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Desmontado, Jeep Compass 1.3 turbo revela seus segredos após 100.000 km

O Compass cumpriu 100.000 km. Desmontado, descobrimos os efeitos dos descuidos das concessionárias, as possíveis causas do barulho do motor e muito mais

Por Henrique Rodriguez Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 1 nov 2024, 15h27 - Publicado em 1 nov 2024, 15h00
DESMONTE Jeep Compass
 (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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Ter submetido o Jeep Compass a um segundo teste de Longa Duração fez todo o sentido. O primeiro carro desmontado em 2019 era um Longitude que aproveitava a popularidade do 2.0 turbo diesel àquela altura. Este aqui é um Longitude da série 80 Anos com motor T270, ou seja, o 1.3 turbo flex de 185 cv e 27,5 kgfm em uma de suas primeiras aplicações no Brasil. Um motor novo em um carro que faz sucesso até hoje. Estes 100.000 km serviram para saber se o Compass evoluiu na última reestilização e se este motor deu conta da sua missão.

Ao mesmo tempo que o T270 deu fôlego extra ao Jeep Compass, gerou a típica desconfiança de um motor inédito. Ele é da família Firefly, mas com turbo, injeção direta flex e a tecnologia Multiair, um comando para as válvulas de admissão variável em tempo e abertura, com funcionamento eletro-hidráulico. O elevado rendimento deste 1.3, que ofuscou o motor a diesel, deve ser creditado a tudo isso.

Jeep Compass 2022 longitude longa duração
Pacote 80 anos do nosso Compass inclui detalhes externos como grade, rodas e capa dos retrovisores em tom de cinza-escuro (Fernando Pires/Quatro Rodas)

A desconfiança aumentou quando, alertados por leitores sobre o elevado consumo de óleo do motor, verificamos que o nosso carro já estava com o nível do óleo no limite da vareta antes dos 9.000 km. Completamos 1 litro do 0W30 especificado e o carro ainda consumiu 300 ml antes da primeira revisão, aos 12.000 km, na concessionária Jeep Divena – que disse ser normal tamanho gasto de óleo. Dali aos 19.000 km o nível não baixou, mas nos 2.000 km seguintes chegou a um terço da marca da vareta. Novamente, leitores relataram uma atualização do módulo do motor, que só conseguimos fazer na revisão dos 24.000 km, pois a Jeep Dahruj de Jundiaí negou o serviço aos 21.000 km.

Essa segunda revisão também serviu para reapertar a suspensão, que apresentava ruídos, mas ficou marcada pelo fato de a Jeep Sinal Tancredo Neves de São Paulo (SP) não ter trocado o filtro de óleo, apenas limpado a peça. Também ficou devendo o filtro do ar-condicionado, que pagamos.

Longa Duração Jeep Compass 1.3 turbo óleo (1)
Motor 1.3 turbo precisou de 1 litro de óleo após os primeiros 10.000 km percorridos (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Dali em diante, vale esclarecer, o motor do Jeep Compass parou com o alto consumo de óleo em definitivo, mas consumo e desempenho pioraram um tanto (compare na pág. 57). Isso voltou ao normal depois, com novas reprogramações indicadas pela fábrica durante as revisões. Essa reprogramação mudou, em especial, o funcionamento da válvula blow-by, que recircula para a admissão os gases que chegam ao cárter do motor, separando os vapores de óleo.

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Quando tudo parecia tranquilo, os pneus começaram a fazer ruído por terem escamado. Até esta conclusão, desconfiamos de um rolamento, que foi trocado em garantia. Isso perdurou dos 44.000 aos 60.000 km, quando trocamos os quatro pneus.

No meio do caminho, pane na bomba de combustível de baixa pressão: nosso Compass ficou parado na Av. Paulista, foi recolhido para a concessionária mais próxima e teve a bomba trocada em garantia. Pouco antes, aos 39.000 km, trocaram o trilho (ou flauta) do combustível, pois, na revisão dos 36.000 km, a fabricante indicou um possível vazamento de combustível na peça, responsável por levar o combustível até os injetores.

desmonte do jeep compass
(Eduardo Passos/Quatro Rodas)

O Jeep Compass é silencioso por dentro e entendemos o motivo disso pela quantidade de isolamento acústico na desmontagem. E também pela construção robusta dos materiais da cabine. “Foi fácil remover as forrações e até as portas, que seguem um método fácil de fixação, mas o painel deu muito trabalho, tivemos que removê-lo em quatro camadas”, conta William Artigiani, da Oficina Car13, de Itapira (SP), responsável pela desmontagem e acompanhamento dos nossos carros. Mesmo assim, um ruído plástico na moldura da central multimídia foi uma constante ao longo do teste e os revestimentos passaram a ressonar mais.

desmonte do jeep compass
Jeep Compass atravessou São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e foi parar até no Paraguai (Leonardo Barboza/Quatro Rodas)
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O esforço na acústica não impediu de ouvir os pneus escamados, nem um estranho barulho no motor que, nos últimos tempos, conferiu ao 1.3 turbo um “sotaque” de motor diesel. Basta ver que do primeiro ao último teste o ruído em ponto morto aumentou em 4 dBA. O carro chegou a ficar uma semana na concessionária Jeep Amazonas de São Caetano do Sul (SP)para investigarem a causa, mas foi em vão. Agora nós descobrimos alguns possíveis causadores e outros problemas que as últimas concessionárias certamente viram e deixaram passar.

O que descobrimos ao abrir o motor

Seja pelo consumo de óleo, pela complexidade, seja pelo barulho, a curiosidade pela completa desmontagem do motor T270 era enorme. Antes disso, é necessário conferir a compressão de cada um dos cilindros e em todos estava regular, corroborando com a pouca variação de desempenho nos últimos testes.

Encontramos possíveis causadores do barulho entre os periféricos do motor. “Um dos ruídos vinha do rolamento do compressor do ar-condicionado e se misturava aos demais, mas o ruído principal continuava com o ar-condicionado desligado”, relata William, que também encontrou vazamento de óleo pela bomba de combustível de alta pressão e um vazamento pela tampa do cabeçote bem na direção do turbocompressor (que, no Compass, fica à frente do motor).

O turbocompressor estava em perfeito estado, sem apresentar folgas no eixo. Mas a quantidade de óleo misturada com sujeira por trás dele indica que o vazamento não era recente e foi ignorado nas verificações que as oficinas devem fazer a cada revisão (a última, aos 96.000 km) e na investigação do barulho do motor aos 92.000 km. Se não viram na investigação dos ruídos, foi porque não analisaram o motor com a devida atenção.

desmonte do jeep compass
Compass no lado paraguaio da usina de Itaipu em sua primeira viagem, com destino a Foz do Iguaçu (PR). O consumo médio foi de 9,5 km/l (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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A remoção das velas e dos bicos injetores da injeção direta revelou acúmulo de carvão. Essa carbonização não é uma regra, mas costuma ser mais presente em motores com injeção direta. Acumulou na cabeça dos pistões e nas válvulas e chegou perto de cobrir a ponta dos eletrodos das velas de irídio (trocadas aos 60.000 km). “Ainda não havia causado problemas e não havia se acumulado nos anéis do pistão como aconteceu com a Strada, mas essa carbonização logo poderia começar a interferir no comportamento do motor”, explica William.

Vale lembrar que os carros do Longa Duração usam apenas gasolina comum e a Jeep, inclusive, indica que quem optar por etanol deverá usar um tanque de gasolina a cada 10.000 km para “reduzir prováveis contaminantes procedentes do etanol”.

O mecânico também notou marcas de desgaste nas finas hastes de algumas das válvulas, que podem ter sido causadas pelos retentores.

desmonte do jeep compass
Compass em Curitiba (PR) aos 25.000 km (Paulo Campo Grande/Quatro Rodas)

Se a junta da tampa do comando de válvulas deixava o óleo escapar, sua remoção revelou alguns inconvenientes. Dos cinco mancais do único comando de válvulas de escape (e que também aciona o Multiair nas de admissão), dois marcaram a peça sem implicar em desgaste. Os cames do comando, por sua vez, deixaram na parte traseira de alguns tuchos marcas de desgaste que mais parecem um polimento. É possível notar que esses tuchos descarregavam quando o motor desligava pela atuação do start-stop, mas recarregavam rapidamente, eliminando o barulho característico.

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Seguindo a análise para o bloco do motor, à primeira vista estava tudo bem. “O virabrequim está absolutamente perfeito e as bronzinas de biela e de mancal também, só com pequenas marcas que lembram o efeito de chuva ácida na carroceria do carro, mas ainda dentro das medidas, o que é excelente para um motor com 100.000 km”, relata William.

Não encontramos marcas de desgaste no brunimento na parede dos cilindros, um sinal de que o óleo lubrificante cumbriu sua missão com louvor neste motor – por mais que eventualmente tenha desaparecido ou tentado fugir. A ovalização dos cilindros ficou entre 0,03 e 0,05 mm, dentro da tolerância estipulada pela Jeep. Nesta parte, o motor turbo do Compass se saiu muito melhor que o motor 1.3 aspirado da Fiat Strada, cujo desmonte você pode conferir na edição 776, disponível no app da QUATRO RODAS.

Tolerância seria a causa do barulho do motor 1.3 turbo?

desmonte do jeep compass
Comportamento estradeiro do Jeep sempre foi valorizado (Henrique Rodriguez/Quatro Rodas)

Quanto aos pistões, seu diâmetro respeitava as medidas de sua classe. O que despertou a atenção do nosso mecânico foi, na verdade, o pino que prende o pistão à biela. Seu diâmetro é 18.000 mm quando novo e estava 17.995 mm, dentro da tolerância (que seria até 17.950 mm). Contudo, a folga medida entre o pino e a biela, de 0,025 mm soou alta. “Eu medi o motor e o enviei para uma retífica parceira fazer a contraprova e nos surpreendeu ser uma folga grande. A Associação Paulista de Retífica de Motores divulga uma tolerância entre 0,01 e 0,02 mm para este motor, mas a tolerância divulgada pela fábrica fica entre 0,018 0,062 mm”, explica William.

Sendo um motor moderno, seria natural esperar tolerâncias menores. Por isso questionamos a Stellantis se essa folga implicaria na durabilidade dos componentes e no desempenho do motor. A resposta foi a seguinte: “Todos os motores desenvolvidos pela Stellantis são projetados para terem a mesma vida útil do veículo, desde que as manutenções sejam feitas corretamente na rede de concessionárias das marcas. As tolerâncias dos componentes podem variar conforme aplicação de cada propulsor e não têm impacto negativo na robustez e confiabilidade do conjunto”.

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Conversamos com um engenheiro familiarizado ao projeto, que sugeriu que essa tolerância pode estar relacionada à dilatação diferente dos metais utilizados nos componentes, diante da temperatura de trabalho do motor. Ainda assim, após toda a desmontagem, tratamos essa folga como a causa mais provável para o barulho metálico do motor. Caso o barulho seja solucionado com alguma troca de peças durante a remontagem, abordaremos o caso futuramente.

Jeep Compass df
Compass parou em plena Avenida Paulista por defeito na bomba de combustíivel (Leonardo Barboza/Quatro Rodas)

Merece atenção a oxidação nos dutos do líquido de arrefecimento ao redor das paredes dos cilindros e na bomba de água. A Jeep preconiza a troca do líquido de arrefecimento a cada 240.000 km ou dez anos ou na metade disso quando em uso severo.

O fato é que este motor estava com suas medidas rigorosamente dentro daquilo que a fabricante estabeleceu como normal e o vazamento de óleo encontrado não chegou a pingar ou afetar o nível no cárter, então ele está aprovado. Mas o barulho não é normal e nos faz pensar sobre a aceitação do carro no mercado à revenda (ainda que isso não tenha sido observado quando simulamos esse momento).

Não desmontamos o câmbio automático por completo, mas, dado o aspecto do óleo lubrificante retirado para análise (escurecido e com cheiro característico), a oficina Car13 sugeriu ao menos acessar o filtro de material particulado. O filtro, de fato, tinha acúmulo grande de partículas metálicas, mas também encontramos essa sujeira em área fora do filtro. A Jeep trata esse óleo do câmbio como “for life”, ou seja, sem necessidade de substituição ao longo da vida do carro.

Problema que se repetiu

Compass
Isolamento da carroceria – Criticado no desmonte de 2019, o isolamento de poeira continuou insuficiente no SUV. (Renato Pizzuto/Quatro Rodas)

Na desmontagem das estruturas, vimos muita coisa do Compass de primeira geração se repetirem agora. Por exemplo, o sistema de direção suportou o teste (que foi 40.000 km mais longo, passando de 60.000 km para 100.00 km) sem folgas ou defeitos. A suspensão, por sua vez, estava ainda melhor que a do primeiro carro, que teve seus amortecedores trocados em garantia. Este segundo Compass cumpriu os 100.000 km com os mesmos amortecedores e molas, mesmas buchas e bandejas, e sem as folgas nos mancais das barras estabilizadoras que identificamos no passado. E não houve uma constante necessidade de reaperto dos conjuntos.

Novamente, o jogo de pneus original durou 60.000 km e repetiu a escamação do primeiro Compass. Foi nesse mesmo momento que trocamos pastilhas e discos de freio dianteiros (ao custo de R$ 1.796), enquanto no primeiro carro só precisamos trocar as pastilhas dianteiras aos 50.000 km.

Um problema da carroceria persistiu: a entrada de poeira. Constatamos que parte do isolamento da cabine é feito por plásticos adesivos e, especialmente nos para-lamas traseiros, esses adesivos descolaram, o que permitiu a entrada de poeira – que poderia estar sendo sugada dos para-lamas cada vez que as portas eram abertas. Como houve uma reestilização em 2021, isso poderia ter sido melhorado.

Este desmonte trouxe muitas respostas. A principal delas é a de que o motor é bom e o nosso terminou em melhor estado do que ele próprio sugeria. Uma rede de concessionárias menos leniente e mais proativa poderia ter evitado a desconfiança no motor (e muitas dores de cabeça em consumidores que se queixavam para nós). A Jeep até aumentou sua garantia para cinco anos, mas depender das concessionárias como são não serve de alento. O fato é que este Jeep Compass Longitude T270 foi aprovado depois de rodar 100.000 km.

Peças do Jeep Compass que estão aprovadas

Compass
(Renato Pizzuto/Quatro Rodas)

Bloco e Virabrequim – Rigorosamente dentro das medidas de tolerância definidas pela fábrica, também não apresentaram marcas visuais de desgaste. Ainda revelaram que o desempenho do óleo 0W30 foi adequado, mesmo tendo passado pelo problema de alto consumo no início do teste – resolvido depois com ajuste do comportamento do blow-by.

Compass
(Renato Pizzuto/Quatro Rodas)

Turbocompressor – O BorgWarner B01 é um dos responsáveis pelo alto rendimento do motor 1.3 turbo e chegou ao final do teste bem, sem folga em seu eixo. Novamente, ponto para o lubrificante, que é o mesmo que circula no motor.

Compass
(Renato Pizzuto/Quatro Rodas)

Admissão – No corpo de borboleta, o que chamou nossa atenção não foi resíduo de sujeira, mas um pequeno acúmulo de óleo que pode ser proveniente do respiro do motor. Isto, porém, é normal em motores turbo.

Compass
(Renato Pizzuto/Quatro Rodas)

Multiair – É ele quem comanda o tempo de abertura, fechamento e levante das válvulas de admissão, e ao qual o eixo de comando de escape também está conectado. Não tinha problemas e sua desmontagem é complexa.

Compass
(Renato Pizzuto/Quatro Rodas)

Sistemas de direção e força – Não tivemos nenhum problema com a direção ao longo do teste e o estado dos componentes só corroborou com isso. Caixa de direção e terminais chegaram aos 100.000 km em bom estado. E os semieixos e as homocinéticas também.

Compass
(Renato Pizzuto/Quatro Rodas)

Suspensão – Esta parte teve uma notável evolução na comparação com o primeiro Compass testado. Foram necessários poucos reapertos na suspensão, que completou o teste sem defeitos ou mesmo desgaste acentuado nos batentes. Os amortecedores não precisaram ser trocados desta vez e dão indícios de estarem na metade de sua vida útil

Compass
(Renato Pizzuto/Quatro Rodas)

Coxins e suportes – Responsáveis por conter a movimentação, os coxins e os suportes do motor e do câmbio chegaram ao fim do teste sem danos visíveis, especialmente nas partes de borracha responsáveis por mitigar as vibrações transferidas para o carro.

Compass
(Renato Pizzuto/Quatro Rodas)

Freios a disco – O conjunto de freios dianteiro havia sido todo trocado aos 60.000 km e chegou aos 100.000 km como desgaste esperado e sem defeitos, exceto por um detalhe: vinha fazendo ruído no início das frenagens.

 

Peças do Jeep Compass que exigem atenção

Compass
(Renato Pizzuto/Quatro Rodas)

Câmbio automático – Antes de desmontar o carro, coletamos amostras dos fluidos. O óleo do câmbio automático chamou a atenção do mecânico William Artigiani de pronto: “Estava escuro e com cheiro mais forte”, conta. A análise da amostra apontou turbidez do lubrificante, mas com baixo nível de particulados em suspensão e nível de degradação satisfatório, mas próximo de chegar a um nível de atenção. Decidimos, então, fazer uma desmontagem parcial só para acessar seu filtro de partículas.

Foi assim que encontramos o filtro com bastante acúmulo de partículas metálicas e mais partículas próximas. Mas o baixo nível de partículas misturadas ao óleo mostra que o filtro estava cumprindo seu papel. Exige atenção, porém, porque a Jeep trata o óleo do câmbio como “for life”, ou seja, que não precisaria ser trocado ao longo da vida útil do carro – que costuma ser projetada em algo entre 250.000 e 300.000 km.

Compass
(Renato Pizzuto/Quatro Rodas)

Bomba de vácuo – Na desmontagem, encontramos sinal de vazamento pela lateral da bomba de vácuo que assiste o freio. Há muitos relatos desse vazamento nos Jeep e Fiat Toro, mas com motor 2.0 a diesel, que usa uma peça diferente.

Compass
(Renato Pizzuto/Quatro Rodas)

Corrente de comando – A corrente metálica, que passa uma segurança maior que a correia, continuava íntegra aos 100.000 km. Contudo, o desempenho do seu esticador hidráulico foi um dos suspeitos pelo barulho metálico do motor.

Compass
(Renato Pizzuto/Quatro Rodas)

Componentes do cabeçote – Vamos por partes: nas válvulas, encontramos carbonização (normal, dada a qualidade do nosso combustível e o tipo de injeção) e marcas de desgaste em algumas hastes. Alguns tuchos estavam com a parte traseira desgastada e o comando de válvulas apresentou ranhuras em contato com um dos mancais, ainda que esteja dentro da tolerância.

Compass
(Renato Pizzuto/Quatro Rodas)

Compressor do ar-condicionado –Seu rolamento estava fazendo barulho, que acabava se misturando ao barulho de funcionamento do motor.

Compass
(Renato Pizzuto/Quatro Rodas)

Catalisador – Componente responsável por uma conversão catalítica dos gases de escape, para reduzir o nível de emissões. O catalisador do Compass já apresentava alguns buracos.

Compass
(Renato Pizzuto/Quatro Rodas)

Injetores, velas, bobinas e bomba – Velas de ignição e injetores também apresentaram depósito de carbonização em um nível que, futuramente, poderia prejudicar o desempenho.

Compass
(Renato Pizzuto/Quatro Rodas)

Pistões, bielas, anéis e pinos – Seria a folga entre o pino dos pistões e as bielas a causa do barulho metálico? Talvez. Contudo, todos esses componentes estavam dentro das respectivas tolerâncias previstas pela Stellantis.

 

Vida dura nas concessionárias Jeep

desmonte do jeep compass
(Leonardo Barboza/Quatro Rodas)

Um Jeep Compass novo na mesma versão, Longitude, custa hoje R$ 200.990. E foram raras as vezes que o atendimento das concessionárias Jeep esteve à altura de um carro deste preço. A McLarty Maia, por exemplo, amassou os parafusos de uma das rodas no serviço de troca dos freios e, após uma primeira negativa para a troca, resolveu o caso com parafusos retirados de um carro acidentado no pátio.

PARAFUSOS Longa Compass

Na Sinal Tancredo Neves não trocaram o filtro de óleo, apenas limparam a peça para parecer nova e não trocaram o filtro de ar-condicionado que havíamos pago à parte. Quando quisemos análise do barulho do motor em garantia, a Jeep Amazonas fez de tudo para o carro não dar entrada na oficina, até sugeriu que ele fosse devolvido (porque dissemos que o carro havia sido comprado recentemente, como despiste). Questionaram onde as revisões foram feitas, então apresentamos os carimbos.

desmonte do jeep compass
Compass em passagens para verificações em garantia (Leonardo Barboza/Quatro Rodas)

Depois consultaram o sistema nacional da marca e revelaram que as concessionárias McLarty Maia, Bicudo e Orvel não haviam indicado as revisões feitas lá. Por seu posicionamento de mercado, a Jeep deveria ter um padrão de atendimento pós-vendas mais gabaritado. Um histórico como o nosso, desestimula qualquer um a continuar cliente da marca.

Todos os valores e gastos com o Jeep Compass T270 em 100.000 km

Tabela de Preços Manutenção (revisão/alinhamento) Extras (essenciais)
Em outubro de 2021: R$ 155.300 12.000 km – Divena : R$ 445,59/R$ 300 4 pneus – R$ 3.068
Atual (usado, KBB): R$ 127.850 24.000 km – Sinal: R$ 747/R$ 239 7 filtros antipólen – R$ 1038,81
Melhor oferta (usado): R$ 110.000 36.000 km – Osten: R$ 855/R$ 272 1 bateria da chave – R$ 10
Atual (modelo novo): R$ 200.990 48.000 km – Destaque : R$ 725/R$ 220 Jogo de pastilhas e discos de freio – R$ 1796
Quilometragem 60.000 km – McLarty Maia: R$ 1.409/R$ 280 2 litros de óleo – R$ 128,6
Uso urbano: 34.157 km (34,1%) 72.000 km – Bicudo : R$ 1.065/R$ 190 Bateria – R$ 949
Uso rodoviário 66.099 km (65,9%) 84.000 km – Orvel: R$ 767/R$ 250 Extras (acidentais)
Total 100.256 km 96.000 km – Europamotors: R$ 998/R$ 430 Franquia do para-brisa – R$ 660
Combustível: Reparo no pneu – R$ 35
Em litros: 10.595,27 Custo por 1.000 km
Em R$:   60.893,33 Combustível: R$ 609
Consumo médio: 9,5 km/l Revisões: 7,01
Alinhamento: R$ 2,18
Extras (essenc.) R$ 69,89
Total – R$ 688,08

Ficha Técnica – Jeep Compass T270 Longitude 80 Years

Motor a combustão: flex, diant., transv., 4 cil., 1.332 cm³, 16V, turbo, 70 x 86,5 mm, 185/180 cv a 5.750 rpm, 27,5 kgfm a 1.750 rpm
Câmbio: automático, 6 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica, 11,3 m (diâmetro de giro)
Suspensão: McPherson (diant. e tras.)
Freios: disco ventilado (dianteira) e disco sólido (traseira)
Pneus: 225/55 R18
Peso: 1.585 kg
Peso/potência: 8,57/ 8,80 kg/cv
Peso/torque: 57,6 kg/kgfm
Dimensões: comprimento, 440,4 cm; largura, 181,9 cm; altura, 162,8 cm; entre-eixos, 263,7 cm; altura livre do solo, 20,5 cm; tanque de combustível, 60 l

Todos os testes de desempenho e consumo do Jeep Compass T270

Aceleração 1º Teste – 2.167 km 2º Teste – 24.726 km 3º Teste – 60.993 km 4º Teste – 77.086 km 5º Teste – 100.000 km
0 a 100 km/h 9,9 s 10,1 s 9,9 s 9,7 s 9,8 s
0 a 1.000 m 31,3 s – 166,7 km/h 31,3 s – 168,8 km/h 31,1 s – 169,1 km/h 31,1 s – 168,0 km/h 31,1 s – 169,2 km/h
Retomadas
D 40 a 80 km/h 4,3 s 4,5 s 4,3 s 4,3 s 4,2 s
D 60 a 100 km/h 5,7 s 6,3 s 5,4 s 5,5 s 5,3 s
D 80 a 120 km/h 7 s 6,8 s 6,7 s 7 s 6,5 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0 16,5/29,4/63,9 m 17,5/29,8/64,4 m 16,3/28,8/64,8 m 15,9/28,1/64,6 m 16,1/28,2/64,1 m
Consumo
Urbano 9,6 km/l 8,4 km/l 9,3 km/l 9,3 km/l 9,2 km/l
Rodoviário 12,8 km/l 12,3 km/l 13,2 km/l 12,5 km/l 12,3 km/l
Ruído interno
Neutro/RPM máx. 42,4/65,7 dBA 42,4/67,9 dBA 43,5/65,3 dBA 44,8/65,8 dBA 46,4/68,5 dBA
80/120 km/h 63,8/68,8 dBA 65,5/70,1 dBA 67,9/70,5 dBA 60,2/69,4 dBA 62,2/70,3 dBA

Condições de teste – 2.167 km: alt. 660 m; temp., 27,5 °C; umid. relat., 42%; press., 1.013 kPa / 24.726 km: alt. 660 m; temp., 27 °C; umid. relat., 63,5%; press., 1.013 kPa / 60.993 km: alt. 660 m; temp., 27,5 °C; umid. relat., 67%; press., 1.013 kPa / 77.086 km: alt. 660 m; temp., 31,5 °C; umid. relat., 35%; press., 1.013 kPa / 100.000 km: alt. 660 m; temp., 28 °C; umid. relat., 39%; press., 1.013 kPa

Veredicto Quatro Rodas

Se você é dono ou está interessado em um Compass ou qualquer outro Jeep ou Fiat com motor T270, agora sabe ao que deverá ficar atento. Há pontos de atenção, mas nada que possa reprovar o carro. É como passar de ano com a nota mínima necessária. Ao menos houve uma boa evolução na robustez da suspensão, um elemento crítico para carros que rodam no Brasil.

SELO APROVADO COMPASS
(Arte/Quatro Rodas)

 

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