Com estreia aguardada há um bom tempo, o Dodge Charger Daytona será a versão elétrica do icônico muscle car americano. No entanto, seu lançamento não acontecerá tão cedo: o modelo deverá chegar apenas em 2027. Mas a Stellantis decidiu abrir um pouco do jogo sobre o desenvolvimento do novo carro.
A empresa confirmou que está produzindo uma nova tecnologia de bateria para utilizar no Charger elétrico. Trata-se de uma bateria de estado sólido, que promete maior entrega de potência, maior capacidade de recarga e densidade de energia ainda maior, além do baixo peso e maior segurança.
Mas o qual a diferença para as baterias atuais? A bateria é o elemento mais importante em um carro elétrico, ainda mais quando o assunto é autonomia.
As baterias atuais, que são normalmente baseadas em litio, possuem eletrólitos aquosos em sua composição. Se algum curto interno acontece, o eletrólito líquido pode vazar, ocasionando uma fuga térmica e um possível incêndio. Além disso, seu estado líquido também é mais sensível à mudança de temperatura, o que pode gerar uma perda de autonomia. São esses os problemas que as baterias de estado sólido estão tentando resolver. Eles querem que o esportivo faça sua estreia com o que há de mais moderno em baterias.
Com uma bateria ainda mais eficiente, o Dodge Charger elétrico poderá desfrutar de muitos outros benefícios, como maior eficiência elétrica, mais desempenho e muito mais. O responsável pela criação desta nova tecnologia é a empresa Factorial Inc, uma construtora de baterias criada dentro da Universidade de Cornell, EUA, e que tem a Stellantis como investidora.
A marca sempre atraiu grandes montadoras desde o início por seu trabalho em baterias de estado sólido, desenvolvendo tecnologias para Mercedes-Benz, Hyundai e Stellantis. Chamada de Factorial Electrolyte Sistem Technology (FEST), ela é uma bateria que não está em um estado sólido completo, mas sim “quase sólido”.
Tanto a Factorial quanto suas empresas parceiras falam muito pouco sobre como funcionam as baterias FEST. Única resposta dada pela produtora de baterias é que ela possui “alta capacidade”.
No anúncio das parcerias, a Factorial divulgou que suas baterias tinham capacidade de 100 ampères-hora (Ah) e foram enviadas para os três grupos automotivos para testes. Quase um ano depois, a Stellantis está confiante que a FEST poderá ter uma densidade de cerca de 374 Wh/kg (watt/quilograma) no Charger Daytona elétrico, o que poderá deixar o carro extremamente mais leve.
Se isso realmente acontecer, será um salto muito grande em comparação com o que temos atualmente. Baterias de níquel manganês cobalto (NMC) estão na média de 180 Wh/kg. Já as de fosfato ferro e lítio (LFP, como as Blade da BYD) estão em torno de 150 Wh/kg.
Para colocar em perspectiva isso, uma bateria com uma densidade energética de 66 Wh/kg tem capacidade média de 1,2 kWh. Uma bateria FEST com este mesmo peso teria quase 7 kWh de capacidade. Ou seja, para uma bateria de 100 kWh, a FEST conseguiria pesar apenas 256 kg, praticamente metade do que pesa hoje uma bateria de um Tesla Model S com essa capacidade.
Seria um grande avanço para a mobilidade elétrica a utilização de baterias mais leves e mais eficientes. No entanto, cria-se um grande ponto de interrogação sobre a Factorial. As informações são tão limitadas que não conseguimos nem saber se tudo isso que prometem será viável. O Dodge Charger Daytona EV provavelmente utilizará as baterias da empresa, mas há muito chão até 2027 e esperamos que mais informações sejam divulgadas sobre o projeto.