma interface de comunicação usada entre os módulos eletrônicos dos carros modernos, que o Fusca nunca teve originalmente.

Continua após a publicidade
Fusca elétrico
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

Em vez de um mapa de injeção, cria-se um mapa para controlar a entrega de força do motor, permitindo que tenha uma resposta mais suave ou intensa, ou que ative proteções ao detectar alguma anomalia. Tudo é customizável, inclusive a intensidade de força exercida pelo motor ao aliviar o freio (creeping), por exemplo.

O motor WEG de 67 cv e 13,2 kgfm faz este Fusca ser tão potente quanto os Fuscas 1600 com carburação dupla dos anos 1970. A montagem independe de suportes: o motor vai preso ao câmbio original de quatro marchas por quatro parafusos, por meio de um flange. A embreagem foi mantida, mas colocaram disco usado em motores AP, e a ré é comandada por uma chave eletrônica: basta inverter o sentido do motor elétrico.

Fusca elétrico
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

WATERCOOLED

O mais irônico, porém, é que este motor elétrico tem arrefecimento líquido e um radiador: a Fueltech recebe o sinal de aquecimento do motor e aciona uma ventoinha elétrica. Isso certamente é melhor do que colocar um pano molhado na bobina de ignição.

No uso, o Fusca FTe é como qualquer VW Fusca com todos os problemas e qualidades que fazem fazem o velho VW ser tão legal. Sua direção é pesada ( mas, uma ressalva, sem a clássica folga), os pedais são avançados e ele ainda é barulhento por dentro. Ouve-se tudo que o motor original escondeu por décadas.

Fusca elétrico
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

O câmbio até poderia ser dispensado. Mas, como trata-se de um carro-laboratório, a Fueltech preferiu mantê-lo para entender a entrega de força. Na prática, a segunda marcha serve para praticamente tudo: a terceira só precisa ser engatada a partir dos 100 km/h e com ela vem a velocidade máxima de 140 km/h – mais do que elétricos como o JAC e-JS1 (125 km/h) e o Renault Kwid E-Tech (130 km/h). E a primeira marcha só foi necessária para subir as rampas do estacionamento da editora Abril.

Continua após a publicidade

Embora os freios a disco nas quatro rodas (originalmente, teria tambor atrás) sejam bons, a interface da Fueltech pode ser programada para que a regeneração do motor elétrico seja forte a ponto de dispensar o freio.

Fusca elétrico
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

O mapa atual varia a intensidade da regeneração de acordo com a velocidade e as condições do sistema (como carga da bateria e temperatura) e também de acordo com o sensor que monitora a pressão aplicada no freios.

As baterias são o mais caro da conversão: o conjunto de lítio NMC, custa R$ 45.000. O conjunto mecânico (motor e inversor) sai por R$ 22.000. No total, a Fueltech fala em um custo total de R$ 100.000 para fazer a conversão. Ainda é mais barato do que qualquer carro elétrico novo.

Continua após a publicidade
Fusca elétrico
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

Há duas coisas que merecem destaque: as pessoas realmente se surpreendem ao ver um Fusca e não ouvir o barulho metálico do motor boxer (portanto, continua fazendo amigos por aí) e que tudo isso foi todo desenvolvido no Brasil por empresas brasileiras e pode ser financeiramente viável para alguns.

Depois de quase uma semana andando com o Fusca FTe, tenho certeza que só falta uma coisa para eu converter meu Fusca 1300 1973: R$ 100.000. Chega de regular platinado e limpar giclê.

Ficha técnica – Fusca FTe da FuelTech

Preço da conversão: R$ 100.000
Motor: elétrico, AC, longitudinal; 67 cv e 13,2 kgfm
Baterias: lítio NMC, 130V, 25 kWh
Carga: 3,3 kW (AC), 9 horas
Câmbio: manual, 4 marchas + ré
Direção: mecânica
Suspensão: braço arrastado (diant.), semieixo oscilante (tras.)
Freios: disco ventilado nas quatro rodas
Dimensões: comprimento, 402,6 cm; largura, 154 cm; altura, 150 cm; entre-eixos, 240 cm Desempenho:
veloc. max. de 140 km/h; autonomia 150 km

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Oferta dia dos Pais

Receba a Revista impressa em casa todo mês pelo mesmo valor da assinatura digital. E ainda tenha acesso digital completo aos sites e apps de todas as marcas Abril.

OFERTA
DIA DOS PAIS

Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Quatro Rodas impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 9,90/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.