Carro elétrico mais vendido do país, o BYD Dolphin ganhou uma nova configuração. É o Dolphin Plus, uma versão topo de linha cheia dos “mais” – ou, não por acaso, “plus”, em inglês. Ela é ainda mais equipada, com mais autonomia, aparência mais descolada e, principalmente, com mais desempenho para vender ainda mais.
Por todo o chamativo pacote, o modelo também é mais caro e custa R$ 179.800, contra os R$ 149.800 da versão de entrada, até então a única oferecida no Brasil. Testamos a novidade e, no vídeo acima, o colocamos lado a lado com o seu principal oponente: o GWM Ora 03 GT.
Visual chamativo e muito espaço
Embora não tenha nenhum logotipo especial que aponte ser a versão mais cara, o Dolphin Plus tem importantes diferenciações visuais. Os para-choques são maiores, têm traços mais suaves e ganham apliques arqueados em preto brilhante, que buscam dar algum ar de esportividade. Por causa deles, o Dolphin Plus é 16 cm maior que a versão de entrada.
Ele também tem novas rodas de 17 polegadas, com desenho esportivo e detalhes que repetem a cor da carroceria (exceto quando carro é branco, situação em que o desenho da roda é exclusivo). A versão também se diferencia na pintura, sempre em dois tons – azul com cinza (como a unidade testada), rosa com cinza, branco com cinza ou cinza com preto.
Por dentro, o modelo mantém o bom nível de acabamento da versão de entrada, mas com diferentes combinações de cores e materiais. Permanecem os revestimentos macios no painel e nas portas, e os materiais que imitam couro. Há bons encaixes, boa variedade de texturas e cuidados em detalhes, como as “escamas” de peixes no painel e as “ondas” no volante e nas saídas de som.
O espaço também segue como destaque: com entre-eixos de 2,70 metros, o mesmo de um Toyota Corolla, o elétrico tem espaço até superior ao do sedã médio por sua boa distribuição interna. Quem vai atrás tem espaço de sobra para as pernas e boa acomodação para ombros e cabeça.
Caso uma terceira pessoa precise ocupar o centro, terá que negociar espaço lateral, mas não se preocupará com os pés, já que o assoalho é plano. Por fim, os ocupantes traseiros têm porta-revistas e porta-celulares na traseira dos bancos dianteiros, e duas portas USB C para recarga de telefones.
O porta-malas do Dolphin segue o bom espaço interno, com ótimos 345 litros – há opção de reduzir o espaço com um tampão modular. A capacidade é melhor do que em qualquer hatch compacto à venda no Brasil e, principalmente, em relação ao seu principal concorrente: o GWM Ora 03 GT, que tem apenas 228 litros.
O que o Dolphin Plus ele tem a mais?
Por R$ 30.000 a mais em relação à versão de entrada, que sai por R$ 149.800, o Dolphin Plus tem uma vasta lista de equipamentos extras e grandes acréscimos mecânicos.
Desde a versão de entrada, o Dolphin já é equipado com sistema de câmeras 360° com visualização 3D, ar-condicionado automático digital de duas zonas, faróis full led com acendimento automático, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, freio de estacionamento eletrônico, autohold, piloto automático e seis airbags.
Ele também tem quadro de instrumentos digital, que apesar da pequena tela de 5 polegadas é completo e de fácil leitura, e central multimídia de 12,8 polegadas giratória, com Android Auto e Apple CarPlay.
O Plus acrescenta teto solar panorâmico, bancos dianteiros com ajustes elétricos e aquecimento, airbag central (somando sete) e carregador de celular por indução. Isso sem contar com o principal: o pacote de sistemas de condução e segurança.
Este pacote inclui alerta de colisão com frenagem automática de emergência, piloto automático adaptativo, monitoramento de pontos cegos com sistema anti-colisão lateral, alerta de tráfego cruzado traseiro com frenagem, manutenção do veículo na faixa com centralização e reconhecimento de placas de velocidade.
São itens de extrema importância mas, alguns, têm funcionamento brusco e invasivo. É o caso da correção ativa para manter o veículo na faixa, que acaba sendo brusca e assusta o motorista. Além disso, o sistema vibra o volante e emite alertas muito altos.
O reconhecimento de placas também tem falhas e, em algumas vezes, detecta placas de vias laterais. Assim, também fica apitando, já que pode detectar placas de menores velocidades do que a real velocidade da via em que se está trafegando.
Assim, o motorista acaba preferindo desligar os sistemas para ter uma condução mais tranquila. Nesta quesito, são dois os problemas: abrir mão de itens de segurança e ter que fazer o processo, que demanda paciência para entrar em vários menus, todas as vezes em que o carro for desligado e religado.
Na comparação com o Ora 03 GT, o Dolphin Plus fica devendo sistema automático de estacionamento, faróis altos adaptativos, porta-malas com abertura e fechamento elétricos e bancos com massagem.
E não acabou
O Dolphin Plus também tem mudanças significativas na mecânica. Enquanto a versão de entrada tem um motor elétrico de 95 cv e 18,4 kgfm, a topo de linha passa a ter 204 cv e 31,6 kgfm, números muito superiores – mais que o dobro, no caso da potência. Também são números maiores que os 171 cv e 25,5 kgfm do Ora 03 GT.
Em nossos testes, o Dolphin Plus foi de 0 a 100 km/h em 7,3 segundos, uma diferença de 5 s para os 12,3 s da versão mais barata. O rival da GWM fez a mesma prova em 8,1 segundos. Durante o teste de 0 a 1000 metros, o modelo chegou aos 166,9 km/h – uma margem extra diante da velocidade máxima, que é limitada a 160 km/h para preservar a bateria.
De fato, o desempenho do hatch empolga. Ele tem acelerações rápidas em saídas e retomadas, e “pancadas” causadas pelo torque instantâneo, mas parece andar mais do que deveria. É divertido? Com certeza. Mas não precisa de tanto, e ele deixa claro que há potência e torque de sobra.
Uma das evidências aparece em saídas ou retomadas a baixas velocidades, quando ele destraciona e canta pneus sem qualquer cerimônia ou discrição. Quando se continua acelerando, ele dá sinais de saída de dianteira, e é necessário segurar mais firme no volante. Não transmite insegurança, porém.
É possível que os dois problemas, especialmente o primeiro, seja solucionado com a troca dos pneus Ling Long 205/50 R17 por outro melhores, de pretensões mais esportivas e que possam dar uma melhor aderência ao solo.
A suspensão é diferente, com multilink na traseira, contra eixo de torção no mais barato. Isso deixa o Plus mais capaz de aguentar a potência extra, com mais estabilidade. O ajuste também muda, passa a ser mais firme, mas longe de dar pancadas secas. Apesar disso, a traseira ainda passa pequenos solavancos em asfaltos mais prejudicados, e remete levemente a uma picape vazia.
A versão também é superior na capacidade da bateria, que tem 60,5 kWh, contra 44,9 kWh do Dolphin comum e 63 kWh do Ora 03 GT. Apesar de ser mais potente e de ter uma bateria menor, o BYD oferece maior autonomia. Segundo o Inmetro, são 330 km projetados. No Ora 03 GT são 319 e, no Dolphin de entrada, 291 km.
É preciso lembrar que desempenho e alcance variam de acordo com direção do motorista e com os modos de condução do veículo, que são quatro: econômico, normal, esportivo e neve. Há também dois níveis para freio motor, cuja função pode aumentar a energia gerada em desacelerações e frenagens. Entretanto, mesmo no modo mais alto, a frenagem é suave.
Veredicto
A depender do volume de importação e dos preços a serem praticados após a volta dos impostos para carros elétricos no Brasil, o Dolphin Plus tem tudo para fazer com que o Dolphin venda cada vez mais. Ele combina uma extensa lista de equipamentos, acabamento caprichado, bom espaço interno, ótimo desempenho e autonomia suficiente. Isso tudo por um preço convidativo que, por sinal, ainda é mais baixo que o do seu maior rival, o GWM Ora 03 GT.
Teste Quatro Rodas – BYD Dolphin Plus
Aceleração
0 a 100 km/h – 7,3 s
0 a 1.000 m – 28,3 s – 166,9 km/h
Velocidade máxima – 160 km/h (limitada eletronicamente)
Retomadas
D 40 a 80 km/h – 2,8 s
D 60 a 100 km/h – 3,6 s
D 80 a 120 km/h – 4,5 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0 – 15/27,2/64,4 m
Consumo
Urbano – 6,6 km/kWh
Rodoviário – 6,4 km/kWh
Ruído interno
Neutro/RPM máx. – – / – dBA
80/120 km/h – 59,8/72,9 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h – 98 km/h
Volante – 2,5 voltas
Seu bolso
Preço básico – R$ 179.800
Garantia – 5 anos
Ficha técnica – BYD Dolphin Plus
Motor: elétrico, dianteiro, 204 cv, 31,6 kgfm
Bateria: íon-lítio, 60,5 kWh, 330 km de autonomia (Inmetro)
Câmbio: 1 marcha, tração dianteira
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (dianteira), multilink (traseira)
Freios: disco nas quatro rodas
Pneus: 205/50 R17
Dimensões: comprimento 429 cm; largura, 177 cm; altura, 157 cm; entre-eixos, 270 cm; peso, 1.658 kg; porta-malas, 345 litros