O trágico acidente em Ímola, em 1994, é retratado na primeira cena. Como o menino Beco tornou-se o tricampeão mundial de Fórmula 1 Ayrton Senna é o que exploram os seis capítulos da minissérie Senna, que estreia na Netflix na próxima sexta-feira (29).
QUATRO RODAS assistiu aos dois primeiros episódios em première realizada em São Paulo.
A minissérie é uma produção brasileira, tem elenco internacional e é uma das grandes apostas da plataforma para este ano – justamente quando a morte de Senna completou 30 anos.
É um momento especial e devidamente respeitado pela atenção aos detalhes. Cenas de corrida foram gravadas nas pistas com réplicas funcionais dos carros (e de todo o grid) das competições onde Ayrton Senna correu, do seu primeiro kart à Fórmula 1, passando pela Fórmula Ford e pela Fórmula 3. Foram 22 carros fabricados, ao todo, pela Crespi, na Argentina – onde gravaram muitas das cenas de corrida.
Também houve uma preocupação especial na gravação do ronco dos respectivos motores e na reprodução dos patrocinadores da época. E isso foi muito bem explorado com disputas que realmente foram gravadas nas pistas, sem grandes exageros virtuais além da inevitável reprodução dos circuitos originais. Deixa muita produção hollywoodiana sobre automobilismo no chinelo.
O cuidado na representação dos pilotos contemporâneos de fica muito evidente quando Ayrton Senna (representado por Gabriel Leone), em sua primeira temporada na F1, chega à festa de gala às vésperas do GP de Mônaco de 1984.
Em plano contínuo, interage com a jornalista Laura (Kaya Scodelario), um personagem fictício que ajuda a unir o enredo, é ignorado por Nelson Piquet (Hugo Bonemer) e cumprimenta Alain Prost (Matt Mella), Niki Lauda (Johannes Heinrichs), Nigel Mansell e James Hunt (Leon Ockenden), além de marcar a primeira aparição de Galvão Bueno (Gabriel Louchard) na história. Até a dicção dos pilotos impressiona.
A corrida de Mônaco justamente no primeiro ano de Senna na Fórmula 1 explora o talento daquele futuro tricampeão brasileiro na chuva junto com lapsos da sua infância, quando treinava de kart justamente na pista molhada. Senna largou em 13° nesta corrida e terminou na segunda posição, atrás de Alain Prost, por terem interrompido a corrida de maneira controversa. Senna chegou a comemorar pensando ter vencido a corrida.
Para quem é fã de automobilismo e Fórmula 1, “Senna” é um deleite. Você vê cada passagem da biografia de Ayrton Senna sendo muito bem reproduzida, algumas muito valorizados e outras de forma mais superficial para se adequar aos cerca de 50 minutos de cada capítulo.
Mas também é uma minissérie para quem não é fã de corridas, para quem cresceu ouvindo sobre a lenda Ayrton Senna. Era possível ouvir sussurros ao redor de quem não imaginava o desfecho de uma disputa na pista ou de uma crise familiar, mas já estava envolvido pela história. Talvez o jeito perfeito de manter Senna vivo seja maratonar os seis capítulos.