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Novo Ford Territory tem base Toyota “fake”, câmbio de JAC e motor de 1977

Fizemos a árvore genealógica do SUV chinês que chegará às lojas em setembro para concorrer com Jeep Compass e Volkswagen Tiguan

Por Gabriel Aguiar
Atualizado em 1 abr 2024, 16h04 - Publicado em 5 ago 2020, 16h00
Novo Ford Territory está ligado indiretamente a diversos fabricantes (Divulgação/Ford)

O novo Ford Territory é uma verdadeira salada de frutas – e podemos provar!

Por aqui, o modelo até parece uma completa novidade – afinal, só chegou agora ao nosso país –, mas você imaginaria que o motor do SUV é de uma família que existe há mais de 40 anos? Ou que até existe certo parentesco entre ele e o Toyota RAV4?

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QUATRO RODAS revela os segredos do modelo que promete ser a salvação da Ford no Brasil. Afinal, a marca vem enfrentado dificuldades há anos e, nos dias atuais, tem sério risco de cair à sétima colocação no nosso mercado. Trazido da China, é a primeira novidade para os próximos meses.

Plataforma “inspirada” no Toyota RAV4

Imitação do Evoque, o Landwind X7 cedeu a plataforma ao Territory (Landwind/Divulgação)

Não é fácil recuperar a árvore genealógica do SUV da Ford. Talvez já não seja segredo para ninguém que o modelo é, na verdade, uma versão adaptada do Yusheng S330. Em comum, ambos são feitos pela Jiangling Motors, empresa responsável pela criação do Landwind X7 – a cópia do Evoque.

Plataforma tem passado de modelo a modelo dentro da JMC (Landwind/Divulgação)

O “quase Land Rover” chegou às lojas em 2015, só 14 anos após o primeiro carro feito pela marca (batizado X9 e que era um Isuzu Rodeo rebatizado). Só que, em 2012, antes do polêmico SUV, o fabricante revelou o Landwind X5, com visual alinhado aos modelos ocidentais e chassi monobloco.

Ângulo da coluna A e junções do para-lama entregam o parentesco (Arte/Quatro Rodas)

O ponto é que, no começo da última década, a indústria chinesa ainda era relativamente nova e, por isso, era comum existirem cópias de modelos mais consagrados. E é aí que a terceira geração do Toyota RAV4, que foi lançada em 2006, entra na história. Quer uma dica? Repare nas portas e nas colunas do X5…

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Vistos de lado, é fácil notar os mesmos recortes de portas e vidros (Arte/Quatro Rodas)

Não é somente coincidência: largura, entre-eixos, além das bitolas dianteira e traseira são exatamente iguais (185,5 cm; 266,0 cm; 156,0 cm e 156,0 cm, respectivamente) em ambos SUVs. Pensando bem, bastaria dar uma olhada nas cabines para matar essa charada. Só que a inspiração não é oficial.

Painel do Landwind X5 também é fortemente inspirado no Toyota Rav4 (Arte/Quatro Rodas)

Isso porque a Landwind foi criada pela Jiangling Motors Corporation, parceira da Ford na China, e Changan, que também formou joint venture com os norte-americanos, além de Mazda, PSA e Suzuki. Já a Toyota se associou apenas às chinesas FAW e GAC, além de ter feito alianças para carros elétricos.

Há medidas iguais nas tabelas de Rav4 (branca) e X5 (bege) (Arte/Quatro Rodas)

Ou seja: o Landwind X5 foi criado em 2012 (e chegou às lojas em 2013) com a estrutura copiada do modelo japonês. E, depois, serviu de base para o Landwind X7, que, além de tudo, imitava o visual do Evoque. Aí a Jiangling Motors Corporation aproveitou a mesma base no Yusheng S330 e no Territory.

Desenvolvimento da Jiangling Motors Corporation

Novo SUV da Ford nasceu como carro chinês (Arte/Quatro Rodas)

A parceria entre Jiangling Motors Corporation (ou apenas JMC) com a Ford já existe desde 1995, quando os norte-americanos compraram ações para formar a joint venture. Só que o complexo de Xiaolan, onde é feito o Territory e também está o centro de pesquisa e desenvolvimento, surgiu em 2010.

Na dianteira, nem mesmo para-lamas e capô mudaram (Marcello Oliveira/Quatro Rodas)

Mas o começo da década passada não foi importante apenas pelas novas instalações: naquele mesmo ano, os chineses também criaram a Yusheng ­– e, com isso, passaram a criar os primeiros carros de passeio por conta própria. Aliás, o próprio S330 já foi completamente desenvolvido pela empresa.

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Traseira do S330 é praticamente igual ao Territory (JMC/Divulgação)

Talvez já esteja bem claro pelas fotos (ou por tudo que QUATRO RODAS publicou até agora) que o SUV é praticamente igual ao Territory. Na verdade, a própria JMC declara que o utilitário da Ford foi desenvolvido posteriormente pela empresa chinesa em parceria com a marca norte-americana.

Painel concentrou boa parte das mudanças do novo Ford (JMC/Divulgação)

Em relação ao Yusheng S330, o modelo trazido ao nosso país recebeu nova dianteira – com os mesmos para-lamas ­e capô –, lanternas atualizadas e painel completamente diferente. Por lá, a joint venture de JMC e Ford retrata o Territory como “um SUV médio desenhado para o consumidos chinês”.

Câmbio CVT (quase) de JAC

Câmbio CVT do Territory pertence à última geração da Punch (Divulgação/Ford)

Talvez você nunca tenha ouvido falar da Punch Powertrain, mas a empresa é responsável por fornecer cerca de 80% dos câmbios automáticos CVT no mercado asiático. Entre a clientela, estão desconhecidos do Brasil, como Baic, Dongfeng, Haima, Proton, além de Geely, JAC, JMC e, agora, Ford.

Conjunto de transmissão também é produzido na China (Divulgação/Ford)

Fato é que a empresa belga ­– e que, na verdade, desde 2016 pertence ao chinesa Yinyi – foi responsável pela criação do sistema continuamente variável em 1972, quando ainda chamava “Variomatic”. Nos dias atuais, a montagem é realizada apenas na China, mas também há centros na Europa.

T60 também utiliza câmbios da empresa sino-belga (Divulgação/JAC)

E, por aqui, você nem precisaria esperar pela chegada do Territory para conhecer os sistemas desenvolvidos pela empresa, pois toda a linha de SUVs a combustão trazidos pela JAC têm transmissão da Punch. Mas seja feita a justiça: somente o utilitário da Ford utiliza a mais nova geração, batizada VT5.

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Os modelos da JAC têm sistema anterior ao Ford (Divulgação/JAC)

Segundo a própria empresa sino-belga, a transmissão utilizada pelo Territory é, na verdade, uma evolução da geração anterior, chamada VT3 (aqui, empregada somente no T60): mudam detalhes de desenho, controles hidráulicos e novas relações de marchas para aprimorar os níveis de eficiência.

Motor Mitsubishi dos anos 1970

Compacto Colt foi responsável por inaugurar motores da família Orion (Divulgação/Mitsubishi)

Injeção direta de combustível, turbo, comando de válvulas variável… essa nem parece a receita de um motor que surgiu há 43 anos. Mas a família Orion foi criada em 1977 e, desde então, seguiu recebendo atualizações para tentar se manter em dia, com diferentes tecnologias e até mesmo tamanhos.

SUV foi flagrado no Brasil em testes de adaptação às vésperas do lançamento (Caio Victor/Autos Segredos/Internet)

Para ter ideia, esse conjunto já teve alimentação por carburador, comando de válvulas simples e até o arcaico acionamento das válvulas por varetas ­– como no VW Fusca. Por outro lado, o Mitsubishi Colt CZT, feito pela Ralliart, já tinha sobrealimentação. E, como prova de versatilidade, o motor do Territory atua com ciclo Miller, mais eficiente que o Otto.

Cotada para vir ao Brasil, a Haval também utiliza o mesmo motor (GWM/Divulgação)

Como dá para imaginar, esse é considerado um dos motores mais antigos em produção. E dá até para dizer que o conjunto só continua vivo por insistência dos chineses: ainda é utilizado por Brilliance, BYD, Changan, Geely, Emgrand, Great Wall, Haval, Zotye, além, é claro, JMC, Yusheng e Ford.

Na China, há uma versão elétrica como alternativa ao motor de quatro décadas (Divulgação/Ford)

Mas quem fornece esse motor hoje é a austríaca AVL, que tomou o motor Mitsubishi 4G15 (usada pela primeira vez em 1988 por Mirage e Colt), como base para o 1.5 fornecido a tantas fabricantes chinesas.

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Para a China, esse propulsor foi rebatizado EcoBoost 145 – como curiosidade, era chamado M122 E15 AL quando serviu ao Smart ForFour, que por sua vez era um Colt.

E se já foi aposentado pelos criadores japoneses em 2012, o 1.5 turbo do novo Ford está de acordo com as normas de emissões China 6, equivalentes ao Euro 6.

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