Peugeot 404 é clássico francês reconhecido pela resistência e durabilidade
O mítico sedã consolidou sua reputação de qualidade e valentia nos quatro cantos do mundo
Apresentado em abril de 1955, o Peugeot 403 foi o primeiro modelo da marca francesa a ostentar o estilo italiano do estúdio Pininfarina.
Para desespero dos executivos da fábrica, porém, o modelo tornou-se obsoleto em apenas seis meses: a estreia do futurista Citroën DS no Salão de Paris do mesmo ano arrebatou a atenção do público e da crítica especializada mundial.
A reação da Peugeot ocorreu antes mesmo do ano terminar, ocasião em que o comando da empresa determinou o desenvolvimento de um sucessor em tempo recorde.
O novo sedã foi desenhado por Sergio Pininfarina em apenas três meses e o primeiro protótipo entregue em 1957. Em maio de 1960, o Peugeot 404 era finalmente apresentado ao mundo.
Sóbrio e elegante, o 404 tinha carroceria monobloco com três volumes bem definidos e incorporava elementos de estilo norte-americano como o para-brisa envolvente e os discretos rabos de peixe traseiros. Seu desenho contemporâneo estava em paridade com o de sedãs italianos como o Fiat 1800/2100 e o Lancia Fulvia Berlina.
Bem projetado, o Peugeot 404 apresentava uma solidez incomum graças à severidade dos testes de rodagem a que foi submetido em toda a Europa. Relativamente acessível, tornou-se um dos automóveis mais respeitados do mundo em razão de sua praticidade e robustez.
O conforto para cinco adultos era garantido pelos 2,65 metros separando os eixos. O interior era racional, com volante de dois raios sem assistência e aro da buzina cromado. Por trás dele estava o painel com velocímetro em escala horizontal e instrumentos básicos como termômetro do líquido de arrefecimento, marcador de combustível e luzes de advertência. Os bancos dianteiros eram individuais.
Sob o capô estava o mesmo motor do 403, com cilindrada ampliada para 1,6 litro, comando de válvulas no bloco de ferro fundido e um cabeçote de liga Alpax (alumínio e silício) com fluxo cruzado e câmaras de combustão hemisféricas. Seus 72 cv eram enviados às rodas traseiras por um câmbio de quatro marchas com alavanca na coluna de direção.
Era o bastante para acelerar seus 1.090 kg de 0 a 100 km/h em cerca de 18 segundos, com velocidade máxima de 144 km/h. Só não era mais rápido e veloz em razão do robusto diferencial com engrenagens do tipo sem-fim, quase indestrutíveis.
A suspensão dianteira tipo McPherson e traseira por eixo rígido tinha um bom compromisso entre conforto e estabilidade: o 404 fez muito sucesso nos temidos ralis africanos.
A versão Super Luxe foi introduzida no modelo 1961 contendo calotas integrais, bancos reclináveis revestidos de couro, teto solar, antena de teto e profusão de cromados. Em pouco tempo, a Peugeot iniciou a exportação do 404 para os EUA, então o maior e mais rentável mercado automotivo do mundo.
Em meados de 1961, surge a opção da injeção mecânica de combustível Kugelfischer, sistema que permitiu um aumento na taxa de compressão e 88 cv para levar o 404 aos 160 km/h. No segundo semestre foi apresentado o 404 Cabriolet, seguido em 1962 pelas peruas 404 Familiale/Commerciale (com entre-eixos ampliado para 2,84 metros) e pelo 404 Coupé.
O eficiente motor diesel de 1,9 litro e 55 cv foi oferecido a partir do modelo 1964, fazendo grande sucesso entre os taxistas: um protótipo quebrou nada menos que 40 recordes mundiais na categoria diesel em 1965, percorrendo mais de 16.000 km a uma média de 161,49 km/h.
A versão Super Luxe recebia freios assistidos e um novo bloco de motor, com cinco mancais de apoio para o virabrequim. O câmbio automático ZF de três marchas colaborou para que o 404 se tornasse o segundo modelo mais vendido na França.
Na Europa seus principais concorrentes eram o Alfa Romeo Giulia, Lancia Fulvia, BMW 1600 e Opel Rekord. Em 1968, os freios dianteiros recebiam discos e, no ano seguinte, a família cresce com a chegada de uma versão picape.
O sucesso do 404 era tão forte que nem mesmo a apresentação do sucessor 504 no Salão de Paris de 1968 abalou seu prestígio.
A produção do sedã em Sochaux, comuna francesa onde ficava a fábrica, chegou ao fim em 1975, mas a picape permaneceu em linha por mais quatro anos, totalizando mais de 1,8 milhão de unidades francesas do 404.
Outro milhão foi produzido em países das Américas, Europa, Oceania, Ásia e África, onde a última unidade saiu em 1988. Ícone automotivo, o 404 é hoje um dos modelos mais cultuados na história da Peugeot.
Ficha Técnica – Peugeot 404 1969
Motor: longitudinal, 4 cilindros em linha, 1.618 cm3, alimentado por carburador
Potência: 80 cv a 5.600 rpm
Torque: 13,5 kgfm a 2.500 rpm
Câmbio: manual de 4 marchas, tração traseira
Carroceria: sedã, 4 portas, 5 lugares
Dimensões: compr., 444 cm; larg. 162 cm; alt., 145 cm; entre-eixos, 265 cm
Peso: 1.090 kg
Pneus: 165 x 380 R15