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Ícone dos EUA, um Hummer H2 foi importado e emplacado pela Coreia do Norte

País asiático é proibido de importar quase tudo, mas criatividade e conivência permitem que modelos caríssimos cheguem a Pyongyang

Por Eduardo Passos
Atualizado em 15 Maio 2021, 18h09 - Publicado em 15 Maio 2021, 17h45
Hummer H2 Coreia do Norte
Estacionar em local proibido é a menor das infrações desse Hummer H2 (Roman Harak/Acervo pessoal)

País mais fechado do mundo, a Coreia do Norte é profundamente isolada pela ditadura familiar que manda em Pyongyang e por fortes sanções econômicas, impostas em punição ao programa nuclear de Kim Jong-Un.

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Fãs de carro, entretanto, sempre dão um jeito: são cada vez mais frequentes os relatos de um imenso Hummer H2 que circula pelas ruas norte-coreanas, em clara violação de leis internacionais. Como isso é possível?

É grande a lista de itens que a Coreia comunista não pode importar: desde combustível até metais preciosos, passando por transferências financeiras e, claro, bens de luxo. Mesmo assim, o regime faz questão de usar carros exclusivos como propaganda e, claro, mordomia ao ditador e amigos.

Cor da placa indica se tratar de um veículo de empresa estatal norte-coreana
Cor da placa indica se tratar de um veículo de empresa estatal norte-coreana (Eric Lafforgue/Acervo pessoal)

Alimentando a mamata, criou-se uma extensa rede de contrabando, apoiada pelos vizinhos e parceiros históricos Rússia e China. Para driblar a vigilância da comunidade internacional, criatividade não faltou para que o H2, por exemplo, chegasse às vazias ruas do país, onde automóveis são exclusivos a membros do governo e militares.

Uma das principais estratégias reside em explorar as brechas na fiscalização principalmente no remoto extremo leste russo, onde os países se encontram e se conectam por vias férreas. Ainda que a Rússia vete a exportação de veículos mais caros que R$ 213.665,94, é de lá que vêm parte do fornecimento ilícito, fiscalizado por scanners da década de 1950, importados da extinta Checoslováquia.

A análise de mais de 60 milhões de registros aduaneiros dão conta que, por falhas na fiscalização, centenas de carros de marcas premium, como Lexus e Mercedes-Benz, entraram na Coreia recentemente. Como as informações alfandegárias chinesas são escassas, a conta total tende a ser dezenas de vezes maior.

Fronteira Russia Coreia do Norte
Ponte férrea sobre o rio Tumen, que liga a russa Khasan (direita) ao vilarejo de Tumangang, é rota de centenas de carros luxuosos (CNES/Airbus/Google Earth)

O mar também é usado para contrabandear carrões, e um pouco desse modus operandi foi revelado há dez anos, quando duas limusines Mercedes-Benz S600, altamente blindadas nos EUA, foram enviadas por navio à China. 

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A encomenda que poderia ser facilmente destinada a um magnata local se tornou suspeita quando o despachante exigiu que as baterias dos carros não fossem desconectadas, violando regras de segurança marítima. O pedido era importante pois, como a religação da energia exige configuração de técnicos da Mercedes, seria impossível fazê-la no regime de Kim. A suspeita se confirmou após alguns meses, quando os carros transladados surgiram em imagens da imprensa estatal.

Lexus LX570 Coreia do Norte
O Lexus LX570 da foto custa mais de 150 anos de salário médio do norte-coreano (Tom Ibocaj/Facebook)

Caso semelhante ocorreu quando um navio DN5505, de bandeira togolesa, foi apreendido na costa da Coreia do Sul, após desligar seus radares e viajar sem registros por 18 dias. O blecaute ocorreu quando a embarcação seguia para a Rússia, terminando quando o barco rumava ao sul da península.

Quase toda a carga era composta de carvão mineral, mas os registros de bordo mostravam mais duas S600, embarcadas na partida do DN5505 de Roterdã. As autoridades, claro, não acharam os carros e tampouco registros de atracamento em portos russos. Surpreendendo um total de zero pessoa, dois modelos idênticos surgiram na comitiva de Kim Jong-Un pouco depois.

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Abastecendo a frota

Frota de Mercedes em Pyongyang
Poderia ser Stuttgart, mas é Pyongyang (Reprodução/Facebook)

Se manter o tanque de um Hummer cheio já é desafiador em países abertos, na Coreia do Norte é tarefa quase impossível. Como não adianta importar veículos para deixá-los parados, a criatividade também foi usada no transporte aéreo.

A descoberta de um dos possíveis métodos de contrabando foi por acaso, quando fotos tiradas por turistas antes de entregarem seus celulares à imigração no aeroporto da capital mostraram os Boeing 737 da Air China sendo, aparentemente, reabastecidos no pátio.

Aparentemente inofensiva, foto de um 737 da Air China (aparentemente) reabastecendo em Pyongyang deu pistas de como o regime importa sua demanda por combustível
A foto era do avião sul-coreano ao fundo mas acabou revelando, em primeiro plano, um suposto esquema de contrabando (Reprodução/NK Pro)

Como os aviões possuem autonomia para fazer ida e volta com apenas um tanque e, devido à escassez, o combustível norte-coreano é extremamente caro, levantou-se a hipótese de que, na verdade, os voos comerciais também serviam para abastecer o regime em segredo.

Não há perspectivas de que Pyongyang abrirá mão, em curto prazo, do seu programa de mísseis balísticos intercontinentais, responsáveis pelas duras sanções. Desse modo, espere por cada vez mais “gambiarras” para abastecer o mercado de raridades do Paralelo 39 acima.

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