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Para mim, ele é perfeito

Por Jeremy Clarkson
1 out 2013, 11h27

Existem muitos carros maravilhosos atualmente: a Ferrari 458 Italia, o McLaren 12C Spider, o Bentley Continental GT V8, o Mercedes SLS AMG, o Lexus LFA, o Aston Martin Vanquish e o BMW M6 Gran Coupe. Todos eles são rápidos, elegantes e cheios de personalidade, e eu ficaria feliz em ter qualquer um deles. Mas não posso, porque andar por aí em um carro chamativo é como andar pelado. Você acaba sendo notado. O que não é uma coisa de que eu goste muito.

Quando saio com um desses, sempre me pedem para tirar fotos. “É para minha irmã, que vai viajar para um torneio de hóquei”, é o que dizem sempre, enquanto procuram pela função de câmera do celular. Minutos mais tarde, depois de ter ouvido tudo sobre o torneio de hóquei e como o namorado dela tem um BMW M3, ela acha a câmera do celular e está pedindo para uma pessoa que passa para tirar uma foto. E essa pessoa geralmente não sabe qual botão apertar, e acaba tirando uma foto do seu próprio nariz. Ou desligando o telefone. E quando ela finalmente consegue tirar a foto, já chegou outra pessoa. “Olha, meu filho jamais me perdoaria se eu não tirasse uma foto.” E logo minha viagem de 2 minutos para ir comprar leite virou uma sessão de fotos de 2 horas.

Mas, quando isso acontece na estrada, acaba sendo bem perigoso. As pessoas freiam, costuram e atravessam três faixas de rolamento para tirar uma foto minha. Teve uma vez, inclusive, em que um sujeito em um Mini ficou tão concentrado em me filmar que bateu no carro da frente. Cujo motorista, para minha diversão, era um grandalhão com jeito de pouquíssimos amigos. Um dia desses alguém ainda vai acabar se matando, e é por isso que quero que meu próximo carro seja totalmente discreto. E isso é um problema, porque todo carro atual que oferece a velocidade e a empolgação que desejo vem com aquele estilo “olhe para mim”. Exceto um: o Volkswagen Golf GTI.

Então, desculpe-me. Todo mês venho aqui e analiso um carro para seu benefício, mas desta vez  estou fazendo isso por mim. Porque o novo GTI pode ser a resposta a todas as minhas preces. Quando a Volkswagen criou o primeiro Golf rápido, há 37 anos, foi um sucesso em todas as classes. Soube de donas de casa que economizaram e pouparam para comprar um. E conheci uma pessoa que deu um esportivo clássico como parte do pagamento. Era também um carro que atendia a todos os públicos. Podia levar cinco pessoas. Tinha um porta- -malas com bancos traseiros rebatíveis. Os painéis da sua carroceria custavam para consertar o mesmo que os de um Golf normal, mas graças ao seu motor de 108 cv ele era mais rápido e mais divertido do que qualquer esportivo daquela época.

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O GTI Geração 2 também era muito bom, mas desde então o encanto começou a se perder. Dava a impressão de que a VW estava fazendo um GTI porque achava que devia, não porque a empolgasse de qualquer maneira. Mas para a Geração 7 a empresa trouxe o homem que fez o Porsche 911 GT3 RS. E, pelo que tinha ouvido falar, a mágica do original está de volta. O motor é um turbo de 2 litros que produz 220 cv. Mas por 980 libras (cerca de 3 400 reais) a mais, você pode ter o pacote Performance, que eleva a cavalaria para 230 cv. Eu experimentei essa versão, e pouco tempo depois já sabia que, no mundo real, esse carro pode acompanhar praticamente qualquer coisa na estrada. Discretamente. Não há espalhafato com este Golf GTI. Nenhum drama. Nenhum rugido de escapamento. Você vê um espaço. Você pisa no acelerador. E a ultrapassagem está concluída. Você chega a uma curva. O diferencial dianteiro – eletrônico – garante que o carro não saia de frente e que não ocorra nenhuma puxada imprópria no volante. Você sai do outro lado. É uma máquina feita para avançar firme e rápido. Estilo alemão.

E não é só isso: ele custa apenas 195 libras (680 reais) a mais do que o modelo anterior e, graças a um sistema de frenagem de emergência baseado em câmera, o preço do seguro caiu bastante na Inglaterra. Para um automóvel que passa dos 240 km/h, ele também é extremamente econômico.

O que temos é um pacote de bom senso puro, não diluído. Exceto por duas coisas. Primeiro, você não pode comprar as rodas de 19 polegadas opcionais em conjunto com um teto solar – não tenho a menor ideia do porquê. A segunda é que você pode escolher entre o modo Comfort, Normal e Sport para o diferencial dianteiro, suspensão, câmbio e direção, e eu resolvi testar que diferença fazia. Levei o carro para a pista do Top Gear, coloquei em Normal e pedi para o Stig fazer a volta. Deu 1mi 29s6. Então coloquei no modo Sport. Dessa vez, ele fez uma volta em 1min29s6. Daí coloquei em Comfort, que amolece tudo. Ele marcou 1min29s5.

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Atualmente, muitos carros são equipados com câmbios e suspensões ajustáveis, e fazia tempo que eu tinha a suspeita de que eles não fazem diferença real na velocidade do carro. E aqui está a prova. O modo Sport deixa o carro desconfortável, mas não traz benefício algum. No seu modo Normal, o GTI é tremendo. A esportividade continua ali – e os tempos provam. Mas o modo Comfort é sublime. Ele é fenomenal, é brilhante.

Por dentro, este Golf GTI é tão lógico e sensato como uma gaveta de roupas íntimas alemã, e você tem a impressão de que tudo continuará funcionando perfeitamente daqui a dez anos. Exceto pelo rádio, que quebrou em dois dias. E um pouco do acabamento ao redor da janela traseira, que caiu. Mas, para sermos honestos, eu estava testando um modelo de pré-produção. E o homem responsável por esses erros já estará cumprindo pena quando os modelos de produção começarem a sair da linha de montagem.

O melhor de tudo, no entanto, é que ninguém tirou fotos minhas enquanto eu dirigia o carro. Eu tinha um automóvel que pode desafiar as leis físicas, que faz de 0 a 100 km/h em um pouquinho mais do que 6 segundos, que devora curvas e que é tão confortável quanto uma poltrona reclinável. Mas ninguém olhou duas vezes para ele.

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A única coisa que me incomodou foi o câmbio de dupla embreagem, com borboletas no volante. Era impossível arrancar com suavidade, e no quarto dia eu estava ficando bem incomodado. No sétimo, estava muito furioso. Mas aí eu descobri o botão Auto Hold. Destinado a impedir que o carro escorregue para trás quando você arranca em uma subida – não há como controlar a embreagem com as borboletas e não existe o “creep” de um câmbio automático tradicional –, ele aplica o freio sempre que você para. E então, quando você coloca o pé no acelerador, ele solta o freio. Mas não rápido o suficiente. Por isso o solavanco. Eu o desliguei e tudo ficou bom. Muito bom. Para mim o carro é perfeito. E, se você for justo, é perfeito para você também.

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