CNH sem autoescola é aprovada pelo Contran; entenda todas as novas regras
Resolução aprovada permite uso de veículo particular, acaba com prazo de 12 meses do processo e cria a figura do instrutor independente para reduzir custos
O modelo de formação de condutores no Brasil, intocado em sua essência há décadas, acaba de sofrer sua maior ruptura. O Conselho Nacional de Trânsito (Contran) aprovou nesta segunda-feira (1º) uma resolução que extingue o monopólio das autoescolas (CFCs) e reescreve as regras para tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
A medida, que visa trazer para a legalidade cerca de 20 milhões de brasileiros que hoje dirigem sem habilitação, ataca os dois maiores entraves do sistema: o custo elevado e a burocracia.
A partir da publicação no Diário Oficial da União (DOU), prevista para os próximos dias, o processo de habilitação torna-se flexível, permitindo o uso de veículo particular e a contratação de instrutores autônomos.
A nova resolução desenha um cenário de liberdade inédita para o candidato. A principal mudança conceitual é que o Estado deixa de exigir onde você aprende, focando apenas em se você aprendeu.
Com isso, a obrigatoriedade de matrícula em um Centro de Formação de Condutores (CFC) deixa de existir. Para a parte teórica, o aluno ganha autonomia total. Não haverá mais uma carga horária mínima de 45 horas travada por biometria em sala de aula. O candidato poderá estudar por conta própria através de uma plataforma oficial do governo federal que integre o Sistema Nacional de Trânsito (Senatran), optar por cursos de ensino a distância (EaD) oferecidos por entidades especializadas ou, se preferir o método tradicional, frequentar uma autoescola.
Na parte prática, a exigência de aulas de direção despenca de 20 horas para apenas 2 horas obrigatórias. A ideia é que o aluno treine o quanto for necessário para se sentir apto, sem ser forçado a pagar por um pacote fechado de horas que talvez não precise.
Para viabilizar isso, surge a figura do Instrutor Autônomo. O candidato poderá contratar um profissional credenciado independente — sem vínculo com autoescolas — e realizar as aulas no próprio carro (ou de um familiar), desde que o veículo atenda aos requisitos de segurança do Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
Outro gargalo histórico eliminado é o prazo de validade do processo. Até hoje, o candidato tinha 12 meses para concluir todas as etapas; se o prazo vencesse, todo o dinheiro e progresso eram perdidos. Com a nova regra, o processo permanece aberto por tempo indeterminado, permitindo que o cidadão avance conforme seu orçamento permitir.
Para os motoristas profissionais, a resolução também prevê facilitação. O processo para obtenção de CNH nas categorias C (carga), D (passageiros) e E (articulados) poderá ser realizado fora das autoescolas, por outras entidades credenciadas.
No entanto, um item de segurança crucial foi mantido: o exame toxicológico continua obrigatório para todas essas categorias, sem alterações na regra de detecção de substâncias.
O governo espera que as novas regras reduzam os custos para obter a CNH, que vinham crescendo constantemente – uma pesquisa do Ministério dos Transportes concluiu que o preço é o principal problema para um terço dos brasileiros.
Para o setor automotivo, isso significa um novo contingente de compradores habilitados, o que deve movimentar tanto o mercado de seminovos quanto a venda de motocicletas e carros compactos. Para as autoescolas, resta o desafio de se reinventar como centros de excelência e consultoria, focando em públicos que ainda preferem o modelo tradicional de ensino.
O Que Muda:
A principal alteração é estrutural: sai a rigidez das cargas horárias e matrículas obrigatórias, entra o foco na avaliação final.
1. Aulas Teóricas:
- Como era: O aluno era obrigado a cumprir 45 horas/aula presenciais ou remotas, com monitoramento biométrico rígido, gerando custos de matrícula e deslocamento.
- Como fica: Não há mais carga horária mínima. O candidato tem liberdade total para estudar. O conteúdo pode ser consumido via plataforma de entidades integrantes do Senatran, cursos EaD (gravados ou ao vivo) ou presencialmente, se desejar. A estrutura do curso é livre, desde que cubra as diretrizes do Contran.
2. Aulas Práticas:
- Como era: Obrigatórias 20 horas/aula de prática veicular em carro da autoescola, com monitoramento e restrições de horários.
- Como fica: A exigência cai para apenas 2 horas de aula prática. O foco passa a ser a competência adquirida, não o tempo cronometrado ao volante.
3. Veículo de Aprendizagem
- Como era: Exclusividade dos veículos adaptados das autoescolas (com duplo comando e faixas de identificação).
- Como fica: Liberado o uso de carro próprio (ou do instrutor/familiar). O veículo precisa apenas atender aos requisitos básicos de segurança do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e estar sob supervisão de um instrutor autorizado.
4. O Instrutor
- Como era: Profissional obrigatoriamente vinculado a um Centro de Formação de Condutores (CFC).
- Como fica: Criação da figura do Instrutor Autônomo, profissionais credenciados podem atuar sem vínculo com CFCs, agendando aulas diretamente com os alunos via aplicativo oficial.
5. Validade do Processo
- Como era: O processo caducava em 12 meses. Se o aluno não passasse nesse período, perdia todas as etapas e taxas pagas.
- Como fica: Validade indeterminada. O processo permanece aberto indefinidamente, permitindo que o candidato avance no seu próprio ritmo financeiro.
Requisitos do Novo Instrutor
A desregulamentação não significa amadorismo. Para atuar como Instrutor Autônomo, o profissional precisará de uma “homologação” rigorosa junto ao Detran, garantindo a segurança viária durante as aulas em veículos particulares.
Ficha Técnica do Instrutor Autônomo:
- Idade: Mínima de 21 anos.
- Escolaridade: Ensino Médio completo.
- Experiência: CNH válida há pelo menos 2 anos na categoria que pretende instruir.
- Histórico: “Ficha limpa” no trânsito, sem infrações gravíssimas nos últimos 12 meses.
- Capacitação: Curso de formação específico (oferecido gratuitamente pelo Ministério dos Transportes).
Instrutores que já atuam em CFCs poderão migrar para o modelo autônomo através de notificação no aplicativo da CNH digital.
O Exame
Se o aprendizado foi flexibilizado, a avaliação final mantém o rigor técnico para garantir que apenas condutores aptos cheguem às ruas. Além disso, a “segunda chance” (reteste em caso de reprovação) não terá cobrança de taxas adicionais e não há limite de tentativas.
- Prova Teórica: Continua obrigatória. Exame de múltipla escolha com duração mínima de 1 hora e exigência de 20 acertos (70% de aproveitamento).
- Prova Prática: O formato de “banca” permanece. O exame será avaliado por uma comissão de três membros, em trajeto pré-definido.
- Veículo: Assim como nas aulas práticas, o candidato poderá realizar a prova no próprio carro.
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