Já não é mais novidade que o BYD Dolphin bagunçou o mercado brasileiro. Lançado no início de julho, o compacto chinês elétrico causou redução nos preços de seus principais concorrentes por custar o mesmo (ou até menos), e ser superior em aspectos como espaço, autonomia, potência e tecnologia. Seu reinado, porém, está ameaçado pelo conterrâneo GWM Ora 03.
O compacto da GWM começará a ser entregue apenas em dezembro, mas já foi apresentado em detalhes para tentar chamar a atenção de quem está de olho no BYD Dolphin. O Ora 03 tem duas versões: Skin, por R$ 150.000, e GT, por R$ 184.000. A série limitada Copacabana, de 200 unidades, também vem no lançamento e sai por R$ 150.000 sem teto panorâmico, ou R$ 160.000 com o item.
Após o término da série especial, o Ora 03 Skin assumirá o protagonismo na disputa pelo segmento dos elétricos de entrada. Para ser mais direto, ele assumirá o protagonismo na disputa contra o BYD, pois é ainda mais equipado que o rival e cobra apenas R$ 200 a mais.
Bem equipados de série
Um dos destaques do BYD Dolphin frente a concorrência é a tecnologia. De série, ele oferece faróis e lanternas full-led, quadro de instrumentos digital de 5 polegadas, central multimídia giratória com 12,8 polegadas, Android Auto, Apple CarPlay, seis airbags, faróis automáticos, sensores de estacionamento traseiros e câmeras 360°. Muitos deles inexistentes em JAC E-JS1, Chery iCar e Kwid E-Tech.
No GWM Ora 03, a lista vai além. Também há Android Auto e Apple CarPlay (sem fio!), faróis e lanternas full-led e câmeras 360°. A diferença fica para as telas integradas de 10,25 polegadas cada, carregador sem fio para smartphones, cinco modos de condução (contra três no oponente) e 7 airbags (um a mais que no BYD).
O que mais chama a atenção é o pacote de sistemas de condução semiautônomos, exclusividade do GWM no segmento. Inclui frenagem autônoma de emergência com reconhecimento de pedestres e ciclistas, piloto automático adaptativo (ACC) com centralização de faixa, alerta de pontos cegos, assistente de saída de vaga, leitura de placas de velocidade e assistente de permanência em faixa (com alerta e correção).
A versão GT adiciona um modo de condução (somando seis), banco dianteiros com ventilação e massagem, banco do motorista com memória de ajuste, abertura elétrica do porta-malas, teto solar panorâmico e sistema autônomo de estacionamento. Assim como no Dolphin, não há equipamentos opcionais.
Estilosos, bem acabados e espaçosos
Ambos os compactos têm suas peculiaridades e polêmicas no estilo, mas são, inegavelmente, cheios de personalidade. O Dolphin leva a sério seu nome (Golfinho, em inglês) e seu pertencimento a linha Ocean, da BYD. Ele adota diversas referências ao oceano e aos peixes, como relevos em forma de escama no interior e as rodas em formato de estrela do mar. As lanternas, com luzes entrelaçadas, remetem a ondas.
Mais do que apenas distrações, os easter-eggs compõem um bom conjunto de acabamento do BYD. Ele tem elementos externos e internos bem feitos, com notável cuidado de construção e aparência. O interior tem painel de linhas arredondadas, com variedade de cores, materiais e texturas, e direito a uma faixa central macia revestida em uma imitação de couro.
Os bancos repetem as cores do painel e do exterior, com combinações contrastantes. Também há revestimento que imita couro e um desenho até divertido.
No GWM Ora 03, o exterior é mais polêmico – mas, garantimos, pessoalmente o compacto é muito mais simpático. A dianteira tem clara inspiração em modelos como Fusca, Mini Cooper e Porsche 911, mas usa artifícios, como vincos e volumes, para promover diferenciações.
De lado, há rodas de 18 polegadas (com diferentes desenhos entre as versões Skin e GT) e traços limpos. A versão GT ganha molduras plásticas (com uma dispensável textura de fibra de carbono) em toda a base da carroceria. A traseira é o ponto alto, com a tampa toda lisa. As luzes se dividem: no para-choque ficam ré e setas, enquanto as luzes de posição e freio estão camufladas por trás do vidro traseiro.
O interior do Ora é bastante sóbrio em comparação com o Dolphin, embora as combinações de cores deem vida à cabine. Há traços horizontais e contínuos que alargam visualmente a cabine, mistura de plásticos rígidos, macios e revestimentos que imitam couro (em maior quantidade que no BYD), e um destaque para as telas. São poucos os botões físicos na cabine do GWM.
Quando o assunto é espaço, o Dolphin leva a melhor, por pouco. Seus 5 centímetros a mais no entre-eixos em relação ao Ora 03 (2,70m contra 2,65m) dão resultado prático no espaço para as pernas. É preciso dizer, porém, que mesmo assim o GWM tem ótimo espaço interno. O porta-malas do Ora 03 também é menor, com 228 litros, contra 250 litros no Dolphin.
Autonomia e desempenho
Além das diferenças de estilo e equipamentos, as versões do GWM Ora 03 também têm particularidades mecânicas. Enquanto a Skin tem uma bateria menor, de 48 kWh, a GT traz uma de 63 kWh. Ambas são maiores que a de 44,9 kWh instalada em todos os BYD Dolphin.
O Ora 03 também é superior em motorização, equipado com um motor elétrico dianteiro de 171 cv de potência e 25,5 kgfm de torque – contra 95 cv e 18,4 kgfm no Dolphin. Com estes números, o compacto da GWM pode ir de 0 a 100 km/h em 8,2 segundos, segundo a marca. Já a aceleração divulgada pela BYD para o Dolphin leva 10,9 segundos.
O melhor desempenho do Ora 03, porém, manda a conta na autonomia, que é menor no GWM, mesmo que ele tenha baterias maiores em todas as versões. Segundo a GWM, o Skin tem alcance projetado de 310 km em ciclo WLTP e, o GT, de 400 km.
A autonomia declarada para o Dolphin no ciclo WLTP é 340 km. Mas no ciclo Inmetro é de 291 km, cerca de 30% menor que o WLTP. A GWM diz que o Ora 03 ainda está em processo de homologação e, por isso, não tem os números em ciclo Inmetro. Assim, o modelo poderá ter cerca de 280 km de autonomia da versão GT, segundo o Inmetro, e cerca de 220 na versão Skin.
Ou seja, os modelos se alternam entre vocação esportiva, no caso do GWM Ora 03, e urbana, para o BYD Dolphin.