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Clássico: Citroën DS parecia obra de ficção nos anos 1950

Inovador, o Citroën DS estreou em 1955 com soluções raras até nos carros de hoje

Por André Fiori
Atualizado em 15 out 2023, 10h41 - Publicado em 14 out 2023, 01h00
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  • “O DS é primeiramente um novo Nautilus”, disse o filósofo francês Roland Barthes num ensaio escrito em 1957. De certa forma, o fascínio exercido por aquele moderníssimo veículo assemelhava-se ao do submarino da ficção de Júlio Verne. Só que circulava 20.000 léguas acima e em chão firme.

    Ou não tão firme, visto que em movimento sua suspensão podia ser ajustada em três alturas, possibilitando com conforto enfrentar as piores estradas.

    Luzes de direção ficavam no alto das colunas traseiras
    Luzes de direção ficavam no alto das colunas traseiras (Marco de Bari)

    Em 1955, o DS parecia vindo de outro planeta naquele Salão de Paris. De uma só vez, apresentou várias soluções raras na época, que hoje tornaram-se corriqueiras, como direção hidráulica, freios a disco dianteiros e partes da carroceria de materiais alternativos, como alumínio no capô e fibra de vidro no teto. Mas o grande destaque era a suspensão hidropneumática, que dispensava o conjunto mola-amortecedor.

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    Estendendo a inovação introduzida em 1954 no eixo traseiro do Traction Avant, o DS tinha uma linha hidráulica que era a alma dos sistemas de suspensão, freio e assistência de direção. Como opcional, o conjunto podia ainda comandar uma transmissão semi-automática, outra das marcas daquele assombro automotivo que, em 15 minutos de salão, contabilizava 745 pedidos – número que saltou a 12.000 só no primeiro dia.

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    Ao toque de um botão, motorista poderia ajustar a suspensão em três níveis de altura
    Ao toque de um botão, motorista poderia ajustar a suspensão em três níveis de altura (Marco de Bari)

    Havia ainda a aerodinâmica surpreendente, com Cx de 0,38, valor que melhoraria nas reestilizações de 1962 e 1967. Para efeito de comparação, o DS 5 atual, criado 55 anos depois e com dimensões semelhantes às do DS original, registra 0,30. Ainda protótipo, o estilo lhe valeu o apelido de “hipopótamo”. No Brasil, ficou “sapo” e, em inglês, “tubarão”.

    Ainda que muito adiante de seu tempo, o DS, projetado originalmente como carro para grande público, esbarrava no alto preço, impressão ainda mais reforçada por ter sido lançado uma década após o fim da Segunda Guerra. Por isso, em 1957 estreava o ID, mais barato e simples. O ano de 1958 veria a estréia da perua – Break ou Safari, dependendo do país.

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    Até o volante com um único raio era novidade para a época
    Até o volante com um único raio era novidade para a época (Marco de Bari)

    As inovações não parariam no lançamento. Em 1967, eram os faróis direcionais e, em 1969, ganharia a exclusiva injeção eletrônica. Em 1975, porém, o sedã saía de linha, seguido um ano depois pela Break. Depois de 1.455.746 carros, o CX o sucedia, porém sem o mesmo impacto do Nautilus sobre rodas.

    Molas no ar

    Citroën DS
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    Como explicar um conceito tão inovador num simples anúncio? A solução desse encarte de 1960 era simples: colocar um balão de ar em cada roda e contar com a colaboração do leitor, que imaginava como seria o rodar com tal amortecimento. Surgiu até uma lenda urbana: a de que, caso você conseguisse capotar um DS, ganharia um novo de fábrica.

    Trocadilhos

    A graça dos nomes DS e ID está nos trocadilhos. Em francês, a pronúncia do primeiro é igual a déesse, (“deusa”). Já ID é próximo de idée (“idéia”), reforçando o caráter de opção racional. A Citroën usou esse recurso durante décadas, como nas versões esportivas VTS do Xsara e do C4 (que lembra vitesse, “velocidade”).

    Ficha técnica – Citroën DS

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